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Na capital

Orgânicos ao alcance do consumidor

Bia Moraes / Equipe Folha
31 dez 1969 às 21:33

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O preço do orgânico é um pouco mais caro, mas cada vez mais o consumidor está optando por essa alternativa - Marcos Borges
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Curitiba pode se orgulhar de ser uma cidade antenada com os novos tempos, pelo menos na área de alimentação e qualidade de vida. Como em muitas cidades de Primeiro Mundo, na capital paranaense já é possível encontrar grande variedade de produtos orgânicos, de alimentos a roupas e produtos de higiene e beleza. Além das nove feiras livres já existentes, quem busca essa alternativa mais saudável e ecológica de consumo dispõe de mais uma opção: o Mercado de Orgânicos, inaugurado há pouco mais de um mês. Totalmente novo, o espaço é anexo ao tradicional Mercado Municipal de Curitiba.

Consumidores não faltam. A Prefeitura informa que até o fim desse ano pretende ampliar para 14 o número de feiras-livres que comercializam orgânicos, facilitando ainda mais o acesso a esses produtos. Porém fica uma dúvida no ar. Vale mais a pena comprar nas feirinhas de rua ou ir ao novo mercado? A reportagem da FOLHA foi a campo pesquisar e descobriu que, em termos de preço, há diferença. Nas feiras livres, itens como verduras, legumes, compotas, sucos e ovos são mais baratos. Mas a diferença é pequena.

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Cabe ao consumidor decidir se compra na feirinha mais próxima de casa ou no Mercado de Orgânicos. A diferença básica está na variedade. O setor novo do Mercado Municipal oferece, além dos produtos encontrados na feira-livre, opções diferentes como peças de vestuário, produtos cosméticos e itens alimentícios importados. Há também a questão do conforto. Banheiros novos e praça de alimentação com restaurante orgânico, lanchonete e café estão presentes no Mercado de Orgânicos, além da facilidade do estacionamento.

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Para quem gosta, porém, nada substitui a fidelidade ao feirante preferido. No mercado novo, a sensação ainda é de vazio - há boxes não ocupados e poucos clientes durante a semana. Também predomina uma certa frieza asseptica, pois tudo é recém-inaugurado e pintado de branco. Na feira, o clima é de rua mesmo. Como acontece em toda feira-livre, as orgânicas também possuem clientes conhecidos, que comparecem toda semana. As barracas ainda oferecem aquele charme adicional da possibilidade de barganhar, ganhar brinde e bater papo com o feirante.

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A feira da Praça do Expedicionário, que acontece toda quarta-feira pela manhã, é pequena - mas tem movimento garantido. Muita gente vai se abastecer ali, a poucas quadras do novíssimo Mercado de Orgânicos. O feirante Wagner Mendes, que também é produtor - o que é comum nessas feiras - conta que tem clientela fiel, embora não muito numerosa. De acordo com ele, a feira orgânica dos sábados, no Passeio Público, é bem agitada. ''É mais conhecida'', observa Mendes, que participa das duas. A feirinha do Passeio foi a primeira a funcionar em Curitiba. Precursor da produção orgânica, o engenheiro agrônomo Mauricio Burmester do Amaral, que conseguiu a implantação dessa primeira feira-livre especializada e já é falecido, foi homenageado na inauguração do Mercado.


Graças ao trabalho pioneiro de Burmester, gente como Wagner Mendes se volta para a produção orgânica com mais segurança. Ele cria 500 galinhas soltas, como mandam as regras biodinâmicas, para vender os ovos em feiras. A chácara, em Mandirituba, na região metropolitana de Curitiba, vai crescer. Mendes pretende ampliar a produção de ovos caipiras e fornecer para mercados e outros pontos comerciais. ''Estamos fazendo tudo direitinho conforme as regras e logo vamos receber certificação'', comemora o produtor, antevendo bons negócios.

