Seu bolso

Roupas de grifes com bons preços nas lojas de fábrica

06 abr 2010 às 15:23

Criadas na decáda de 1940 nos Estados Unidos, as lojas outlet (lojas de fábrica) tinham como objetivo vender peças com pequenos defeitos e reduzir as perdas na produção. Seu público inicialmente eram os próprios funcionários.

No entanto, a ideia deu tão certo que as empresas viram um mercado - novo e promissor - surgir. Hoje é possível encontrar shoppings especializados nesse segmento e produtos destinados exclusivamente para esse tipo de loja.


No Brasil existe apenas um shopping exclusivamente composto de lojas outlet. O empreendimento fica na Rodovia dos Bandeirantes (interior de SP) e conta com 76 lojas. A localização se deve por um acordo entre as empresas de outlet e as fábricas. Pelo acordo os estabelecimentos devem ficar distantes dos centros das cidades. Isso para evitar a concorrência direta com o comércio da região central.


Os produtos vendidos nesse local têm descontos de até 80%, o que acaba por atrair muitos visitantes de outras cidades e cria o chamado turismo de compras.


Para Osmar Dalquano Júnior, coordenador estadual do setor de comércio e serviços do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas empresas do Paraná (Sebrae-PR), a tendência é de as empresas investirem mais no setor, dado o crescimento do consumo das classes C e D. ''Existe um público que não liga para a moda e opta pelo preço. Entretanto existe o público que consome o produto justamente porque está na moda'', salienta.


Diferentemente das classes A e B, que podem experimentar um produto, os consumidores das classes mais baixas não querem errar na hora da compra, e também não podem fugir de seu orçamento. Com isso acabam por comprar em lojas do segmento. ''É o chamado consumo inteligente'', comenta.


O mercado outlet ainda colabora com a redução da pirataria, é o que afirma Dalquano. Grandes marcas investem no mercado de outlet e para isso produzem peças específicas para o segmento. A ideia é reduzir o custo de produção e para isso utilizam matérias primas mais baratas, mas ao mesmo tempo de boa qualidade. ''O crescimento dos outlets vai invibializar o crescimento dos produtos piratas, tornando o produto original mais acessível para as camadas mais populares'', destaca.


Em Curitiba é possível encontrar lojas chamadas outlet. Essas, ao contrário do shopping paulistano, são multimarcas. Exemplo é uma butique da empresária Viviane da Paz Carvalho, que trabalha com esse segmento de roupas. Seu público é formado por adultos jovens, interessados em adquirir um produto de qualidade, mas com um preço mais acessível.


As compras das coleções são feitas pela própria empresária que busca junto as fábricas as melhores opções de roupas para seus clientes. Viviane comenta que nem sempre é possível manter duas coleções da mesma marca todos os anos. O motivo, segundo a próprietária, é que muitas vezes as fábricas não negociam sua coleções.


Os clientes, a maioria mulheres, é formado pela classe média alta. ''São pessoas muito inteligentes ao comprar o produto e de muito bom gosto'', afirma Viviane. O mercado do outlet é destinado basicamente às mulheres. ''É muito difícil encontrar roupas para homens, fico em dívida com esse público'', lembra. O motivo, apontado pela empresária, é a grande procura e apelo que o mercado tem. Basicamente são as mulheres que definem o quê e quando comprar. ''Enquanto elas compram dez peças para si, levam uma para os maridos, só para agradar'', explica.


Uma outra questão levantada pela empresária é o fato de que as grades são ''furadas'', ou seja, nem sempre é possível encontrar o mesmo produto com numerações diversas. ''Minha loja é separada por numeração, para não deixar a cliente chateada por não encontrar o produto que viu em outro tamanho'', comenta.


Para não deixar suas clientes insatisfeitas, a butique utiliza o velho sistema de avisar as consumidoras. Os lembretes são feitos por mensages no celular ou ligações para avisar as compradoras de que uma nova coleção acaba de chegar na loja.


Compras são motivadas por oportunidades


Mauritânia Pereira, de Curitiba, descobriu a butique outlet por acaso, a loja fica no caminho de sua casa para o trabalho. Por curiosidade ela resolveu entrar e conhecer. Hoje, comenta, passa toda a semana por lá para dar uma olhada nas oportunidades. ‘Você encontra a mesma qualidade, mais com um preço mais em conta’, afirma. A consumidora é avisada por mensagens sobre a chegada de novas peças. ‘Mesmo não sendo uma loja de shopping eu não me sinto na obrigação de entrar e comprar alguma coisa’, lembra.


As pessoas que têm o costume de viajar para outros países se deparam com as oportunidades encontradas nesse tipo de loja que, aliás, são muito procuradas por turistas. ‘Pessoas quando viajam compram em outlet. Por aqui vejo que os brasileiros têm ainda muito preconceito’, comenta Mauritânia.

Os shoppings e lojas outlet são muito comuns em outros países. No entanto, no Brasil essa ideia ainda é restrita a pequenas lojas situadas em bairros periféricos. Em outros países da América Latina existem lojas de grifes destinadas ao público consumidor que não se importa com a coleção e sim com a qualidade do produto.


Continue lendo