Tênis diferenciados, roupas moderníssimas e skates para todos os gostos e estilos. Quem é aficionado por este esporte de origem californiana sabe que o estereótipo dos praticantes da modalidade mudou e aquele conceito de ''skatista largado'' ficou para trás. Com o crescimento e influência principalmente das marcas norte-americanas no país, as lojas especializadas investem alto em peças, roupas e calçados na busca de conquistar este novo perfil de cliente.
Há seis anos trabalhando no ramo, o gerente da MT3 Skate Shop Alex Damião de Lima explica que a diversidade de peças para se montar um skate é enorme. ''Salvo a exceção do primeiro skate, que geralmente é adquirido pronto, os praticantes costumam preparar um modelo que se encaixe ao seu bolso e estilo de andar: para o street (nas ruas) ou vertical (rampas). Funciona como um 'self-service', as peças vão sendo escolhidas e montamos para o cliente'', diz o gerente.
Na ânsia de possuir um skate que ande melhor nas ruas e pistas da cidade, as peças com que os consumidores gastam são os shapes (tabua de madeira que funciona como a base do skate), trucks (eixo de metal onde as rodinhas são fixadas), rolamentos (proporciona o movimento) e rodas. ''A diferença de valor entre as peças nacionais e estrangeiras é considerável. Só para se ter uma ideia, existem alguns trucks importados que chegam a custar R$ 300. Com esse dinheiro é possível montar um skate completo de ótima qualidade apenas com peças fabricadas no Brasil'', pontua Lima.
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Diferença de preço que pode ser explicada pelo grande investimento em tecnologia de algumas marcas. Peças leves, com materiais exclusivos e maior durabilidade são bem procuradas. ''Existem shapes muito resistentes feitos com lâminas de fibra de vidro, os de bambu que não esfarelam facilmente e os mais famosos, do pinho canadense. Os rolamentos têm uma precisão ótima e as rodas de poliuretano são primordiais para que o skate flua melhor no terreno'', retrata Lima.
O designer e skatista profissional Manoel Coimbra, de 36 anos, comenta que escolher as peças de um skate é uma questão de ''tentativa e erro'' e deve-se ficar atento mais para a qualidade do que a beleza do produto. ''Para quem não conhece, fica um pouco complicado. Mas com o tempo de prática, vai se pegando os macetes na hora da compra'', relata o especialista.
Na loja gerenciada por Lima, o detalhe é que todos os vendedores praticam o esporte, e ajudam os clientes no momento de escolher os produtos e até andam junto com eles. ''Há cinco anos montamos uma rampa atrás da loja para que nossos clientes possam praticar aqui. É uma forma de nos aproximarmos deles e trocarmos informações sobre as peças na prática'', completa Damião.
Já quando o assunto é o setor de confecção, as roupas ultrapassam o universo dos skatistas. É comum que pessoas que não pratiquem o esporte comprem camisetas, calças e tênis para vestirem em outras ocasiões. ''As marcas que só investiam em skate perceberam que existia um outro tipo de público procurando pelas roupas. Hoje elas têm cortes diferenciados, não são tão largas como antigamente e agradam a todos os gostos, inclusive o das garotas'', salienta Rafael Ramos Ferreira, skatista e vendedor da MT3.
Importados fazem sucesso entre consumidores
Se por um lado as peças importadas para se montar um skate são mais caras que as brasileiras, por outro, os preços das roupas produzidas aqui e no exterior são similares.
O empresário Robson Duarte, de apenas 23 anos, anda de skate desde 1998 e há um ano e três meses resolveu abrir sua própria loja especializada em roupas e artigos para o esporte, a Worship. No espaço físico do estabelecimento, fica claro que Duarte valoriza o skatewear. ‘O mercado está crescendo e as vendas estão ótimas. Aqui na loja, as roupas e calçados são os carros-chefe’, comenta o rapaz.
Robson ainda conta, que mesmo com sua loja possuindo diversos modelos nacionais, a confecção estrangeira ainda faz maior sucesso. ‘As roupas de fora comandam as vendas. Acredito que a fama das marcas e o fácil acesso para adquiri-las façam que suas vendas correspondam a 80% do total’, calcula.
Nos calçados, a diferença dos valores é substancial. Os nacionais chegam a ser 40% mais baratos, entretanto não são líderes de venda. ‘Os produzidos aqui ainda são menos vendidos, mesmo com relatos de clientes dizendo que muitas vezes são melhores para andar que os importados’, afirma Duarte.
O gerente da MT3, Alex Lima, acha que a possível procura pelas marcas estrangeiras também está no fato delas patrocinarem as grandes feras do skate mundial, inclusive os brasileiros. As empresas que realmente investem em eventos e nos atletas são valorizadas pelos esportistas amadores.
‘É uma forma de apoiar quem realmente está apostando na modalidade. Uma empresa norte-americana chegou a criar uma série especial de tênis customizados para cada um dos seus skatistas profissionais, desenhando a história de vida deles no design dos calçados. Fez tanto sucesso que colecionadores de outros estados ligavam para mim atrás desses modelos e eu os enviava pelo correio’, finaliza Alex. (V.L.)
Alguns termos do universo do skatista
- FreeStyle: Como o próprio nome diz, o skatista fica livre para executar sua sequência de manobras. Geralmente é praticado nas ruas.
- Frontside: Manobra que se está de frente para o objeto. Backside é exatamente o oposto do frontside.
- Ollie: A manobra básica e clássica do esporte. Inventada nas rampas por Ollie Gelfand e aperfeiçoada para as ruas por Rodney Mullen, uma lenda do skate.
- Pool Riding: Criada na década de 70 nos EUA, é uma das modalidades mais divertidas do skate, em que os atletas se reúnem para andar dentro de piscinas vazias.
- Pro: Abreviação de profissional. Geralmente o atleta patrocinado por uma marca ganha a assinatura de um shape e recebe pelas vendas do produto.
- Session: Quando os skatistas se reúnem para praticar o esporte.