Ana Carolina Teixeira, 22 anos, está no sexto mês de gestação, espera ansiosa o primeiro filho. Portadora de hepatite, ela tem uma gravidez de risco. Durante uma viagem na Linha 313 (Jardim Maria Lúcia), Ana Carolina sentiu fortes contrações dentro do ônibus, o que deixou passageiros apreensivos.
No Terminal Central, a gestante recebeu ajuda para deixar o coletivo e amparo de funcionários. No chão, gemendo de dor, as pessoas tentaram chamar um médico para atendê-la. O Samu foi acionado, mas nenhuma ambulância apareceu. Sensibilizado com a situação, o chefe da vigilância do Terminal Urbano tentou resolver o problema. Dejalma dos Santos colocou a gestante dentro do próprio carro e foi em direção ao Hospital Universitário de Londrina. "Ela berrava de dor. Fui obrigado a colocá-la no meu carro depois que eu liguei seis vezes no Samu e nenhuma ambulância apareceu", disse.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência passa por um sério problema. Das 12 ambulâncias, apenas duas estão rodando. As demais seguem paradas à espera de conserto. O responsável pelo serviço (Ciap) deixou de pagar pela manutenção das viaturas depois que a prefeitura fez o repasse do dinheiro em juízo, alegando falta de documentos do prestador de serviço.
No entanto, o martírio de Ana Carolina Teixeira não havia terminado. No HU, mais descaso. A gestante não foi atendida de prontidão. "Falei sobre o problema e ela sequer foi colocada em uma maca", contou. A gestante teve que esperar pelo atendimento em pé na porta do Pronto-Socorro. "Ela não conseguia sentar devido às dores e teve que ficar em pé", relatou.
Ana Carolina Teixeira foi internada por volta das 17h15. O Samu está com apenas duas ambulâncias para prestar atendimento em Londrina. Hoje, a 17ª Regional de Saúde repassou mais dois veículos para o Samu, na tentativa de amenizar o problema. A promotoria pública já abriu um procedimento administrativo cobrando providências do gestor municipal.