O prefeito Alexandre Kireeff e a secretária municipal de Cultura, Solange Batigliana, assinaram nesta quinta-feira (22) o primeiro registro no Livro do Tombo Municipal, que foi o assento do tombamento do prédio da antiga Casa da Criança. Na oportunidade, as autoridades também assinaram a primeira inscrição na listagem de bens de preservação do município, com a expressão "Pé Vermelho".
O prédio tombado é a sede da Secretaria Municipal de Cultura, e denominado Antiga Casa da Criança. Para o prefeito, trata-se de um edifício que tem um valor arquitetônico reconhecido nacionalmente e uma trajetória histórica importantíssima para a cidade.
"O tombamento vai na direção de preservar nosso patrimônio material e imaterial e dá sequência ao trabalho de restauração do prédio. Toda a manutenção tem que seguir o
projeto e o padrão de acabamento originais. Com isso, eventuais intervenções estão proibidas. O processo agora será de manutenção do projeto e da execução original", ressaltou.
Para a secretária de Cultura, o tombamento foi importante, por se tratar de um prédio notório projetado por arquitetos extremamente significativos para a arquitetura moderna brasileira durante a década de 1950. Por esse motivo, o local é visitado por diversos alunos de engenharia e arquitetura de várias instituições de ensino superior.
"Este é o primeiro tombamento de prédio municipal com base na Lei Municipal 11.188/11. Ele foi restaurado e entregue em março deste ano e representa muito para nossa cidade, por ser um bem significativo de uma arquitetura de um tempo e de um momento, por também um bem que durante tanto tempo foi modificado e mau tratado. Temos, hoje, ele devolvido para a cidade e o tombamento vem chancelar que esse espaço não poderá mais sofrer qualquer alteração", explicou.
Segundo a diretora de Patrimônio Histórico e Cultural de Londrina, Vanda de Moraes, o processo de tombamento começou a pedido do prefeito Alexandre Kireeff, em 11 de agosto deste ano. Para isso, foi necessário que ele passasse por diversas etapas como, por exemplo, pelo aval do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e pelo crivo da Secretaria Municipal de Cultura. Agora, Kireeff receberá a notificação do processo finalizado.
"A inscrição no livro do tombo é importante, porque a partir de agora o bem fica protegido através das prerrogativas de tombamento histórico e passa a incidir sobre ele a proteção mais rigorosa. O bem não poderá ser demolido ou descaracterizado, e qualquer outra modificação ou reforma, que nele se deseje realizar, precisará preceder ao órgão de Patrimônio Histórico e Cultural Municipal", explicou a diretora.
Histórico
A antiga Casa da Criança foi projetada pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, em 1950. Com a restauração, o prédio volta a medir cerca de 1.200 metros quadrados construídos e a contar com três pavimentos, onde estão espalhados 11 ambientes.
Ele já foi sede da Biblioteca Pública Municipal, da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, do Departamento de Cultura e, por fim, de 1992 até 2010, da Secretaria de Cultura. Em abril deste ano, foi entregue a obra de restauro. Ela foi realizada com recursos próprios da Prefeitura, que investiu R$ 1.868.220,91. Trata-se da primeira restauração de edificação em Londrina bancada integralmente pelo município.
Pé Vermelho
Além do tombamento, Kireeff anunciou que a expressão "Pé Vermelho" passa a ser a primeira inscrição na listagem de Bens de Preservação do Município. A secretária municipal de Cultural explicou que normalmente a questão da preservação patrimonial refere-se aos bens
materiais como prédios públicos e objetos. Já o patrimônio imaterial relaciona-se com a memória e o afeto de um povo, que é o caso da expressão "Pé Vermelho".
"A expressão `Pé Vermelho´ foi inscrita numa lista como a primeira manifestação imaterial registrada como algo legitimamente londrinense e reconhecida historicamente como pertencente a nossa população. Todos nós somos pés vermelhos", concluiu o prefeito.
Para Solange, a expressão que antes simbolizava o povo do interior que chegava à cidade grande, hoje é motivo de orgulho para a população que aqui vive.
"Ser pé vermelho é significativo para muitas pessoas e é um símbolo muito usado aqui na nossa cidade. É importante que isso seja elevado a categoria de patrimônio da nossa cidade, porque ele é reconhecido como memória e faz parte do nosso patrimônio afetivo. É importante
para que registremos nossa história, memória e patrimônio", concluiu Solange.