Londrina

Taxista é inocentado após 11 meses de prisão

22 mai 2003 às 10:35

O taxista Valmir Souza, 23 anos, trabalhou livremente até a noite de 22 de junho do ano passado.

Naquela data, ele recebeu uma ''chamada'' que iria marcar sua vida para sempre.


Enquanto rodava com um cliente foi parado por uma equipe de policiais militares, que acabou encontrando uma bolsa recheada com 17,8 quilos de maconha no carro.


Mesmo negando envolvimento com o passageiro e com a droga, o taxista foi preso acusado de tráfico.


Ele foi privado da liberdade por 11 meses até conseguir provar sua inocência e ser solto nesta quarta-feira por ordem da Justiça.


Da porta da Casa de Custódia de Londrina (CCL), Souza sorriu ao dar os primeiros passos e avistar o amigo e também taxista, Djalma Gabriel, 43 anos.


Após o reencontro, ele falou que passou todo o tempo ''só pensando na liberdade perdida''.


''Sempre neguei, mas a Justiça tinha dúvidas porque ele (passageiro) me acusava'', disse o rapaz, que nunca tinha entrado em uma delegacia.


Souza contou que na noite em que foi preso, pegou o cliente na avenida São João (zona leste).


Na avenida Tiradentes (zona oeste), o passageiro pediu que parasse em um trecho onde já havia outro carro.


Logo em seguida, o taxista observou que estava sendo seguido por uma viatura da PM.


''Quando percebeu a polícia, ele (passageiro) ficou assustado e gritou para eu não parar'', afirmou.


Pouco tempo depois, ele decidiu estacionar o veículo. Durante a revista, os policiais localizaram a droga.


Como o cliente não assumiu a posse, os dois foram presos em flagrante.


Souza passou sete meses no 4º Distrito Policial e mais quatro na CCL, dividindo cela com um homicida e três assaltantes.


Foi quando seu advogado, André Luiz Salvador, conseguiu uma fita de um programa de TV, em que o passageiro admitia ser o dono da droga.


A fita passou por uma perícia e foi aceita como prova de inocência pela Justiça.
Livre da prisão, ele disse que passou muita humillhação na CCL, principalmente com relação ao trato de alguns agentes.


Já entre os companheiros de cela, o tratamento foi de companheirismo.


''Isso não vai se apagar nunca mais. Vai ficar para sempre marcado na minha cabeça'', comentou Souza, que depois de matar a saudade dos pais pretende voltar a trabalhar como taxista.

Ele ainda não decidiu se entrará com alguma ação contra o Estado.


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