Na última quarta-feira (20), a Prefeitura de Londrina lançou a Campanha 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra a Mulher. A SMPM (Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres), e o 1°Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra as Mulheres são parceiros da campanha. Durante o período da iniciativa, os dois órgãos vão visitar escolas e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) para distribuir materiais informativos, promovendo o debate e conscientização sobre o que é violência contra a mulher e como combatê-la.
O destaque entre os materiais de conscientização é a “Cartilha Adolescente da Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher: Para Entender sobre o Assunto”. Elaborada pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, ela traz as informações com uma linguagem acessível e bem apresentada visualmente.
As equipes da Prefeitura e do Juizado já iniciaram as visitas. “Estas campanhas são importantes porque durante esses 21 dias vamos levar material informativo para toda a cidade. Esse trabalho intensificado de conscientização e informação é necessário para que as mulheres reconheçam o ato violento e se sintam seguras para denunciar”, afirma Cláudia Andrea Bertolla Alves, Juíza Titular do 1º Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra as Mulheres da Comarca de Londrina.
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Enfrentamento conjunto
A secretária municipal de Politicas para as Mulheres, Liange Doy Fernandes, explica que a campanha dos 21 Dias de Ativismo tem como objetivo atrair a atenção dos órgãos públicos e sociedade para o enfrentamento conjunto a todas as formas de violência contra a mulher. “Neste período, temos datas importantes para esse combate. Dia 25, segunda-feira, é o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher, e o 6 de dezembro representa a importância dos homens também lutarem pelo fim da violência contra as mulheres”, pontua.
Em Londrina, até outubro, o CAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher) contabilizou 266 novos registros de violência e 80 casos recorrentes. Já passaram pela Casa Abrigo 56 mulheres acompanhadas de seus dependentes menores – um total de 72 crianças também abrigadas em consequência da violência doméstica.
Para se ter uma ideia, o Paraná apresenta o segundo maior número de ocorrências de violência contra a mulher, ficando atrás apenas de São Paulo. No primeiro semestre deste ano, foram registradas 168 ocorrências, sendo que 69 delas foram feminicídios.
A cartilha e os materiais da campanha também serão distribuídos durante a 28ª Semana pela Paz em Casa, que acontece de 25 a 29 de novembro. Neste período, a Feira Arte Mulher terá um estande às margens do Lago Igapó, perto das decorações natalinas, onde realizará a entrega de materiais informativos à população em geral.
Ações com foco nos servidores
Até o fim da campanha, no dia 10 de dezembro, todos os servidores da Prefeitura de Londrina vão receber informações sobre o que é violência contra as mulheres. Este trabalho está sendo realizado através de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres e a Secretaria Municipal de Recursos Humanos. “É a primeira vez que trazemos a campanha para dentro da Prefeitura. A ideia foi muito bem aceita pela SMRH, que abraçou o projeto”, relata a secretária municipal de Políticas para as Mulheres, Liange Doy Fernandes.
No período da campanha, a SMRH vai distribuir materiais informativos em forma de texto e vídeo sobre a garantia e defesa dos direitos das mulheres usando a intranet (canal específico para os servidores), mensagens de e-mail e a página de Instagram do órgão.
“O objetivo é chegar a todos os servidores, independentemente da idade e gênero. Muitas pessoas ainda não se conscientizaram de que alguns comportamentos aceitos antigamente são de fato uma violência e acabam propagando uma cultura nociva contra suas colegas”, explica a secretária municipal de Recursos Humanos, Juliana Faggion Bellusci.
Para as duas secretárias, a importância de atuar para criar uma cultura de não violência contra a mulher dentro da Prefeitura ganha ainda mais força quando se considera que mais de 75% dos 10 mil servidores municipais são mulheres.
Juliana Bellusci explica que, embora a Prefeitura tenha canais acessíveis de denúncia e um atendimento que envolve toda a estrutura pública, como a rede de saúde e assistência social, a subnotificação ainda é uma realidade.
A SMRH atende a todos os servidores, então, segundo a secretária, é comum o setor receber relatos de assédio e também de violência contra a mulher. “Atuamos o tempo todo para criar um ambiente acolhedor. Temos uma assistente social e duas psicólogas para prestar atendimento. Mas é frequente, quando a vítima é uma mulher, que ela, por medo e insegurança, acabe por não formalizar a denúncia. Sem a denúncia formal, legalmente, os órgãos da prefeitura ficam impedidos de agir”, explica Bellusci.