Londrina

Londrina: Tráfico e prostituição assustam motoristas

06 jun 2009 às 08:24

Os vidros do carro fechados e a velocidade reduzida antes de chegar ao semáforo revelam o medo dos motoristas no cruzamento de algumas ruas e avenidas de Londrina. A prostituição e o tráfico de drogas ocupam calçadas, utilizadas também por pedintes - muitas vezes dependentes químicos - que abordam os veículos em busca de dinheiro rápido. O movimento maior é à noite. Em alguns locais, porém, os riscos permanecem quando chega o dia.

O cruzamento da Rua Ouro Preto com a Aveninda Leste-Oeste, na Área Central, é um dos mais conhecidos pontos de tráfico e uso de drogas da região. ''Depois das 6 horas da tarde fica complicado passar. Além dos pedintes, as prostitutas também abordam os motoristas'', contou o mecânico Dalton Rafaeli. ''Fecho os vidros e controlo a velocidade para pegar o sinal aberto. Depois das 9 horas da noite, já cheguei a passar no sinal vermelho por medo'', disse.


Uma comerciante dos arredores que não quis se identificar afirmou que o local é perigoso durante todo o dia. ''Nossa segurança é bem reforçada, mas aconteceu de perdermos clientes que têm medo de estacionar por aqui.'' Ela já presenciou vários assaltos em frente ao estabelecimento e denunciou que nem mesmo a construção da Praça da Imigração no local coibiu a ação dos usuários de drogas. Segundo a comerciante, a polícia é chamada e comparece à região todos os dias, mas nem sempre consegue fazer flagrantes.


Outro ponto crítico citado por motoristas ouvidos pela reportagem é o sinaleiro que fica em frente ao Shopping Comtour, na Avenida Tiradentes (Zona Oeste). ''As abordagens dos carros são frequentes, inclusive por asssaltantes armados'', disse o taxista Marcos Calero, que trabalha no local e também já presenciou assaltos durante o dia às pessoas que esperam ônibus. Segundo ele, todos os semáforos da avenida oferecem riscos semelhantes, assim como algumas esquinas da Avenida Leste-Oeste.


Considerado um dos locais mais perigosos para motoristas e pedestres desavisados anos atrás, o cruzamento entre as avenidas Brasília e do Sol, próximo ao Jardim Leonor (Zona Oeste), já não assusta como antes. O comerciante Flavio Ono mantém em seu estabelecimento um sistema de segurança com porta eletrônica e alarme instalados na época dos assaltos frequentes, mas reconhece que o excesso de zelo já não é mais necessário.


Um outro comerciante que não quis se identificar atribuiu o atual ''sossego'' a um possível acordo entre as gangues que atuam no tráfico de drogas na região. ''Tem uma 'ordem' para que a paz seja mantida no bairro''. disse.


Abordagens recorrentes


O tenente Ricardo Eguedis, porta-voz do 5º Batalhão da Polícia Militar (5º BPM) reconhece que os pontos visitados pela reportagem são áreas onde há ''degradação por uso de drogas e prostituição''. Segundo ele, a polícia faz abordagens recorrentes nesses lugares e encaminha as pessoas com drogas ou cometendo crimes para as providências cabíveis.


Ele lembrou, entretanto, que os problemas enfrentados nessas regiões são relacionados ao uso de drogas, por isso a solução dependeria do encaminhamento dos dependentes para instituições especializadas. ''É também uma questão de saúde pública'', considerou.

Eguedis citou ainda a culpa da sociedade na manutenção do tráfico. Segundo ele, a população reclama dos usuários que ficam nas ruas, mas não questiona a postura do ''vizinho que fuma maconha'' ou dos homens que pagam às prostitutas por programas, dando-lhes condições de consumir produtos entorpecentes.


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