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No Mercado de Orgânicos, tudo é muito recente, mas a expectativa também é de crescimento. Mariana Toyama, da loja Organique Essentiel, conta que no fim de semana o movimento é grande. Há os consumidores que conhecem e buscam os produtos orgânicos, e muitos que chegam curiosos, perguntando e querendo entender a diferença para os demais. Na loja onde Mariana trabalha há uma variedade incrível de produtos, entre chocolates, compotas, sucos, conservas e outros alimentos. Os preços são mais altos em relação aos itens não-orgânicos, mas de acordo com ela, cada vez mais gente está optando por essa alternativa saudável. ''Atendemos desde jovens que moram sozinhos até famílias inteiras. Gente de todas as idades'', conta.


O QUE SÃO ORGÂNICOS

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Mercado oferece variedade grande de produtos, entre chocolates, compotas, sucos, conservas, entre outros


• Produtos orgânicos são resultado de um processo de cultivo e produção sustentável, que envolve o uso adequado da terra e dos recursos naturais. É uma forma natural de produzir verduras, frutas e outros alimentos ou matérias primas, sem o uso de agrotóxico e outros químicos, sementes geneticamente modificadas, conservantes, corantes e antibióticos. Além de ser mais limpa, a produção orgânica também é socialmente mais justa e favorece o pequeno produtor rural.

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Como são feitas as confecções com algodão orgânico


• O fio é tecido em teares manuais e algumas indústrias têxteis fabricam o brim (para as calças jeans), o linhão (usado em bermudas) e a tricoline (para camisas);

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• As coleções apresentam características mercadológicas especiais, distintas do mercado tradicional de moda, nos aspectos de comportamento de compra, tendências nas linhas de produto, níveis de preço, sazonalidade, canais de distribuição e comercialização, dimensão dos maiores mercados consumidores. Assim, o algodão ganha sofisticação e entra para o mercado nacional e estrangeiro;


• A confecção das roupas está nas mãos de artesãos das pequenas empresas do setor, portanto fora dos padrões da indústria convencional. É também um aspecto fiscalizado quando da certificação, já que um dos critérios da produção biodinâmica é também a geração de renda na região.

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MERCADOS E FEIRAS TRAZEM PRODUTOS DIVERSIFICADOS


Inaugurado em 12 de fevereiro, o mercado tem 3.700 metros quadrados, com dois pisos e estacionamento. Entre os pontos já instalados e funcionando, estão duas lanchonetes, um restaurante, três mercearias, um açougue, uma loja de artesanato, uma loja de cosméticos, uma loja de confecção e oito bancas de vegetais e produtos processados. Todo o comércio dentro do mercado conta com certificação orgânica, feita por instituições como o Instituto Biodinâmico (IBD) e o Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar). São dois tipos de certificação, para os produtos e para as lojas.


O piso superior do Mercado de Orgânicos tem um anfiteatro, projetado para abrigar cursos e reuniões para lojistas, agricultores e empresários. O objetivo é estimular rodadas de negócios orgânicos. Há também uma cozinha completa, especialmente montada para cursos de culinária. O espaço foi inaugurado recentemente com aulas para 30 alunos do curso de Chef de Cozinha da escola Centro Europeu. O uso dos espaços por terceiros é feito mediante pedido e aprovação da Secretaria do Abastecimento.


Feiras livres


A Prefeitura de Curitiba informa que a Secretaria Municipal do Abastecimento coordena as feiras orgânicas em nove pontos da cidade. Atualmente, 48 famílias de agricultores de 11 municípios da região metropolitana são beneficiadas com a venda direta nesas feiras, que comercializam 470 toneladas de produtos por ano.

Além disso, nos 19 municípios próximos a Curitiba, são cultivados 553 hectares de área de lavoura orgânica, envolvendo um total de 430 famílias de agricultores. A cultura mais comum é de hortaliças, com produção anual de 3,8 mil toneladas, que corresponde a cerca de 40% da produção de hortaliças orgânicas cultivadas no Estado.


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