A Secretaria Municipal de Agricultura reduziu em 25% o número de refeições servidas no Restaurante Popular de Londrina. Das mil refeições (990 para o restaurante e outras 10 para a assistência social) que eram servidas diariamente, o número caiu para 750. Apesar da assessoria da prefeitura informar que a redução da oferta não interferiu no atendimento dos usuários, a reportagem ouviu relatos de pessoas que já ficaram sem comer em função dessa limitação.
Segundo o agricultor Miguel Maziero, de 59 anos, que frequenta o RP com regularidade, muitas pessoas chegam e encontram as vendas das refeições encerradas. "O povo faz fila aqui para não perder essa refeição, mas muitos não conseguem", lamenta. A administração do restaurante afixou um cartaz na entrada avisando sobre o limite no número de refeições, porém, alguns frequentadores mais idosos não entendem e precisam ser orientados por um funcionário.
Vale ressaltar que aproximadamente 55% dos frequentadores são formados por idosos, acima de 60 anos, segundo informações da secretaria. São pessoas como a professora aposentada Irene Romeu, de 90 anos. "Eu gosto de tudo, dos atendentes, da comida. Sou sozinha e meu sobrinho trabalha fora. Sempre venho cedo para conseguir lugar e não perder a refeição", afirmou.
Leia mais:
Apesar dos problemas na rodoviária de Londrina, comerciantes desaprovam concessão pública
Feto é encontrado nas grades de limpeza de estação de tratamento da Sanepar em Londrina
Longa inspirado no histórico assalto ao Banestado terá Murilo Benício e Christian Malheiros no elenco
Filho de autor de atentado em Brasília presta depoimento à PF em Londrina
Já o motorista aposentado Milton Mandanini, de 87, frequenta o restaurante há cinco meses. "Eu moro em Cambé (Região Metropolitana de Londrina) e venho aqui só para comer. Com esse preço (R$ 2) compensa. Não pago ônibus para ir e voltar", ressaltou, explicando que essa medida ajuda a economizar – ele recebe apenas R$ 880 por mês. "Moro sozinho e é mais prático do que preparar a refeição. É muito barato e dá para passear um pouco para distrair", apontou.
A também aposentada Benedita Poltronieri, de 78, afirma que sua saúde melhorou quando passou a se alimentar no Restaurante Popular. "Eu tinha problema de pressão alta e só de fazer a refeição aqui emagreci e melhorei, porque a refeição é balanceada", afirmou. Segundo dados da secretaria, os estudantes representam 8% dos frequentadores e cerca de 37% são comerciários ou transeuntes esporádicos.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Vitor Santos Junior, afirmou que o corte nas refeições foi em função da crise que assola o País, que resultou na queda de arrecadação do município e obrigou a prefeitura a realizar cortes de 30% no orçamento previsto para este ano. "O orçamento livre da secretaria era de R$ 2,4 milhões ano. Em janeiro, em função da situação econômica do País, houve contingenciamento de R$ 720 mil. Ficamos com R$ 1,68 milhão. Só o restaurante exigiria R$ 1,26 milhão e sobrariam apenas R$ 420 mil para tocar a secretaria o ano todo", justificou. Ele acrescentou que houve o agravante da chuva excessiva de janeiro. "Tivemos custos extras para colocar as estradas rurais em ordem."
Santos Junior afirmou que em janeiro vencerá o contrato com a empresa responsável pela elaboração das refeições. Ele pretende estudar modelos como o da cidade de Toledo (Oeste), que possui oito restaurantes populares.
O Restaurante Popular fica na Rua João Cândido, ao lado do Terminal Urbano de Transporte Coletivo.