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Acusado de estupro em Londrina

Mulheres relatam abusos sexuais de fisioterapeuta preso

Fernanda Circhia - Reportagem Local
13 fev 2019 às 19:00

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- Shutterstock
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O fisioterapeuta Tadeu Procópio Bueno Júnior, de 34 anos, foi preso preventivamente no último dia 20 de dezembro de 2018 acusado de crime de estupro em Londrina. Após a prisão e a reportagem publicada pelo Bonde em 28 de dezembro sobre o caso, a advogada de acusação Bárbara Garla Stegmann relatou que mais mulheres a procuraram para falar sobre situações semelhantes que teriam passado com o fisioterapeuta. Procópio está na unidade 1 da PEL (Penitenciária Estadual de Londrina).


"A partir da divulgação pela imprensa da prisão do réu e, com isso, a vinculação do meu nome como advogada de uma das vítimas, algumas outras vítimas começaram a me procurar. Seja me adicionando no Facebook, pegando meu contato no Instagram ou entrando em contato com amigos ou conhecidos pedindo meu telefone. Essas vítimas chegavam até mim e diziam: Aconteceu a mesma coisa comigo'. E a partir de então elas compartilharam as histórias delas, falavam o que aconteceu e explicavam que alguns fatos são de 2011, outros de 2014 e alguns mais recentes de 2018", conta a advogada.

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Conforme Stegmann, as vítimas afirmam que ficaram caladas porque achavam que ninguém acreditaria nelas, que ficariam com vergonha e/ou sentiriam culpa. "Foram aparecendo mais mulheres a cada dia contando suas histórias e também pessoas que conheciam alguém que havia passado pela mesma situação", relata. Até esta quarta-feira (13), a advogada conseguiu mapear 12 vítimas que afirmaram terem passado por situações similares com o mesmo acusado. "Oito delas conversaram pessoalmente comigo e dividiram suas histórias com detalhes", apresenta.

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Algumas delas, segundo a advogada, o réu nem conhecia e foi por meio de caronas, nas quais ele teria desviado o caminho, que as conduziu para seu apartamento. "Outras eram ex-namoradas, que teoricamente, não teria porquê haver violência sexual, mas mesmo assim elas relataram que o réu ministrava drogas sem o conhecimento delas, misturando com bebida e até com comida para que fosse feito o que ele quisesse. Outras conheciam ele, mas não eram próximas. Resolveram sair com ele apenas para um barzinho e, de repente, a história evoluiu de uma forma que elas não queriam. A partir dessas histórias foi possível ver que ele seguia um modus operandi, que acaba sendo o modus operandi de um abusador de crimes sexuais", avalia.

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No entanto, de acordo com Stegmann, "talvez o mais importante de tudo isso é que essas meninas tomaram coragem de falar porque viram a força de uma outra menina falando". Segundo as mulheres relataram à advogada, ver uma outra vítima falando sobre a violência que também tinham sofrido, fez nascer nelas uma força que elas nem sabiam que tinham. "Essas vítimas relatam inúmeros motivos que as fizeram ficar caladas durante todo esse tempo, seja por medo do réu, medo de ficar estigmatizada de alguma forma e medo de ser tratada como se fosse culpada. Elas procuravam motivos por ter acontecido com elas o que aconteceu, tinham medo de que não acreditassem nelas, medo da exposição e uma sequência de pensamentos que fizeram elas ficarem caladas. Mas, com a prisão do réu, elas sentiram que haveria uma possibilidade de justiça e resolveram contas suas histórias", ressalta.


Mas, conforme a advogada, é muito comum nos casos de estupro as pessoas voltarem para as vítimas e não para o réu. "As pessoas questionam o que a vítima estava vestindo, bebendo, o que ela estava fazendo na rua aquela hora, porque ela pegou uma carona, porque ela beijou a pessoa, quando nada disso importa. É plenamente possível a caracterização de estupro se a pessoa é namorada ou é casada. Ou se ficou com o menino na balada, pegou uma carona, mas não queria relação sexual e foi forçada a isso. A partir do momento que houve a falta de consentimento e que a vítima disse que não queria manter relações sexuais, pouco importa o que ela estava fazendo antes", explica.

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"Em um crime tão grave e reprovável socialmente e moralmente como esse, as vítimas devem ser tratadas como vítimas. Só assim criarão forças para verem que não são culpadas. Essa cultura do silêncio poderá chegar ao fim quando a sociedade proteger as vítimas e mostrar que as palavras delas têm valor", acrescenta.


Confira relatos das mulheres que conversaram com o Portal Bonde

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Além da mulher que denunciou o caso em novembro de 2018, o qual levou a prisão do fisioterapeuta em 20 de dezembro do mesmo ano, outras mulheres conversaram com a reportagem do Bonde e contaram suas histórias. Em dezembro, quando a primeira reportagem foi veiculada, a vítima relatou que estava em uma boate da cidade com outros amigos, mas nem ele e nem os amigos se conheciam. "A amiga dela foi embora com um amigo dele, ela [vítima] ia chamar um Uber e ele [Tadeu Procópio] ofereceu uma carona. Ela o conhecia de vista e achou que não teria problema. Mas ao invés de seguir para a casa dela, ele desviou o caminho e parou para comprar droga no meio do nada e, em seguida, foi para a casa dele", conta a advogada. "Não houve paquera entre eles na boate. Foi apenas uma carona", acrescentou.


Conforme Stegmann, a violência começou quando chegaram à casa do fisioterapeuta e ele não queria emprestar o celular para que ela chamasse um Uber. "O celular dela caiu no meio da boate e quebrou o touch. E durante a violência e o estupro, o celular dela estava tocando, apesar dela não conseguir usá-lo, ele estava recebendo ligações normalmente. E neste momento ele jogou a bolsa dela pra longe para que não pudesse ter acesso ao celular. Na hora de ir embora, após horas de abuso, ela chamou um Uber do celular dele", explicou.

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Na ocasião, a advogada informou que sua cliente foi até a Delegacia da Mulher e também ao MP (Ministério Público), além de ter passado por exames no IML (Instituto Médico-Legal) de Londrina e por atendimento médico. Após essas medidas, o MP entendeu que era um caso de pedir a prisão preventiva pela gravidade do caso e também por ter indícios suficientes do crime de estupro, de acordo com Stegmann.


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Sobre as acusações, o advogado de defesa Josafar Augusto da Silva Guimarães disse à reportagem em dezembro que elas são injustas. "A pessoa estaria bêbada e foi uma relação sexual normal, com consentimento. Não houve violência e os laudos vão mostrar isso também. Em breve vamos provar a inocência dele", declarou.


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