Mantendo a tradição trazida pelos portugueses, o comércio de peixes fica aquecido no Brasil durante a Quaresma e em especial na Semana Santa. Os empresários que comercializam peixes e bacalhau estão confiantes no aumento das vendas desses produtos entre hoje e domingo. Roberto Imagawa, proprietário da Peixaria Shangri-lá, espera um movimento em torno de 10% maior em comparação com o mesmo período do ano passado e 40% em comparação com o movimento normal de outras épocas do ano.
Segundo ele, os peixes frescos mais procurados são a tainha, piapara, pacu, atum, anchova e salmão. A peixaria oferece o bacalhau em postas, que vem empacotadas e prontas para o preparo. O preço varia entre R$ 39 a R$ 70 o quilo.
Mesmo reconhecendo o bom comércio de peixes na Semana Santa, o empresário gostaria que esse movimento não fosse algo atípico. ''A população deveria consumir o peixe pelo menos duas vezes por semana durante o ano por uma questão de saúde'', afirma Imagawa.
O comerciante Antonio Furuta, de uma tradicional mercearia no Mercado Shangri-lá, também está confiante nas vendas de bacalhau, mas espera um movimento igual ao ano passado. O estabelecimento vende o bacalhau dessalgado por R$ 86,00 a R$ 95 o quilo. Outros tipos de bacalhau, dependendo da espessura e do tipo de corte, custam entre R$ 32 a R$ 90 o quilo.
Fiscalização
O Instituto de Pesos e Medidas do Paraná (Ipem) intensificou a fiscalização nos supermercados de Londrina nas últimas semanas em função da maior procura por peixes nesta época do ano. Os fiscais coletam amostras que ficam guardadas na sede do órgão para serem analisadas na presença de representantes das empresas em um momento predeterminado. O que mais chamou a atenção até agora foi a coleta de uma amostra com 14 unidades, sendo que todas foram reprovadas. As embalagens, que deveriam estar com 1 kg de peso líquido, estavam com 833 gramas, em média - 167 gramas a menos. Outra irregularidade encontrada foi a falta de indicação de peso em algumas embalagens.
Os técnicos do instituto sugerem que no caso do peixe, deve haver um excedente de gelo para conservação do produto, mas que esta diferença não deve ser considerada no peso líquido. Por exemplo, se a embalagem identificar que o peso é de 1 kg, o produto deverá conter 1.035 ou 1.040 gramas ao ser pesado.
O Ipem pede que o consumidor entre em contato com o órgão, caso observe qualquer irregularidade no peso do produto. O contato pode ser feito pelo telefone 0800-645-0102. As empresas autuadas têm 10 dias para apresentar defesa e podem ser multadas em até R$ 50 mil, se forem primárias, ou o dobro, em caso de reincidência.
Dicas para comprar o peixe
O nutricionista Waldyr Martins Cunha dá algumas orientações ao consumidor na hora de comprar peixe fresco. Segundo ele, o peixe deve estar com os olhos limpos e vidrados; as escamas devem estar claras, brilhantes e não podem se soltar facilmente; as guelras devem manter a aparência cor-de-rosa, e o peixe não deve ter cheiro característico de enxofre ou resquício de maresia. Estes cuidados, de acordo com o nutricionista, demonstram que o peixe é fresco ou que foi bem congelado. Caso o peixe não seja de escamas, o couro deve estar firme e não se soltar facilmente.
Ele afima que consumidor precisa observar se há formação de cristais de gelo na embalagem, mas lembra que não pode haver excesso de gelo, o que daria uma boa diferença de peso.
No caso do peixe congelado, Cunha sugere que o produto seja descongelado de um dia para o outro dentro da geladeira ou, se não houver este tempo, que seja descongelado no microondas. Outra dica é usar o azeite extravirgem após o cozimento para que o óleo não perca suas propriedades naturais.
O nutricionista diz que os peixes do mar, em especial a sardinha e o salmão, são ricos em ômega 3, que traz uma série de benefícios para o sistema imunológico. Segundo ele, as pessoas também podem consumir a espinha da sardinha, depois de levemente torrada, por ser um alimento rico em cálcio.
Bacalhoada à portuguesa (ao forno)
Entre os católicos, é comum o preparo de uma receita à base de bacalhau na Sexta Feira Santa, mas a dona de casa Marlene Talizin Naito, embora seja de uma família tradicional, prefere servir a bacalhoada à portuguesa (ao forno) para a família no almoço do domingo de Páscoa. Ela segue a recomendação de jejum na sexta-feira, preferindo uma alimentação ‘mais leve’.
Além da família, os amigos que já experimentaram, aprovaram o prato de dona Marlene. Ela considera que a iguaria é ‘extremamente simples’ e deixa a bacalhoada quase sem sal. ‘O segredo para ficar gostoso é fazer com carinho; tudo que é feito com carinho fica bem feito’, afirma.
Ingredientes:
✓ 2 kg de bacalhau
✓ 12 batatas
✓ 6 cebolas
✓ 10 tomates
✓ 12 ovos
✓ azeite e azeitonas a gosto
Modo de preparar:
Coloque as postas de bacalhau de molho para retirar o sal, troque a água 3 vezes e deixe na geladeira de um dia para o outro. Ferva o bacalhau e retire suas espinhas. Na mesma água, cozinhe as batatas. Corte os tomates e as cebolas em rodelas grossas. Cozinhe os ovos e monte em camadas. Deixe a última camada para as azeitonas e os ovos cozidos. Regue com bastante azeite e leve ao forno para gratinar por aproximadamente 30 a 40 minutos.