O candidato do PSDB à sucessão presidencial, José Serra, negou hoje (19) que tenha havido desvio de dinheiro em sua campanha e acusou o PT de trazer o assunto com o intuito de "nivelar todo mundo". Em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, o tucano afirmou que saberia e, que teria sido vítima, caso o engenheiro Paulo Vieira de Souza, ex-diretor da Dersa, tivesse desviado R$ 4 milhões arrecadados para a campanha do PSDB.
"O fato é que não houve o essencial, que é o desvio de dinheiro da minha campanha, porque eu saberia", afirmou o tucano. "Em todo o caso, nós seríamos a vítima." As denúncias de que o engenheiro teria desviado dinheiro para um suposto caixa 2 da campanha tucana foi publicada em reportagem da revista "IstoÉ". O ex-diretor da Dersa é investigado pela Polícia Federal (PF) na operação Castelo de Areia.
"O assunto volta, posto inclusive pelo PT, porque o que eles gostam de fazer é vir com ataques para nivelar todo mundo, como os escândalos da Casa Civil", criticou o tucano, em referência às denúncias de tráfico de influência que envolvem a ex-ministra Erenice Guerra. "Eu não tenho nenhum chefe da Casa Civil que aprontou tudo o que a Erenice aprontou", provocou o candidato.
Serra negou ainda que tivesse conhecimento de que Tatiana Arana Souza Cremonini, contratada como assistente técnica no governo de São Paulo, era filha do ex-diretor da Dersa. "Essa menina foi contratada, eu nem conhecia, para trabalhar no cerimonial", alegou Serra. "Eu só vim a saber que ela era a filha de um diretor de empresa muito depois."
O candidato do PSDB negou ainda que sua campanha tenha explorado o tema do aborto na disputa eleitoral. O candidato argumentou que o assunto surgiu não pela questão em si, mas pelo fato de a candidata do PT, Dilma Rousseff, ter mudado sua posição sobre o tema. "Eu sempre manifestei que sou contra a mudança da legislação sobre o aborto, eu nunca explorei a posição dela. Só que ela disse uma coisa e depois disse outra", afirmou.
Perguntado sobre o motivo de ter exaltado, nos últimos dias, a sua religiosidade, o candidato refutou que tenha adotado um discurso artificial. Serra alegou que sempre visitou igrejas durante a campanha e reafirmou ser católico. "Eu sou uma pessoa religiosa, não tem nada de forçado nesse sentido." De acordo com Serra, foi sua adversária, Dilma, que passou a visitar igrejas.
Perguntado, o candidato do PSDB explicou que pretende cortar cargos de confiança do governo federal, diminuir o investimento em subsídios que não sejam prioritários e reduzir o desvio de dinheiro público para viabilizar o aumento do salário mínimo para R$ 600, uma de suas principais promessas de campanha.