Dia 15 de junho, o Brasil entra em campo para enfrentar a Coréia do Norte, em seu primeiro jogo na Copa do Mundo 2010. A partir daí, se a seleção convocada pelo técnico Dunga mostrar que o Brasil é realmente o país do futebol, o time canarinho terá mais seis jogos pela frente até chegar à final da Copa, dia 11 de julho, e conquistar a taça de campeão do mundo no estádio de Johannesburgo, na África do Sul.
Do lado de fora do campo, a paixão dos brasileiros pelo futebol é a garantia de que a seleção não está sozinha. Nas ruas, muitas vitrines já se vestiram de verde e amarelo dando uma mostra de que, se depender do comércio, a torcida poderá contar com muitos apetrechos para animar a festa.
O comércio do setor de festas e de artigos esportivos, aliás, já considera a Copa do Mundo, que acontece a cada quatro anos, um dos pontos altos em seu calendário de vendas, equiparada a outras datas de peso, como Páscoa, Carnaval e festas juninas.
A Associação Comercial do Paraná (ACP) não tem uma estimativa sobre o crescimento no comércio em função da data, uma vez que o aquecimento ocorre em setores específicos. É o caso das lojas de artigos esportivos. A Fairplay Brasil, especializada em futebol, aposta em um aumento nas vendas de no mínimo 40% a partir de junho.
''Em maio, as vendas de camisas das seleções já aumentaram 10% a 20%. Mas quando a Copa começar, em junho, as compras vão aumentar bem mais'', diz Nielsen Carvalho, gerente de compras da loja, que incrementou seu estoque com produtos de todas as seleções.
A maior procura é pelas camisetas oficiais, não apenas do Brasil, mas também dos outros times. A camisa custa em torno de R$ 179, e a loja dispõe de camisetas de praticamente todas as seleções. Além do Brasil, segundo ele, a demanda é maior por camisetas de países como a Itália, Japão, Ucrânia e Alemanha, que tem colônias expressivas na Capital. A loja também tem outros itens com as cores do futebol, como agasalhos, jaquetas e camisetas de passeio.
A Bandeiras Símbolo, fábrica de bandeiras oficiais em Curitiba, também está otimista. ''Estamos dobrando a nossa produção. A expectativa é pelo menos dobrar o faturamento'', diz a sócia-administrativa Angelita Fernandes. Ela conta que, por enquanto, donos de lojas, bares e restaurantes, são os que mais procuram bandeiras de todas as seleções para decoração. Para dar conta da produção maior, a fábrica, que tem 15 funcionários, vai contratar mais duas ou três costureiras.
Nas lojas de festas e embalagens, a quantidade de itens é imensa, tanto que a maioria destes estabelecimentos montou um espaço especial apenas para os itens relativos à Copa. ''Futebol é o que o Brasil faz de melhor, então a gente tem que apostar'', diz Lisiane Alves, uma das proprietárias da Big Festas, com três lojas na Capital. A loja oferece cerca de 60 mil produtos e só entre as miudezas da Copa, ela calcula mais de 5 mil produtos.
Jorge Luiz Augustin, responsável pelas compras da Sete Festas, conta que é a primeira vez que a loja - cujo carro-chefe é o Natal- aposta na Copa. ''Exageramos mesmo nas compras, mas acho que vai vender mais do que na Páscoa'', diz. Augustin conta que investiu cerca de R$ 100 mil em produtos, que consistem basicamente em miudezas com baixos preços. O item mais caro é uma corneta, que custa R$ 59. Ao todo, a loja tem 170 itens, cada um em vários modelos.
As lojas têm de tudo, desde painéis de EVA para parede, lanternas decorativas, vários modelos de chapéus, cornetas, tiaras, óculos, bandeiras e perucas, aventais, toalhas e até vestido junino nas cores verde e amarelo. Duas novidades sobressaem no meio de tantos produtos. Uma delas são os produtos juninos, que ganharam as cores da seleção brasileira, de forma a unir as duas festas, já que ambas acontecem na mesma época. Outra inovação é a linha de produtos para aniversário com o tema da copa, o que inclui convites, guardanapos, copos e pratos, velas e chapéis de papel.
Quanto custa
Preços médios dos acessórios para a Copa:
■ Painéis de EVA para parede - de R$ 5,90 a R$ 35 (conforme modelo e tamanho)
■ Lanternas decorativas - de R$ 5,90 a R$ 15
■ Chapéus - de R$ 2 a R$ 15
■ Cornetas - de R$ 1,50 a R$ 59
■ Tiara - R$ 6,00 a R$ 13 (pacote com dez)
■ Perucas - R$ 5,60 a R$ 15,90
■ Bandeiras - de R$ 0,50 a R$ 52,00
■ Avental - R$ 21,00
■ Lança confete - de R$ 3,45 a R$ 12,95
■ Vestido junino - R$ 29 a R$ 64
Clima da competição contagia clientes
Para a cliente Rochele Bucheridge, a linha de produtos de aniversário com motivos da Copa caiu ''como uma luva''. O filho, que vai fazer 9 anos queria uma festa inspirada no futebol. ''Tem bastante opção e com criatividade dá para fazer uma festa bonita sem gastar muito'', diz. Além de estudar opções menos onerosas, ela também revela preocupação em fazer uma festa que não impacte tanto no meio ambiente. Por isso, sua prefência por produtos que possam ser reutilizados. Os copos e pratos descartáveis também darão lugar à louça de vidro.
Segundo a vendedora Lya Turek, da Sete Festas, até agora o maior movimento foi de lojistas à procura de itens para decorar suas lojas, mas muitos torcedores já começam a procurar o comércio para garantir a festa nas suas casas. Ela conta que já atendeu torcedores que vão para a África do Sul assistir os jogos.
''O brasileiro adora futebol, então quando eles (os clientes) veem a loja toda decorada, entram no clima e vão comprando'', diz. As preferências variam conforme o cliente. Torcedores que vão para a África preferiram chapéus molengas, que podem ser dobrados dentro da mala e cornetas que fazem barulho, mas fáceis de carregar. Os gastos também variam, e muitos chegam a gastar até R$ 200 para se vestir e decorar a casa. Quem não faz questão de ter a camisa oficial da seleção, encontra em lojas de festas camisetas do Brasil por no máximo R$ 25.
Márcio Sasso é um exemplo de cliente que não resistiu ao apelo verde e amarelo. Ele entrou na loja para comprar os produtos de aniversário da ''Moranguinho'' para a filha Mikaella, que vai fazer cinco anos, mas acabou saindo com bexigas verde e amerala para decorar a loja dele e uma corneta, ''para comemorar no dia de jogo''.
Segundo Augustin, da Sete Festas, apesar de ainda faltar um mês para a Copa, já está sendo necessário repor alguns produtos. Um dos itens mais vendidos é a bandeirinha para carro, cujo preço varia de R$ 0,60, a de plástico, a R$ 1,35, de pano. ''A expectativa é vender umas 15 mil bandeiras para carro'', diz. Para não faltar, ele já fez uma parceria com a distribuidora paulista, que repõe os produtos sempre que necessário.