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Marcas do tempo

Mercado Shangri-lá comemora 56 anos de história marcados por memórias e sabores

Jéssica Sabbadini - Especial para a Folha
17 set 2024 às 13:45
- Sérgio Ranalli

Cada cantinho do Mercado Municipal Shangri-lá desperta as mais variadas memórias. Pelos corredores, a mistura de aromas, sabores e texturas atrai uma fiel clientela há décadas. 


As variedades de pães, carnes, queijos, frutas, legumes e outras tantas opções fazem o mercado ser destaque em toda a região, já que tem que cliente que roda quilômetros só para comprar um vinho para uma ocasião especial ou aquele panetone de final de ano. Tudo isso porque a qualidade dos produtos é um diferencial à parte, pensada para agradar os paladares mais exigentes.



E são os aromas e sabores que ajudam a contar um pouco da história de um lugar que tem muita tradição. A vida de cada um dos 32 lojistas se mistura, de alguma forma, com a do mercado, como no caso de Antônio Tomio Furuta, 72, presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Municipal Shangri-lá. 


O empresário saiu da zona rural de Assaí (Região Metropolitana de Londrina) com destino à Londrina em 1962 junto com toda a família, já que a vontade do pai era de que os filhos tivessem a oportunidade de estudar.


"PORTINHA"


Em Londrina, começaram a trabalhar como comerciantes nas mais diversas feiras da cidade, que resistem até os dias de hoje. Em 1968, o prefeito da cidade, na época, José Hosken de Novaes, convidou os feirantes a ocuparem os corredores do que é hoje o Mercado Municipal Shangri-lá. Cada feirante, conta Furuta, recebeu uma “portinha”, inaugurando oficialmente o mercado no dia 02 de março daquele ano.


Naquela época, os arredores ainda eram tomados pelas plantações de café. Adaptando o ditado: "era tudo café". Agora, a zona oeste é uma das mais industrializadas e desenvolvidas de Londrina, lar de dezenas de milhares de pessoas.


FRUTAS, VERDURAS E LEGUMES


No início, o Mercado Shangri-lá comercializa mais frutas, verduras e legumes. “Era o que sobrava das feiras de rua”, conta. Depois, com o passar dos anos, o cenário foi mudando, com os grãos ganhando espaço e clientela. Como eram poucos mercados na época, o Shangri-lá era o ponto de encontro.



Hoje, Furuta conta que o perfil do mercado precisou se adaptar com a expansão dos supermercados em Londrina. Ele explica que o local é lar de produtos importados, como os queijos, o bacalhau, o azeite, todos de ótima qualidade.


Para os lojistas, é gratificante ouvir de um cliente que foi ali que ele encontrou o produto que tanto procurava. O que não tem, segundo o empresário, os comerciantes buscam em São Paulo, já que a cada 15 dias vão para lá para trazer novidades e preencher o estoque. Ao fim do dia, fidelizar e agradar o cliente é o que importa.


As viagens que fez ao redor do mundo e o conforto que pôde dar à família só foram possíveis graças ao mercado. “Tudo o que nós vivenciamos saiu daqui”, afirma. Para ele, o mercado é sua vida. “Todo dia eu venho trabalhar como se fosse o primeiro”, conta.



O Mercado Municipal Shangri-lá tem diversas opções de produtos da culinária nordestina, assim como da italiana e japonesa, o que agrada os mais variados perfis de consumidores. Para os amantes dos queijos e vinhos, das frutas cristalizadas ou de um sushi fresquinho, o mercado é o lugar certo.


Com uma clientela fiel e que se renova ano após ano, geração após geração, o mercado está no coração de muitos londrinenses. “Aqui somos uma grande família”, afirma. O calor humano e o aconchego são as principais características do Shangri-lá, o que atrai e cativa quem quer que ponha os pés ali, seja para fazer uma compra ou colocar o papo em dia.



Aos domingos, é comum o encontro de amigos e familiares no Assada e Cia, que também nasceu junto com o mercado, lá em 1968. O carro chefe? Um chopp gelado e o bolinho de carne mais famoso da região. No comando do negócio, o empresário Rafael Moreno, 37, garante que os pasteis e as refeições também não ficam atrás. 


“O mercado Shangri-lá é muito tradicional, várias famílias londrinenses têm a rotina de passar por aqui toda a semana. Sem dúvidas é um espaço de lazer, principalmente para a alimentação”, garante.



No coração e na história de Londrina, para ele o mercado é um patrimônio cultural da cidade. “A história de vários londrinenses passa por aqui”, afirma. Com tamanha bagagem, o empresário cobra do poder público municipal ações para modernização do imóvel, tornando-o ainda mais atraente para o londrinense e para as pessoas que visitam a cidade. 


A história do Mercado Municipal Shangri-lá faz parte do "Especial Marcas do Tempo", projeto da FOLHA em comemoração aos 90 anos de Londrina. 


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