Financiamento da inovação é sempre um assunto importante, sobretudo em tempos nos quais o custo do capital é maior.
Dias atrás tratei aqui nesta coluna da Folha que as startups estão enfrentado dificuldades, sobretudo no que diz respeito à obtenção de recursos.
Hoje quero tratar de uma inovação promissora: equity crowdfunding. Crowdfunding é popularmente chamado de “vaquinha virtual”, quando precisamos de recursos para algo e pedimos que as pessoas nos ajudem com certas quantias. O termo técnico para isso é financiamento coletivo virtual. Equity é uma modalidade de investimento em empresas inovadoras, como o é também o venture capital.
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Até pouco tempo atrás havia diferenças bem claras entre essas modalidades. Crowdfunding, por exemplo, é uma forma de fazer doação, na qual você concede um valor a alguém que precisa de recursos, por exemplo, para fazer uma reportagem. Equity e venture capital são formas de investir em empresas inovadoras e, assim, ter participação nelas com a expectativa de vendê-la no futuro e obter lucro.
O crowdfunding equity permite a mistura das duas modalidades. O investidor se junta a outras pessoas para financiar uma firma inovadora, geralmente startup. Em troca, torna-se “dona” também do negócio, aproximando-se do que ocorre no mercado de ações. A empresa que recebe o financiamento obtém o recurso de maneira mais simples que numa rodada tradicional, tem a opção de diluir o custo do investimento entre vários investidores, e ainda escolhe quanto do capital social da firma vai ser comprometido com os novos sócios, reduzindo a chance de conflitos e melhorando a transparência.
Crowdfunding é uma modalidade regulamentada desde 2017 no Brasil, por meio de Instrução Normativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). No entanto, o equity crowdfunding é novo no nosso país. Algumas empresas se especializaram em serem os intermediários nesta operação.
Penso que essa modalidade é muito boa, mas para startups com características muito bem definidas. Por exemplo, aquelas que se baseiam em intermediação de negócios por meio de Tecnologia da Informação e da Comunicação (T.I.C). Isto é, aquelas que não dependem do desenvolvimento de tecnologia em áreas como química e farmacêutica, por exemplo, nas quais o tempo e o investimento para chegar a um produto passível de comercialização é maior e envolve risco bastante elevado. Tudo aquilo que o investidos detesta. Já tratei aqui nesta coluna o quanto é delicado produzir inovação nestes setores e destaquei a relevância que as universidades têm nesse papel.
Como a grande maioria das startups é baseada em T.I.C, o equity crowdfunding pode ser uma boa possibilidade. Se a startup já estiver faturando e precisando de recursos para ganhar escala rápido, melhor ainda. É tudo que os investidores buscam. Se você é investidor ou recebeu recursos por essa modalidade, me conte. Vai ser muito legal contar sua história ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.