Geralmente, uma pessoa passa mais de um terço do seu dia no ambiente de trabalho, ou oito horas por dia. Por esse motivo, as condições de trabalho podem ter um efeito direto na saúde e no bem-estar dos trabalhadores.
Prova disso é que, de acordo com o último Anuário Estatístico da Previdência Social, em 2005 ocorreram cerca de 491 mil acidentes de trabalho e doenças ocupacionais notificadas, quase meio milhão de pessoas, e 2,7 mil mortes. Nesta sexta-feira, comemora-se o Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho.
Em relação aos anos anteriores, o número de acidentes de trabalho está aumentando. Em 2004, foram cerca de 466 mil acidentes, 24 mil a menos que 2005, e em 2003 foram cerca de 399 mil, quase 90 mil acidentes a menos.
Somente em junho deste ano, segundo o Boletim Estatístico da Previdência Social, foram pagos 29.290 benefícios acidentários, entre aposentadoria por invalidez (264), auxílio-doença (28.208) e auxílio-acidente de trabalho (818). O valor total pago apenas no mês de junho com problemas relacionados aos acidentes de trabalho soma R$ 20,7 milhões.
De acordo com o diretor do Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Rinaldo Marinho, esse aumento se deve a diversos fatores, entre eles o aumento do número de empregos formais no Brasil. Para se ter uma idéia, em todo o ano de 2003 foram admitidos com carteira assinada 9,8 milhões de trabalhadores. Em 2004, esse número subiu para 11,2 milhões e em 2005, para 12,1 milhões, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
"Há um maior número de trabalhadores expostos, conseqüentemente um maior número de acidentes de trabalho", explica Rinaldo. Outro fator seria o aumento das fiscalizações do trabalho, e conseqüentemente do número de notificações de acidentes de trabalho. Uma terceira razão seria a melhoria da rede de atenção à saúde do trabalhador do Ministério da Saúde, com profissionais capacitados para reconhecer os casos que são acidentes de trabalho.
Para ajudar os médicos a identificar os acidentes de trabalho e tratar adequadamente as vítimas, o Ministério da Saúde lançou em abril deste ano seis Protocolos de Atenção à Saúde do Trabalhador. As publicações abordam acidentes de trabalho fatais, graves e com crianças e adolescentes; por exposição ao chumbo metálico; perda de audição por ruído; doenças causadas por exposição à poeira; por exposição ao benzeno e doenças de pele ocupacionais.
"O trabalhador em saúde já está obtendo conhecimentos para poder fazer o reconhecimento dos quadros que são atendidos pelo SUS em relação ao trabalho que o usuário exerce. Os protocolos continuam sendo distribuídos para todos os estados do país, e ao longo deste ano estamos programando capacitações no país inteiro", afirma o coordenador da Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Marco Antônio Perez.
Segundo Perez, o SUS também vem implantando a Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast), uma rede de serviços, tanto estaduais quanto municipais, que estão sendo habilitados para dar assistência técnica na área de saúde pública, nas questões de saúde do trabalhador, acidentes, doenças do trabalho, prevenção e promoção. Atualmente, existem 150 Centros de Referência de Saúde do Trabalhador (CRST) em todos os estados brasileiros.
ABr