A Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) confirmou nesta terça-feira (23) que pediu a rescisão do contrato com a Cooperativa de Reciclagem e Coleta Seletiva da Região Metropolitana de Londrina (Cooprelon). A entidade recebe R$ 207 mil por mês para recolher o lixo reciclável em 55 mil domicílios londrinenses. O rompimento foi determinado de forma unilateral pela CMTU após a detecção de diversas irregularidades.
Em entrevista coletiva pela manhã, o presidente da companhia, Carlos Alberto Geirinhas, contou que foram descobertos vários indícios de fraude. "Os próprios cooperados procuraram a CMTU para denunciar os problemas. Descobrimos falsificação de documentos, como recibos e notas fiscais, e até pagamentos indevidos. Não há dúvidas de que houve a má utilização do recurso público", resumiu.
Chama a atenção o caso de um cooperado que, apesar de analfabeto, 'assinou' um holerite entregue pela Cooprelon ao poder público. Em outra situação, o reciclador se machucou, foi até o INSS atrás de benefício, mas descobriu no local que não era nem cadastrado na cooperativa. "Sem contar as 42 notificações, enviadas à Cooprelon desde o início do ano, que não foram respondidas", complementou Geirinhas.
As irregularidades envolvem ainda a locação de carros com dinheiro público para os cooperados, a existência de recicladores 'fantasmas' e o fato de o presidente da Cooprelon, Maurício Montesini, não ser catador de baixa renda.
O advogado da cooperativa, Vinícius Borba, rebateu as declarações da companhia. "No processo administrativo enviado à Cooprelon, a CMTU citou apenas irregularidades sobre problemas em recibos e a locação de veículos. No primeiro caso, ficou comprovado o equívoco, que já foi resolvido. No segundo, os carros alugados foram utilizados pelos cooperados na realização do serviço previsto em contrato. Não há qualquer tipo de irregularidade", defendeu em entrevista à rádio CBN Londrina.
Borba deve recorrer da decisão da companhia. Ele tem até a próxima segunda-feira (29) para apresentar defesa. O advogado também analisa a possibilidade entrar com uma ação contra a CMTU na Justiça. Enquanto isso, a Cooprelon continua prestando o serviço de coleta seletiva em Londrina.
Questionado sobre o que irá ser feito para não deixar os domicílios até então cobertos pela Cooprelon desatendidos, o presidente da CMTU destacou que o serviço será feito por outras cooperativas (Coopersil, Coocepeve e Cooperoeste). "Os recicladores da Cooprelon vão passar por recadastramento para poder atender por outras cooperativas", explicou. Ele garantiu que as entidades vão conseguir dar conta do acúmulo de serviço.