Cerca de 300 pessoas invadiram hoje (07/09) um terreno particular em frente ao Jardim São Jorge, na zona norte de Londrina. É a terceira invasão em Londrina neste ano. No início de maio, 105 famílias ocuparam um terreno público no Jardim Marieta, também na zona norte. Em julho, 43 famílias entraram numa área da Loteadora Tupy, na zona sul.
Hoje, cinco alqueires começaram a ser ocupados de madrugada por moradores do próprio Jardim São Jorge, Conjunto João Turquino e Jardim Marieta. ''Aqui tem gente até de São Paulo e Curitiba. Eu tenho casa e trabalho, mas estou guardando lugar para meu pai que é caminhoneiro em São Paulo e não quer mais pagar aluguel'', confessou um dos ocupantes, que usou o pseudônimo de Maurício.
Segundo ele, o arrendatário da área usou um trator e disparou tiros para inibir a ocupação, mas não teve sucesso. Durante a manhã, o arrendatário gradeava metade do terreno em que planta vassoura há cerca de um ano. O presidente da Federação de Assentamentos de Sem-Teto de Londrina e região, José Ricardo da Silva, disse que a ocupação vinha sendo preparada há três meses.
Maurício, um dos invasores, disse que a ocupação foi uma sugestão da Companhia de Habitação (Cohab) de Londrina, que pretende forçar uma negociação com a proprietária do terreno. ''Parece que ela tem dívidas com a prefeitura'', explicou. O comerciante Tony Karan é quem administra a área para a sogra Gertrudes Elwain.
Ele disse que soube da ameaça de ocupação na quinta-feira à noite e pediu apoio à Polícia Militar. ''Queria que a PM impedisse a ação, mas sem violência. Agora que o fato está consumado, vou tentar negociar a saída das famílias pessoalmente. Se não der certo, entrarei com pedido de reintegração de posse.'' Karan afirmou que o imóvel sempre foi produtivo e pela primeira vez é invadido. Ele reconheceu que tem dívidas com a prefeitura e admitiu a possibilidade de negociação. ''Tudo depende das propostas.''
De acordo com Maurício, a noite de ontem seria decisiva. O grupo temia a ação da Polícia Militar, mas não revelava de que forma reagiria. Ontem à tarde um policial informou à Folha que a PM não teria como agir sem um mandado de reintegração de posse. No meio da tarde, o número de famílias no terreno tinha aumentado bastante em relação à manhã. ''Nós entramos em 60 famílias, mas depois que as rádios começaram a dar a notícia, começou a chegar um monte de gente'', afirmou Claudinéia Veríssimo Oliveira.
Leia mais na reportagem de Betânia Rodrigues e Silvana Leão na Folha de Londrina/Folha do Paraná deste sábado