A tecnologia na fabricação dos sabonetes evoluiu muito nas últimas décadas. Eliminar o excesso de óleo e suor produzido pelas glândulas ainda é a principal função do produto que também é utilizado para hidratar, proteger a pele e retirar as células mortas, combater acne entre outras. Para todas essas finalidades o consumidor encontra muitos sabonetes no formato de barras ou líquidos, de marcas, cores, cheiros, texturas e preços diferenciados. Diante de tanta variedade, os especialistas recomendam os sabonetes líquidos e neutros.
A esteticista Neuza Vasconcelos orienta que limpeza e hidratação são os cuidados básicos exigidos por qualquer tipo de pele. Para ela os sabonetes ditos ''neutros'' são os mais indicados para manter a limpeza, hidratação e lubrificação da pele. As mais oleosas, geralmente, necessitam de uma limpeza mais eficiente e hidratação leve, enquanto as secas requerem uma limpeza suave e hidratação intensa. ''Levando-se em conta todos os fatores externos, condições climáticas e características da pele, escolha seu sabonete de acordo com o benefício que ele oferece'', recomenda.
De acordo com a dermatologista Cristina Maria Aranda, os sabonetes líquidos promovem uma melhor hidratação, além de limpar e remover as impurezas da pele, e protegê-la das agressões do meio ambiente - como o frio e a poluição - por conta do método de fabricação. ''É muito mais fácil agregar um número maior de ingredientes como hidratantes aos sabonetes líquidos, que também, em sua maioria, possuem um pH mais próximo ao da pele, que fica em torno de 4,5 e 6. Já os sabonetes em barra, devido ao processo de saponificação, possuem um pH mais básico, acima de 7'', afirma.
A médica esclarece que os sabonetes líquidos são fabricados por meio de um único procedimento através da mistura de emolientes, corantes, hidratantes e perfumes. Já a base para os sabonetes em barra é obtida através da reação de gorduras vegetais ou animais com soda cáustica, processo conhecido como saponificação. Após essa etapa são adicionados conservantes, corantes e o produto é prensado.
Neuza Vasconcelos também recomenda o uso de sabonete líquido e acredita que eles são mais higiênicos, práticos e econômicos. ''O desperdício do sabonete líquido é muito menor. Colocamos nas mãos uma quantidade pequena e distribuímos pelo rosto e pelo corpo. A durabilidade também é maior, porque na forma líquida, o produto não fica ressecado, como é comum no sabonete em barra. Além disso, a embalagem do líquido é mais eficiente na prevenção de contaminação por bactérias'', comenta.
No entanto, a maioria dos consumidores escolhe o sabonete em barra na hora de comprar. A manicure Renata Cristina Alexandre diz que o preço não influencia na decisão. ''Tenho a impressão de que o produto em barra é melhor na remoção da sujeira. Acho que é uma questão de hábito, de sempre usar o sabonete em barra. Utilizo o sabonete líquido apenas na pia do banheiro e para lavar o rosto'', comenta. A advogada Franciella Sachi Malassise prefere o sabonete em barra até mesmo para lavar o rosto e acredita que o produto também é econômico. ''Um sabonete acondicionado em uma saboneteira com tampa dura até seis meses. Utilizo o produto para tratar de acne e manchas na pele e estou muito satisfeita com o resultado'', diz.
A origem
Em 600 a.C. os fenícios deram origem ao sabão. Eles tinham o costume de ferver água com banha de animal e cinzas de madeira para fabricar um sabão pastoso. Esse produto chegou à versão sólida apenas no século 7, quando os árabes descobriram o processo de saponificação – combinação de óleos naturais, gordura animal e soda cáustica, que depois de fervida endurece. Os espanhóis aprenderam a lição com os árabes e acrescentaram óleo de oliva à mistura, que deixou o sabão com um cheiro mais suave. Nos séculos 15 e 16 várias cidades europeias se dedicaram a produzir esse artigo de higiene e limpeza. Marselha (França) e Savona (Itália) tornaram-se centros produtores de sabão e sabonete. Foi a cidade de Savona que inspirou a criação do termo savon (sabão) pelos franceses e também do seu diminutivo savonette (sabonete).
Artesanais ganham mercado
De acordo com dados divulgados recentemente, a venda de barras artesanais tornou-se um negócio lucrativo no Brasil. A produção artesanal deixou de ser uma exclusividade dos estandes de feira hippie para se tornar um artigo de luxo. Existem barras de sabonetes artesanais que custam até R$ 25. Um levantamento realizado pelo Sebrae estima que existem no Brasil 1,5 mil negócios que têm a venda de sabonetes em barra como carro-chefe. A quantidade de empreendedores que se dedicam à fabricação do produto é 40% maior do que cinco anos atrás.
Anália Pereira Frossard é química e resolveu investir em um negócio próprio relacionado ao mercado de higiene e beleza. Ela é proprietária da loja Arte e Cheiro, em Londrina, que oferece cursos gratuitos para fabricação de produtos artesanais, além de comercializar alguns itens. Segundo a química, além de aprender a confeccionar o sabonete em barra, as clientes também estão se interessando cada vez mais pelos sabonetes líquidos. O custo final para quem produz chega a ser um terço menor em relação ao valor praticado pelo mercado. Para produzir cinco litros de sabonete o preço é de R$ 17,50.A receita que Anália Pereira Frossard ensina é simples. ‘Misturamos um litro de uma base própria para a fabricação de cosméticos que contêm glicerina, essência e anfótero, um óxido que serve para manter a viscosidade do produto. Também podemos acrescentar água desmineralizada ou deionizada, que evita a oxidação da essência e aumenta a validade do produto’, ensina.
A química afirma que o ideal é que as pessoas participem de cursos antes de tentar fazer em casa, para aprender a manipular os ingredientes, que passam por reações químicas. Há no mercado centenas de essências, inclusive de perfumes conhecidos. Além de aprender a confeccionar sabonetes para consumo próprio, a maioria investe na aprendizagem para fabricar e vender os produtos para aumentar a renda ou simplesmente para oferecer um presente personalizado.