Eleições 2010

Brasileiros voltam às urnas para decidir: Dilma ou Serra

31 out 2010 às 08:27

Os brasileiros voltam às urnas neste domingo para decidir os votos que vão eleger quem governará o país nos próximos quatro anos: Dilma Rousseff (PT) ou José Serra (PSDB).


No primeiro turno, a diferença entre os dois candidatos ficou em 14 pontos, com vantagem para a petista, que obteve 46,9% dos votos válidos contra 32,6% para o tucano.



Segundo os principais institutos de pesquisa, não houve mudança de tendência nas últimas semanas, com os levantamentos apontando para uma vitória de Dilma Rousseff.



Os resultados parciais começam a ser divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir das 19h, e a expectativa é de que ainda neste domingo o vencedor seja "matematicamente" conhecido.



Durante as quatro semanas que separaram os dois turnos da eleição, o eleitor teve a chance de comparar melhor os dois projetos, mas também se viu diante de um período com intensa troca de acusações, inclusive com foco em temas polêmicos, como aborto e religião.



Nenhum dos dois candidatos chegou a apresentar um programa de governo em detalhes, o que para muitos analistas abriu espaço para um debate "pouco programático" e mais agressivo.



Uma das marcas da campanha no segundo turno acabaram sendo os projetos de governo passados, com uma maior comparação entre as administrações de Luiz Inácio Lula da Silva e de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.



Também neste domingo serão definidos os governadores de oito Estados do país, além do Distrito Federal.



Marina e aborto


O intervalo entre as duas votações foi marcado ainda pela projeção de Marina Silva, candidata pelo Partido Verde que, no primeiro turno, surpreendeu ao conquistar quase 20% dos votos válidos.



Considerado o fiel da balança no 2º turno, o apoio formal de Marina passou a ser fortemente disputado tanto por Dilma como por Serra, mas a candidata verde acabou optando pela neutralidade.



Um dos principais grupos de apoio à candidata do PV, os evangélicos também estiveram no centro da disputa durante a campanha nas últimas semanas, com as duas equipes buscando o apoio de lideranças religiosas.



A equipe de campanha de Dilma, que chegou a apostar em uma vitória já no primeiro turno, responsabilizou a campanha do adversário por "disseminar de boatos" sobre a posição religiosa da candidata, o que segundo eles impediu uma vitória antecipada da petista.



Os aliados de José Serra, por sua vez, exploraram as "contradições" no discurso de Dilma sobre o aborto, trazendo à tona antigos comentários da ex-ministra da Casa Civil em defesa da descriminalização da prática no país, diferentemente do que defende atualmente a candidata.



Lula


A disputa tem, de um lado, a candidata do governo, Dilma Rousseff (PT), apresentada ao eleitorado não apenas como a preferida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como também aquela cujo principal compromisso é continuar os projetos do atual governo.



Principal candidato de oposição ao governo, José Serra (PSDB) evitou a crítica generalizada à atual gestão. O ex-governador de São Paulo concentrou seu discurso na ideia de que o Brasil precisa mudar, mas não necessariamente jogando fora os feitos do governo Lula.



Junto com a análise das duas propostas está ainda uma questão que foi constantemente colocada ao eleitor nesta eleição: a opção ou não pela continuidade dos oito anos do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



Essa é a sexta vez, desde o fim do regime militar, que o brasileiro pode escolher, pelo voto direto, o seu candidato preferido para governar o país. É também a primeira vez em 20 anos que Lula não está entre as opções de voto.



Desafios


O brasileiro chega às urnas neste domingo com uma série de demandas, que vão da economia à segurança pública, passando por questões como saúde, educação e meio ambiente.



O novo presidente vai encontrar um país que avançou nos últimos anos em diversos aspectos, sobretudo no campo econômico e social.



Se por um lado o país parece ter encontrado o rumo do crescimento com inflação sob controle, por outro lado os juros continuam os mais altos do mundo, pressionando a dívida pública para cima.



A economia brasileira se consolidou como a oitava maior do mundo neste ano, mas o país ainda é apenas o 72º em renda per capita, atrás de países como Argentina (50º), México (53º), Turquia (57º), Venezuela (66º) e Irã (68º), segundo dados do Banco Mundial.



Outro setor que também evoluiu no país foi a educação. A taxa de analfabetismo, que em 1960 chegava a 40%, caiu a 9,7% no ano passado, segundo dados do IBGE.


Mas, se os números absolutos mostram uma evolução, a qualidade do ensino ainda deixa a desejar. Um estudo elaborado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) em 2007 colocou os alunos brasileiros entre os piores em conhecimentos de matemática, capacidade de leitura e ciências entre 57 países analisados.


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