Depois de ser derrotado nas urnas pela primeira vez em 24 anos, o senador Tasso Jereissati (PSDB) disse hoje, em Fortaleza, que não mais disputará cargo eletivo. "Vou cuidar dos meus netos. Levar uma vida tranquila", contou. Antes, disse que seu último ato será fazer de tudo para que o tucano José Serra vença as eleições presidenciais. Tasso convocou a imprensa para uma coletiva em seu escritório no final da tarde. Além de falar sobre seu futuro político, fez um balanço da campanha de primeiro turno no Ceará.
Ele voltou a condenar a postura de "vale-tudo" de seus adversários. E foi irônico quando questionado sobre o que achou das declarações do deputado federal Ciro Gomes ao afirmar que sentia dó por Tasso não ter conseguido ser reeleito senador. "Você acreditou nisso? Eu não", comentou.
"Eu não concordo com o tipo de política que a família Ferreira Gomes está fazendo no Ceará. Não é nem sombra daqueles jovens idealistas que eu levei para a prefeitura. Estão levando o Ceará a um retrocesso político", afirmou Tasso, sobre os irmãos Cid e Ciro Gomes. "As pessoas mudam com o tempo. O poder é encantador", continuou. Perguntado se Ciro teria mudado, respondeu: "Ele não é nem sombra daquele jovem idealista de 25 anos atrás. Nem sombra."
"Vou trabalhar pelo Serra", afirmou Tasso. De acordo com ele, no primeiro turno prevaleceu a força da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acabou levando a ministra Dilma Rousseff (PT) para o segundo turno. "Na verdade, quem teve votação expressiva aqui no Ceará foi o presidente Lula. A ministra Dilma não participou da eleição", analisou.
Segundo ele, agora no segundo turno é preciso mostrar candidato a candidato. "Acredito que a candidata Dilma, na medida em que as eleições forem chegando, a sua fraqueza do ponto de vista de campanha vai se demonstrando. Quando ela se descola do Lula, ela aparece como ela é. E ela não tem a menor condição de governo e nem psicológica", disse Tasso.
Aécio Neves
Tasso disse ainda não acreditar na tese defendida por Cid e Ciro Gomes de que o PT deveria se aproximar da ala tucana liderada pelo mineiro Aécio Neves, eleito senador. "O PT é o partido mais fisiologista que já teve. A antiga Arena era brincadeira na frente do PT de hoje. O governo é todo fatiado. Há casos e mais casos de escândalos. A base das eleições do governo tanto no Brasil como no Ceará é a cooptação", atacou. "A cooptação é o próprio fisiologismo. E o fisiologismo é o irmão próximo da corrupção."
Segundo ele, a política no Brasil foi "degradada" e "acanalhada" no governo petista. "Se perderam os valores. Se você não é amigo é inimigo a ser exterminado. É essa a filosofia. Isso está na entranha. Não adianta vir com discurso bonito. É da essência do próprio sistema", condenou.
Ainda segundo Tasso, a senadora Marina Silva (PV) também não comunga esse tipo de postura e por isso estará mais propensa a se aliar a José Serra no segundo turno. "A Marina tem muito a ver conosco neste sentido. Eu conheço muito bem a Marina. Ela foi minha colega de Senado. Ela tem horror a esse sistema que está aí e tem tudo a ver conosco nessas eleições. Então, por essa afinidade eu tenho uma expectativa muito grande que ela venha nos apoiar", argumentou.