Londrinenses, pés-vermelhos, torcida alviceleste. Existem inúmeras formas de se traduzir o que é nascer em contato com a terra roxa que só Londrina tem. Mas será que só quem nasce aqui pode ser chamado dessa maneira?
Com uma população famosa pela simpatia e carisma, a cidade de Londrina, que completa 83 anos neste domingo (10), recebe, anualmente, centenas (e talvez milhares) de imigrantes, vindos de diversas regiões do Estado, país e mundo, como é o caso da família de Erondina Campos. Em 1977, Erondina, hoje com 94 anos, e o esposo, João Pedroso, já falecido, vieram para a cidade em busca de mais qualidade de vida para a filha caçula, Laiz, que possui síndrome de down.
"Nós morávamos em Cascavel e sempre assistíamos aos jornais de Londrina. Eles mostravam reportagens sobre o Ilece [Instituto Londrinense de Educação para Crianças Excepcionais]. Em Cascavel, a educação especial ainda estava só iniciando. Foi aí surgiu a ideia de nos mudarmos para cá, para colocarmos a Laiz em uma escola mais estruturada", conta Anaíde Campos, uma das filhas do casal.
A mudança, que em 2017 completou 40 anos, trouxe, na opinião de Anaíde, muitos frutos positivos. "Por mim a mudança valeu muito a pena. Eu já estava empolgada para vir, e não me arrependi disso. Até para arrumar trabalho foi rapidinho. Londrina tem tudo de bom que a gente precisa."
A jornalista Bruna Ferrari é outro exemplo de migração. Bruna saiu de sua cidade natal, Itapetininga (SP), em 2011, para estudar na Universidade Estadual de Londrina (UEL). "Quando vim prestar vestibular, foi a primeira vez que vim pra Londrina. Fiquei encantada com a cidade", relembra a jornalista.
Hoje, três anos depois, Bruna não tem mais a intenção de sair da pequena Londres. "Quando terminei a faculdade, em 2014, não quis mais ir embora. Ainda tenho vontade de viajar, alguns planos nesse sentido, mas nada que me motive a sair de Londrina. Gosto muito da cidade, acho que é uma cidade gostosa para morar. Até brinco que gostaria de trazer minha família toda pra cá."
Logo ali, depois do oceano
8.580 km: essa é a distância aproximada entre o Brasil e o Zimbábue, país localizado ao sul da África, terra natal de Tino Mangwiza. Antes de chegar ao Brasil, porém, Tino cursou faculdade nos Estados Unidos e passou um tempo trabalhando na Inglaterra. Foi enquanto era universitário que o
zimbabuense conheceu a londrinense Jules Spoladore, com quem se casou em 2008.
O casal Tino e Jules na Vila Olímpica, no Rio de Janeiro
O casal voltou para o Brasil em 2015, durante as Olimpíadas. "Fomos para o Rio de Janeiro, onde trabalhamos nas Olimpíadas e Paraolimpíadas. Em novembro de 2016 mudamos para Londrina. Um dos motivos para voltarmos foi para ficarmos mais perto da minha mãe, que está envelhecendo, mas também para poder compartilharmos nossa experiência de viver fora do Brasil", conta Jules. O casal, hoje, tem um negócio próprio que envolve o compartilhamento de experiências em inglês.
Sobre as impressões de Londrina, Tino se diz muito satisfeito com as opções que a cidade oferece. "Londrina é uma ótima cidade. Adoro as pessoas, a comida e o constante crescimento da diversidade cultural. O tamanho da cidade é excelente. Não é grande, nem muito pequena. Meu lugar favorito é o Lago Igapó. Passo muito tempo lá me exercitando, apreciando o pôr-do-sol e aproveitando a natureza."