Sem reajuste de 2016, começa a valer na próxima quinta-feira (1º) a nova tarifa da Zona Azul em Londrina. O valor pela meia hora estacionada passará dos atuais R$ 0,85 para R$ 1,25, um aumento de 47,05%. Autorizada pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização), a medida passará a vigorar por meio de decreto do Executivo. Entre os usuários, o anúncio do reajuste divide opiniões.
O técnico em edificações Pedro Luíz Galindo Peres, 65, concorda que a tarifa seja recomposta depois de tanto tempo sem correção. "Eu acho que um pequeno ajuste é justo. Faz muitos anos que está nesse preço."
No entanto, para a manicure Olinda Constâncio, 67, o novo valor está muito caro. "Eu acho que eles arrecadam uma mina de dinheiro. Eu tenho carro e não venho com ele para o Centro porque não aguento pagar Zona Azul todo dia. Venho de ônibus e só venho no sábado."
Para o autônomo Israel Sturki, 36, o novo valor é um absurdo se não aumentar o tempo limite para meia hora. "Se deixamos o carro na rua, não tem seguro. Se alguém quebrar o vidro dele, não vão te ressarcir", argumentou, embora admita que pelas causas sociais um pequeno reajuste seja justificável.
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Readequação de caixa
De acordo com Wellington Marcatti, coordenador da Zona Azul, o pedido de recomposição tarifária ocorreu esse ano e passou por uma análise. Ele contou que a última correção nos valores aconteceu em 2016 e, de lá para cá, os custos do serviço aumentaram substancialmente.
“Entendemos que essa readequação veio num momento importante e nos dará fôlego para continuar aplicando recursos em nossas atividades socioeducacionais”, afirmou o coordenador. As ações a que ele se refere são desenvolvidas pela Epesmel (Escola Profissional e Social do Menor de Londrina), instituição responsável pela gestão do estacionamento rotativo na cidade.
Além da sede, que funciona na avenida Angelina Ricci Vezozzo, a Epesmel mantém unidades no conjunto Mister Thomas, no jardim Interlagos e no distrito de Paiquerê. Ao todo, a entidade atende cerca de 1.500 crianças e adolescentes em programas sociais que visam à formação e inserção profissional, ao fortalecimento de vínculos e à iniciação esportiva.
Segundo Marcatti, em 2022 foram arrecadados, em média, R$ 350 mil mensais com a Zona Azul. Os valores coletados, afirmou o coordenador, são revertidos integralmente na manutenção do serviço, que conta com aproximadamente 60 funcionários e dispõe de 120 parquímetros espalhados pela área urbana, e nos projetos sociais tocados pela Epesmel.
Mesmo com o reajuste, a Zona Azul em Londrina segue com preços menores do que os praticados nas cidades de Curitiba, Florianópolis e Caxias do Sul (R$ 3 a hora), onde o modelo de aplicativos e parquímetros também estão à disposição do munícipe.
“Temos 1500 atendimentos mensais em nossos projetos sociais e todos os recursos são utilizados neles. Nos últimos anos tivemos aumento de custos relativos à administração dos serviços da Zona Azul, como reajustes salariais e reajustes nas despesas. Fizemos uma planilha e protocolamos esse valor que achamos que é justo”, destacou.
Marcatti explicou que o aumento da tarifa contempla a ampliação do sistema. “Alguns estudos já estão sendo desenvolvidos pela CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) e próprio Ippul ( Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) para a implantação em novos locais, mas acredito que em um futuro próximo pode acontecer em outros locais.” A avenida Duque de Caxias e a Gleba Palhano estão com estudos mais adiantados para isso, para proporcionar mais democratização do espaço público.
De janeiro até esta quarta-feira (31), a CMTU emitiu 1400 autos por uso indevido da Zona Azul. O diretor de trânsito da CMTU , Major Mário Celso Andrade, afirmou que o maior exemplo da importância do estacionamento rotativo ocorre na avenida Bandeirantes. “Temos lá nossas maiores clínicas e serviços médicos e se as vagas forem ocupadas pelos médicos e enfermeiros o dia inteiro, aquela pessoa que precisa da vaga em uma emergência, não consegue a vaga, e acaba dando voltas para poder estacionar. Esse sistema de rotatividade faz com que a vaga fique próxima de onde a pessoa precisa.” Ele ressaltou que o reajuste é justificável, já que isso não ocorria há seis anos em um serviço muito essencial ao município, principalmente por ter um cunho social.
O Diretor da Epesmel, Padre Carlos Alberto Wessler, afirma que o reajuste vai colaborar muito na qualidade dos serviços prestados na entidade. “Estamos há 46 anos em Londrina e já passaram por aqui quase 50 mil crianças, adolescentes e jovens. Hoje estamos atendendo 1400 crianças e adolescentes em programas sociais e com esse recurso em implementação estamos fortificando os programas e para o ano que vem vamos ampliar 500 a 600 delas e passaremos a atender um total 2 mil crianças e adolescentes.”
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