A sustentabilidade econômica, uma ideia nova e que começa a ganhar corpo e mercado, pode ser considerada o carro chefe de algumas marcas que trabalham com a idéia de vestuário ecológico. ''Para manter esse conceito ela tem que ser economicamente viável'', afirma a consultora do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae-Pr), Carla Werkhauser Brustolin.
A moda se apropriou dessa tendência e procura lançar novas idéias de vestuário para o dia a dia. O maior consumidor de produtos ecologicamente corretos é o feminino, e para a consultora isso se deve ao fato de que as mulheres são as responsáeveis pelas compras, também são elas que consomem mais as novidades da moda. ''O público feminino aceita melhor as novas ideias. Têm uma sensibilidade maior ao que se refere ao conceito de sustentabilidade'', comenta.
''O uso de acessórios é o grande gancho para afirmar e comunicar um estilo e a proposta de sustentabilidade'', comenta. Para a consultora isso faz com que o produto deixe de ser feito de forma artesanal, ou mesmo amadora e passe a fazer parte da moda.
Em Curitiba, o empresário Eduardo Zanon trabalha há 12 anos com o reaproveitamento de materiais antes descartados. Exemplo é sua primeira marca, a Original Truck que trabalha com lonas de caminhão usadas e cintos de segurança de carros. As bolsas ganharam público e lançaram moda. Hoje suas criações são a base de novos tecidos, todos sustentáveis e de materiais renováveis. Entre elas as roupas confeccionadas a partir da fibras de bambu e algodão orgânico. O custo de produção de uma peça ainda é proibitivo para algumas pessoas, já que a matéria prima sai de 25% a 35% mais cara que o algodão convencional. ''A fibra de bambu é mais cara, mas já está se equiparando ao preço do algodão'', comenta Zanon.
O empresário trabalha somente com empresas certificadas, o que acaba por encarecer ainda mais o produto. ''Exitem muitas empresas que dizem trabalhar com o produto, mas eu procuro somente as com a certificação'', afirma.
O mercado de vestuário orgânico está cada vez mais promissor. Tanto é verdade que Zanon abrirá em breve um espaço destinado somente a empresas que trabalham com essa linha em Curitiba.
Edilaine Filipack é dona de uma empresa que confecciona roupas a partir de linha orgânica. Ela confirma que está de olho em um mercado novo formado justamente por pessoas preocupadas com o meio ambiente. A clientela é formada por um público adulto jovem com consciência ambiental.
A consumidora Tatiana Hadas optou por roupas ecológicas por acreditar que a qualidade das peças seja melhor, e por também ajudar na conservação do meio ambiente. ''No futuro as roupas serão feitas de materiais naturais. Com tintas e tecidos que não agridam tanto a natureza'', sonha Tatiana.
Mãe de dois filhos, os gêmeos Thor e Bernardo, de seis anos, Tatiana sente pela falta de opções e versões de produtos ecológicos voltados para crianças. ''São opções mais limitadas, é difícil encontrar roupas para eles'', comenta.
Por outro lado, é mais fácil encontrar muitos produtos voltados ao público alternativo. As opções variam desde toalhas até mesmo comida. O problema é que a falta de divulgação acaba por restringir ainda mais o mercado.
Roberta Barbosa, Ana Meissner, Mariah Marra e Karine Martinato são estudantes de moda em Curitiba e, em visita ao 4º Paraná Business Collection, na última semana, conheceram alguns estandes com roupas ecológicas. Para as jovens, o reaproveitamento de material é uma forte tendência, mas elas acreditam que o processo ainda encarece o produto, tornando o preço inviável para a maior parte da população.
Reaproveitamento
O reaproveitamento de materias não é privilégio somente dos recicláveis. Por meio de leis ambientais rígidas, as indústrias são responsáveis pela destinação final de suas sobras. A idéia é reduzir o lixo gerado nessas empresas e diminuir o impacto ambiental causado.
A indústria têxtil atualmente destina seu material a empresas especializadas em reaproveitamento. O objetivo é transformar os retalhos em matéria-prima para produção de novas peças e tecidos utilizados no vestuário.
A produção vai além e algumas peças do vestuário podem espantar alguns consumidores desatentos, até mesmo os mais conservadores. Trata-se da onda verde, ou seja, as empresas têxteis buscam novos tecidos e tintas que causem imapactos menores ao meio ambiente. É possível encontrar camisetas confeccionadas a partir de garrafas PET, fibras de cânhamo e fibras de bambu.