As igrejas cristãs do Brasil deram início oficialmente, nesta quarta-feira (18), à Campanha da Fraternidade Ecumênica. Em Londrina, o lançamento foi feito na Igreja Episcopal Anglicana. A ação acontece em meio a fortes críticas de grupos contrários às propostas deste ano. A campanha é realizada sempre no tempo da Quaresma, sendo organizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). A cada cinco anos ela é ecumênica, trazendo um tema definido pelo Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil).
Em 2021 o tema que será trabalhado com mais ênfase nas próximas semanas é "Fraternidade e diálogo: compromisso de amor”. O lema, extraído do livro de Efésios na Bíblia, é "Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade”. Apesar da temática focar no diálogo e na união, alguns movimentos ligados à igreja, principalmente a Católica, vêm classificando a discussão como uma afronta aos dogmas religiosos e contendo suposto viés político direcionado ao espectro de esquerda. Um outdoor instalado na avenida Juscelino Kubitschek reforça este pensamento, como mostrou o Bonde nesta terça-feira (16).
Arcebispo metropolitano de Londrina, dom Geremias Steinmetz rebateu as alegações e frisou que a Igreja Católica continua fiel aos seus valores. "A igreja, com sua doutrina contra algumas práticas, como o aborto, se coloca à disposição para acolher as pessoas. Isso é evangelho. Se queremos encontrar argumentos para não aceitar os pobres, para pisar em cima dos diferentes, vamos encontrar. Mas o evangelho nos ensina que devemos optar pelos pobres. As igrejas estão para dizer claramente que vamos pelo caminho do diálogo, para que possamos compreender as situações, as diferenças”, defendeu.
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Superação da violência
Validado pela Comissão Teológica do Conic, o texto-base da Campanha da Fraternidade reforça a necessidade de superação da violência contra a mulher, racismo, minorias, a importância do diálogo e também reprova a postura do Governo Federal na condução da pandemia de coronavírus até aqui.
"A constatação da Campanha da Fraternidade é de que na realidade do dia a dia vemos problemas sérios e questões não resolvidas. As vezes até mesmo por opções. A questão do racismo, feminicídio, LGBTQI+ e outras tantas que envolvem minorias. São seres humanos que cresceram dentro da nossa sociedade. A fonte da Campanha da Fraternidade é o evangelho, o seguimento de Jesus Cristo, o Concílio Vaticano segundo e os papas das últimas décadas, que tanto se pronunciaram contra essas questões”, elencou o responsável pela Arquidiocese de Londrina.