Neste domingo, na Universidade Estadual de Londrina, o clima de desconfiança tomou conta de boa parte dos mais de 400 alunos de Direito que realizaram a nova prova para o preenchimento de 27 vagas ofertadas para transferência externa.
O teste do dia 18 de maio foi cancelado pela reitora Lygia Puppato depois que uma comissão interna verificou irregularidades que teriam beneficiado três candidatos.
Descontente com o segundo exame, a estudante londrinense Ana Paula Furlan de Carvalho, 19, foi taxativa: ''Acredito que ainda pode haver fraude'', afirmou. Sua amiga Amanda Coutinho Rabello, 20, tampouco se mostrou otimista: ''A confiança que tínhamos na instituição praticamente se foi'', concluiu.
Para o policial militar Sanderson Cavalcanti dos Santos, 26, que também concorre a uma das vagas, o processo seletivo ainda não é suficientemente claro. ''Se as tais irregularidades tivessem sido menos explícitas, duvido que a UEL não teria homologado o resultado'', sentenciou. Ele se refere ao fato de os três alunos investigados terem tirado a nota máxima (dez) em um um concurso cuja média dos concorrentes ficou em 4,57%. Dois deles eram parentes, de modo que uma é filha de um professor de Direito Público da UEL investigado em processo administrativo disciplinar.
Segundo o coordenador pedagógico da Comissão Permanente de Seleção (Copese) - responsável pela aplicação das provas, Luiz Rogério Oliveira da Silva, os alunos não têm com o que se preocupar, já que, ele explica, desta vez a prova não passou por membros do colegiado nem do departamento. ''A Copese convidou um grupo de profissionais de Direito daqui de Londrina para a elaboração do exame'', afirmou.
Ele mantém sigilo sobre nomes e número de integrantes dessa comissão, mas adianta que se trata de ''pessoas de reputação inquestionável e ligadas à causa da instituição''.
Sobre as reclamações de alguns candidatos quanto à participação nesta segunda prova dos três que gabaritaram a primeira, o coordenador revelou que, na última quinta-feira, eles solicitaram que fossem excluídos do processo seletivo, por não concordarem com ele. Isso não pôde ser feito, já que as listas de presença e o ensalamento já estavam definidos. ''Até gostaríamos que eles voltassem, para confirmar a nota 10'', disse.
O presidente da Copese, Jairo Queiroz Pacheco, é cauteloso ao comentar as investigações da comissão que apura se houve mesmo fraude no primeiro concurso. Ainda não foi definida uma data para a apresentação de resultados, mas, de acordo com ele, nesse caso, ''exatidão e serenidade importam mais que rapidez'', definiu.
A Copese informou que a lista com os 27 aprovados será divulgada no dia 2 de julho, até às 18 horas.