O carnaval de rua de Londrina deste ano terá as bênçãos do orixá Ogum. Isso porque, pela primeira vez, foi formado um bloco de afoxé que irá abrir os desfiles das escolas de samba no sábado e domingo. Os integrantes cerca de 40 pessoas, entre homens e mulheres vão levar para a avenida um pouco da tradição afro através de execução principalmente do ijexá, ritmo ligado à mitologia do candomblé.
Foram 40 dias de preparativos, entre pesquisas e ensaios coordenados pelos ogans Edson Logun e Flávio de Ogum, Arundo Terceiro, professor de oficina de danças do projeto Pro-Ranti, e pela ialorixá Ya Mukumby, a mais famosa e respeitada mãe-de-santo de Londrina.
O Afoxé de Ogum segue à risca as tradições afro-brasileiras, ou seja, apenas os homens podem tocar os principais instrumentos de percussão, timbais e atabaques. Às mulheres é permitido tocar apenas instrumentos que não utilizam o couro, como o agogô e abê (cabaças cobertas com contas e que emitem sons percussivos).
Chama-se Afoxé de Ogum por ter sua origem no terreiro de candomblé Ilê Axé Ogum Mêge, de Yá Mukumby como manda a tradição, o bloco recebe o nome do santo do dono da casa. ''Qualquer pessoa pode montar um afoxé, mas para manter a tradição afro é preciso estar ligado ao candomblé'', explica a ialorixá. Na passagem do bloco, serão reverenciados, além de Ogum, os orixás Iansã (que também faz parte da casa de santo), Oxalá (que dá cobertura a tudo) e Oxum (divindade ''dona'' do ritmo).