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"Loiras e morenas"

Por que algumas cervejas custam mais de R$ 200?

Redação Bonde
17 nov 2010 às 09:59

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- Divulgação
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Amber Ale, American Strong Ale, Baltic Porter, Bock, Dunkel, Gose, Happoshu, Kölsch, Foreign Stout, Malt Liquor, Porter, Rauchbier, Sahti,Vienna e Wood-Aged Beer: no mundo inteiro existem mais de 200 tipos de cerveja.

Ao contrário do que a maioria das pessoas acredita, cerveja não é "tudo a mesma coisa" e nem todas são do estilo Pílsen, o mais popular no Brasil. Cada uma possui um ingrediente, um método de produção, algo que a diferencia essencialmente das demais.

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E é justamente a particularidade dos variados estilos de cerveja que faz com que os valores das garrafas cheguem a ultrapassar os custos de um whisky, por exemplo. "O preço depende de diversos fatores, como as matérias-primas especiais e tempos de fabricação prolongados. Podemos incluir também, em alguns casos, os custos de importação e distribuição", explica Paulo Schiaveto, mestre-cervejeiro formado em Louvain-la-Neuve, na Bélgica.

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De um modo geral, existem quatro ingredientes básicos para a produção de uma cerveja: a água (costuma entrar duas vezes no processo de produção), a levedura (fermento natural), lúpulo (responsável pelo amargor) e o malte (extrato de cereal que pode ser de cevada, trigo, defumada, etc).

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Porém, cada bebida é feita através de um método próprio, que pode demandar muito tempo para concluir o processo, e que inclui ingredientes extras ou não. "A cerveja Premium, por exemplo, leva outros tipos de ingredientes que costumam ser importados, o que no mínimo vai dobrar o valor dessas bebidas", diz Marcelo Ponci, dono do e-commerce Cerveja Gourmet.


Outro exemplo do diferente uso de ingredientes é a Puro Malte. "As produções em grande escala usam o mínimo de malte de cevada exigido por lei, que é 50%, e completam com outros cereais mais baratos, como milho, sorgo e arroz", explica Ponci. "A Puro Malte, por sua vez, usa 100% de malte de cevada".

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"O que é mais fácil e mais barato de fazer, uma feijoada ou o feijão do dia a dia?", compara a beer sommelier Cilene Saorin, formada em Doemens Akademie, na Alemanha. "Isso não significa que a qualidade dos ingredientes usados no feijão sejam inferiores. Mas diferem no tipo e quantidade".


Assim, outros fatores que influenciam no preço é a importação, que faz com que o valor das cervejas chegue até 200% mais caro no mercado nacional, e também o método de produção, como nos casos das cervejas que são feitas em um lugar e maturadas em outro, ou das bebidas maturadas em barris de carvalho.

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Para se ter uma ideia, a cerveja Deus Brut des Flandres, uma das mais caras vendidas no Brasil, tem a primeira fermentação e maturação na Bélgica. Depois as garrafas vão para a França, recebem açúcares e fermentos especiais, e então começa o processo de remuage: gira-se a garrafa diariamente no mesmo horário, aumentando sua inclinação para baixo até ficar de cabeça para baixo. Após essa longa maturação, o fermento depositado no pescoço da garrafa é congelado e retirado por pressão. Então, a embalagem é completada com bebida já pronta.


"É uma das três únicas cervejas no mundo produzidas pelo processo de champenoise, ao lado da belga Malheur e da brasileira Eisenbahn Lust. Primeiro elas são produzidas em uma cervejaria e depois levadas a uma vinícula, onde passam pelo mesmo processo de um champagne", descreve a beer sommelier Khatia Zanatta, formada pela escola alemã Doemens Akademie.

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"O preço também varia em função da percepção de valor pelo consumidor", acredita o mestre-cervejeiro Schiaveto. "Algo equivalente a um vinho de produção restrita e bastante procurado".


Não é a toa que a cerveja Deus pode ser encontrada em estabelecimentos da capital paulista pelo custo de R$ 220, no Bar Melograno, e R$ 249, no Bar Asterix (nele, a cerveja mais cara vendida é a Chimay Grand Reserve Jeroboam, cuja garrafa de 3L custa R$ 480).

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Satisfação no bolso


Embora alguns produtos tenham o custo elevado, os especialistas concordam que é possível degustar e apreciar uma cerveja mais em conta. Isso porque algumas oferecem sensações sensoriais diversas, como notas aromáticas frutais (de banana, maçã, abacaxi), notas condimentadas (pimenta, cravo e canela), ou que seguem por notas florais, herbais e outras mais densas.

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"Há cervejas de baixo custo que proporcionam aromas e sabores diferentes da cerveja industrial comum. Pequenas cervejarias nacionais, por exemplo, têm produtos premiados em concursos internacionais de forte expressão a um preço bastante acessível", conta Schiaveto.


Marcelo Ponci, por sua vez, cita as cervejas da marca Colorado, cuja garafa de 600ml pode ser encontrada por R$ 10, e da Bauhaus, cuja garrafa de mesmo volume pode ser encontrada por R$ 8, como exemplo de baixo custo possível de ser degustado.


Para Cilene Saorin, o baixo consumo das cervejas especiais não está atrelado simplesmente ao preço desses produtos. Mas existe uma cultura nacional de intenso consumo das bebidas do estilo Pílsen.


"Ela tem menos informação no nariz, menos amargor, menos corpo. Tudo é muito delicado nela", descreve. A grande proposta desse tipo de cerveja é mesmo a de matar a sede, dar maresia aos olhos, refrescar, descontrair e fazer com que o consumidor gaste o menos possível.


Segundo Cilene, a escolha por cervejas especiais virá com a idade e a mudança na expectativa gastronômica. "Com 18 anos, você gasta R$ 10 com dez latinhas. Porém, depois de 20 anos, passa a gastar os mesmos R$ 10, mas com uma garrafa de 350ml", compara. "A chance de um jovem migrar para as cervejas especiais é diferente daquela pessoa com mais de trinta anos, pois a expectativa de consumo é diferente e o poder de compra também".


Como escolher a melhor cerveja?


A maioria dos especialistas concorda que é impossível selecionar a melhor cerveja. "É o mesmo que perguntar a um pintor qual a cor que ele mais gosta", diz Cilene Saorin. Afinal, existem muitas opções e a preferência varia de acordo com a ocasião.


Porém, se você não sabe qual cerveja escolher diante de tantas opções, eles dão algumas dicas. "O consumidor deve ter em mente que, no caso de cervejas especiais, está comprando um produto com características bem distintas daquelas que a maioria considera como padrão para cerveja", destaca o mestre-cervejeiro Schiaveto.


"Ele pode, por exemplo, procurar se informar sobre os mais variados estilos de cerveja disponíveis no mercado em sites e blogs especializados em cervejas, onda há informações sobre experiências de degustação", aconselha.


Já a beer sommelier Khatia Zanatta acredita que há dois pontos principais a serem observados: o estilo e a data de validade. "Quem, por exemplo, não gostar de notas amargas intensas, não deve comprar de cara uma Dry Stout ou uma India Pale Ale. Existem cervejas com características extremamente distintas e, justamente por isso, pelo menos um estilo irá agradar cada pessoa", destaca.

Em relação à validade, a profissional reitera a regra de que "quanto mais nova a cerveja, melhor". "Com excessão de estilos como Gueuze, Barley Wines, Old Ales, entre outros que envelhecem na garrafa, a maioria deve ser consumida mais rápido, já que a ação de agentes oxidantes leva à oxidação do líquido e transformação de seus atributos sensoriais". (Fonte: InfoMoney)


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