Embora ainda não faça parte das compras de muita gente, repelente de insetos é um produto que está ganhando destaque no Brasil. O mercado cresceu 26,5% em volume e movimentou mais de R$ 37 milhões entre dezembro de 2007 a novembro de 2008, segundo dados da Nielsen. Além das marcas tradicionais, outras entram em cena trazendo componentes naturais.
Em alguns estados como o Rio de Janeiro, o medo de contrair o vírus da dengue no verão fez as vendas aumentarem a ponto de o produto sumir das prateleiras. Em Londrina, no mesmo período já citado, as vendas chegaram a crescer 73%, segundo a rede de Farmácias Nissei. O pico é o verão, mas aqui na região a dengue não é apontada como motivo.
‘É porque é período de férias e as pessoas que viajam acabam comprando repelente para se prevenir de insetos, já que muitas vezes não conhecem o lugar direito’, observa Alecsandro Silva, gerente de uma das lojas da rede. Ele diz que a maioria dos consumidores opta pela marca mais barata, sem questionar muito a qualidade. ‘Geralmente, o que pesa é a relação custo-benefício. As pessoas querem um repelente que atenda toda a família’, diz.
A farmácia trabalha com quatro marcas, das quais apenas uma tem componentes naturais. O produto, à base de citronela, é também o mais caro: R$ 14,98 a loção de 120 ml. Os demais (em aerosol, spray ou loção), com formulação química, custam entre R$ 5,95 e R$ 8,48, dependendo da marca. Uma delas oferece também versão para crianças a partir de dois anos.
Ainda difícil de ser encontrado em estabelecimentos da região de Londrina, já existe no mercado um repelente natural em forma de adesivo. Comercializado em mais de 20 países, o produto tem eficácia comprovada por laboratórios da Europa. Seu princípio ativo é a citronela, a essência natural mais eficiente no combate a pernilongos e mosquitos, inclusive o da dengue.
O produto é composto por microcápsulas. Para aplicar, basta pressionar o adesivo para estourar as microcápsulas, retirar a película e colar na pele, na roupa ou em superfícies como móveis, carrinhos de bebê, berços, ambientes internos ou externos. O preço está em torno de R$ 18.
A vantagem do produto natural está no fato de não conter Deet (dietil-meta-toluamida), substância química presente na maioria dos repelentes e não recomendável para gestantes e crianças menores de 2 anos.
Médico alerta para possíveis alergias
Conforme orientação da Agência Nacional de Vigilância à Saúde (Anvisa), os repelentes em creme ou loção que tenham em sua fórmula o Deet (dietil-meta-toluamida) não devem ser aplicados em crianças abaixo de 2 anos de idade, pois há registros de reações alérgicas e intoxicação após uso tópico. Outro alerta é que a utilização de produtos com concentração de Deet em até 10% deve ficar restrita a apenas três aplicações diárias em crianças de 2 a 12 anos.
O médico dermatologista Walter Campos alerta que o consumidor deve sempre observar o rótulo na hora da compra. O objetivo é ver se a fórmula do produto contém algum componente que tenha causado alergia em alguém da família. ‘Muitas vezes a pessoa não sabe se é alérgica porque ainda não teve oportunidade de entrar em contato com determinada fórmula. Por isso, é preciso investigar um possível passado alérgico’, explica. Embora não seja 100%, o médico diz que existe possibilidade de o filho ter o mesmo tipo de alergia do pai, por exemplo.
Segundo Campos, crianças devem usar repelentes específicos para a idade e na dosagem recomendada no rótulo. Entres os produtos naturais, ele destaca a eficiência da citronela. Mas cita também a folha de eucalipto e a cidreira. ‘Todos funcionam como repelentes naturais, mas não são para todos os tipos de insetos’, diz.
Quanto ao uso do repelente para afastar o risco do vírus da dengue, o médico afirma que a melhor forma de não contrair a doença é seguir o que dizem as campanhas, ou seja, fazer a limpeza correta dos ambientes para não favorecer a proliferação do mosquito Aedes aegypti.