O PMDB termina as eleições municipais como o partido que conquistou o maior número de prefeituras (1.203) e vai administrar a maior quantidade de eleitores (28,8 milhões). Também empatou com o PT como o partido que mais venceu em capitais - seis. Mas as vitórias no segundo turno no Rio de Janeiro e em Salvador, Porto Alegre e Florianópolis colocam a legenda em situação ainda mais estratégica. Sem candidato próprio à sucessão presidencial em 2010, o PMDB sai consagrado da votação como a "noiva" favorita para governo e oposição, numa futura aliança para a corrida pelo Palácio do Planalto.
"O resultado foi ótimo para o partido. Em qualquer aliança, o PMDB terá um papel fundamental em 2010. Ele hoje representa o ponto de equilíbrio dentro da correlação de forças", afirma o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Se mantiver o acordo político com o governo federal e o PT, os dois partidos terão sob seu comando, a partir do próximo ano, 12 das 26 capitais. É um resultado ligeiramente superior ao de 2004, quando PT e PMDB juntos ficaram com 11 capitais. E o PT vai precisar do PMDB. O resultado das eleições mostra que o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi praticamente excluído das capitais das regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, locais de maiores concentrações de população e riqueza do País. Com exceção de Vitória, onde venceu no primeiro turno, o PT levou capitais apenas no Norte e Nordeste.
O perfil de cidades vencidas pelo PMDB complementa essa lacuna no desempenho petista. Nessas mesmas regiões, os peemedebistas ganharam em duas capitais do Sul, duas do Centro-Oeste e uma do Sudeste. Além de vencerem em Salvador, a maior do Nordeste.
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As eleições também produziram um resultado favorável aos partidos da base governista, embora tenham havido dissidências de aliados em potencial. Apesar de o PMDB ser alinhado ao governo, em Porto Alegre a reeleição de José Fogaça representa vitória da oposição. O mesmo ocorre em Natal, onde a eleição de Micarla Souza também desagrada ao governo, apesar de ela ser filiada ao PV, legenda da base. Além disso, a vitória de Márcio Lacerda, do PSB, em Belo Horizonte, é neutra politicamente, uma vez que ele foi apoiado pelo governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, e pelo prefeito petista Fernando Pimentel.
No caso específico do cenário político de 2010, o PMDB tem situação mais tranqüila. Em qualquer dos alinhamentos que decida fazer, produzirá o efeito de sempre: espaço privilegiado no governo federal e manutenção do poderio regional. O comportamento flexível do PMDB nos últimos anos facilita sua composição com qualquer dos lados que protagonizarão a próxima campanha presidencial. Nos últimos anos, mesmo com a mudança de comando do País, o PMDB não alterou sua posição de principal partido de sustentação do governo no Congresso. Foi assim com o tucano Fernando Henrique Cardoso, entre 1995 e 2002, e com Lula.