A dor duas famílias e o luto de um distrito rural inteiro são as marcas deixadas pelo atropelamento que resultou na mortes de quatro crianças. A dor causada pela tragédia ficou mais latente com a chegada dos quatro corpos das crianças para o velório realizado na Paróquia São Luís Gonzaga, no distrito de São Luís. A despedida começou às 16h30 dessa sexta-feira (15) e reuniu familiares, amigos das vítimas, além de estudantes, professores e servidores do CMEI (Centro Municipal de Educação Infantil) João Rampazzo e da escola municipal Francisco Aquino Toledo, onde as vítimas estudavam.
As irmãs Kelly, 6, e Kemelly Gonçalves, 10, e o gêmeos Adrian e Vinícius Moraes Bueno, 7, irão deixar saudades em toda a cidade. "Duas famílias foram destruídas. Como fica isso para gente agora? Os coitadinhos se foram. Espero que o responsável pague pelo o que ele fez. Matou quatro, mas tinham seis crianças no local do acidente" disse o trabalhador rural, Cícero Gomes, tio dos gêmeos.
Apesar da dor do luto, o momento para familiares e amigos foi de pedido de justiça e de cobrar por mais segurança no trecho da PR-538 que cruza o distrito. "Um quebra molas resolveria. Ali tinha um barreiro na beira da pista que também contribuiu com o acidente. O responsável por essa cidade também tem que tomar alguma atitude. Vai esperar morrer mais gente para tomar alguma providência?", indagou.
Outros moradores ouvidos pela reportagem também estavam consternados com a tragédia, mas afirmam que o problema da rodovia que cruza o distrito é antigo e que há inúmeros pedidos de quebra mola ou redutor de velocidade no trecho do acidente. "Eu gerenciei uma lanchonete em frente ao local do acidente por quatro anos. Quem conhece a estrada, acaba reduzindo a velocidade, mas do jeito que os veículos chegam ali caem dentro do patrimônio e tem muita criança sempre por aqui. Será que dessa vez vão atender nossa reivindicação?." indagou o atendente de caixa, Marcelo de Almeida, que tem filhos na mesma idade das vítimas.
Apesar de considerar uma fatalidade, moradores que tem filhos e netos que estudam ali temem novos acidentes. "Conheço o distrito há cinquenta anos e voltei há 15 anos para morar com meus filhos e netos. Uma rodovia dessa que cruza o distrito tem três curvas muito perigosas. Está nas mãos do poder público e eles tem que fazer alguma coisa", cobra a aposentada Maria de Lurdes Silva.
Presente no velório, o prefeito em exercício João Mendonça (PP) chegou acompanhado do presidente da Câmara Municipal de Londrina, Emanoel Gomes (Republicanos). "Estamos vivendo esse momento muito triste. Ainda é muito difícil analisar porque agora todos estão muito sentidos. Vamos analisar com os engenheiros da Secretaria de Obras, CMTU (Companhia Municipal de Trânsito) e do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) o que poderá ser feito para melhorar a segurança. Trata-se de uma rodovia estadual, mas como é um trecho urbano, temos que reivindicar as melhorias necessárias."
Após cortejo, o sepultamento das quatro crianças será realizado simultaneamente no cemitério municipal do distrito de São Luís às 9 horas desse sábado (16). O cemitério do distrito rural fica em frente ao local do acidente.