A ala governista conseguiu cumprir sua missão de eleger uma imponente bancada de parlamentares aliados no Senado. PMDB e PT, justamente os dois principais partidos de sustentação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passam a ser os donos das duas maiores bancadas da Casa, com uma soma que pode chegar até a 36 senadores. Isso vai depender da análise da Justiça Eleitoral de casos de candidatos sub judice por conta da Lei da Ficha Limpa no Pará e na Paraíba.
Somados os 54 candidatos eleitos ontem com os 27 que têm direito a cumprir ainda quatro anos de mandato, o PMDB poderá ter 19 ou 21 senadores, enquanto o PT passará a ter 15. No caso dos peemedebistas, eles dependem da decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para os casos de Jader Barbalho (PA), que pode ter sido o mais votado no Estado, e do tucano Cássio Cunha Lima, na Paraíba, que também não teve os votos divulgados. Se Cunha Lima, que também pode ter sido o campeão de votos entre os paraibanos, for impugnado, Wilson Santiago (PMDB) ficaria com a vaga.
Para o governo, fazer uma bancada forte no Senado era uma questão central na estratégia de garantir sustentabilidade para Dilma Rousseff na Casa, caso ela consiga garantir sua eleição para a Presidência. Durante os oito anos de mandato do presidente Lula, o Senado foi justamente o centro das maiores resistências dos parlamentares ao governo federal. Foram os senadores que aplicaram a maior derrota sofrida por Lula no Congresso durante a votação que derrubou a cobrança da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
A oposição tem outros motivos para lamentar em relação à eleição para o Senado. As urnas eliminaram políticos importantes para PSDB e DEM dentro da Casa. De uma só vez, a oposição viu a derrota de líderes como Tasso Jereissati (PSDB-CE), Arthur Virgílio (PSDB-AM), Marco Maciel (DEM-PE), Heráclito Fortes (DEM-PI), entre outros. Além disso, contava com a eleição do ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), que terminou apenas em quarto lugar. Em compensação, a oposição garantiu duas vitórias extremamente estratégicas. O ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves (PSDB) chega muito fortalecido. E a surpresa é a eleição de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) em São Paulo.
Comando. O PMDB tentará a todo custo manter a presidência do Senado, hoje ocupada por José Sarney (PMDB). Ele próprio pode tentar a reeleição, mas há outros candidatos dentro da legenda, como Renan Calheiros (PMDB-AL).
Com o aumento de sua bancada, o PT também pode lançar um nome entre seus senadores - até como forma de negociar abrir mão da disputa para garantir a presidência da Câmara dos Deputados.
Quem pode ameaçar os planos dos dois principais partidos da Casa é o tucano Aécio Neves. Ex-presidente da Câmara, o mineiro tem força política e pode começar desde já seu projeto político para as eleições presidenciais de 2014. (as informações são do jornal O Estado de São Paulo)