Rever determinadas cenas, focar no diálogo dos personagens, observar a expressão dos atores ou simplesmente assistir várias vezes a uma história marcante. Estes são alguns dos fatores que motivam os consumidores fiéis - ou colecionadores - de DVDs. O hábito de consumir filmes tem se popularizado, ainda mais com o avanço da pirataria. No entanto, pesquisa da União Brasileira de Vídeos (UBV) indica que 35% dos consumidores preferem as cópias originais. Desse grupo, 47% compram para colecionar, enquanto outros 48% para presentear.
O levantamento apurou ainda que uma minoria (17%) opta pelos ''produtos piratas''. Essa parcela, segundo a pesquisa, seria formada por pessoas de baixa renda e escolaridade, ao contrário dos que preferem os originais, formados em sua maioria por membros da classe média e com escolaridade mais alta.
Formar uma coleção foi o que motivou Janara Lopes a comprar DVDs. Hoje sua ''modesta coleção'' conta com cerca de 150 títulos originais. ''Já tentei colecionar outras coisas, mas o que realmente consegui foram os DVDs. Sou muito desorganizada na hora de pensar e escrever os títulos que tenho, esqueço com facilidade'', comenta. As cópias, em sua maioria, foram compradas por ela pela internet e em sebos de Curitiba. ''Nos sebos encontro muitos títulos legais, e os DVDs são sempre novos e bem mais em conta do que um novo'', recomenda.
O hábito de comprar filmes já foi maior, quando Janara era assalariada. Ela comprava, em média, quatro títulos por semana. Hoje, atuando como autônoma, o consumo é menor. Os títulos de sua coleção são os mais variados e passam da comédia ao terror. Seu diretor favorito é o americano Wood Allen, carro chefe de sua coleção. A organização é feita por um método particular: afinidade de época. ''Alguns filmes sempre podem ser revistos e não perdem o encanto que causaram na primeira vez. Quase todos os filmes que vi e gostei, comprei. Alguns (poucos) foram comprados por indicação de amigos'', comenta.
No entanto, o que a atrai não é somente a história apresentada, mas os extras, o encarte do filme - características próprias dos títulos originais -, além da qualidade do som e da imagem.
'Geração internet'
Para o proprietário de uma locadora e representante da Playarte Filmes, João Wagner Carvalho dos Santos, as pessoas estão perdendo o hábito de assistir a filmes, pelo menos as que buscam a opção em lojas especializadas. ''A 'geração internet' não vai mais a locadoras, esses em sua maioria são formados pelo público-adolescente. Eles passam mais tempo na frente do computador não só baixando filmes, mas utilizando outras ferramentas da internet'', afirma.
Segundo ele, o público que frequenta as locadoras é formado por crianças e adultos, enquanto os adolescentes não vão mais a esses locais. ''O atrativo da internet é muito maior, tem uma gama de informação maior do que a da vídeo locadora'', resume Santos.
A pirataria tem se tornado uma das ''pedras no sapato'' das distribuidoras de filmes e das locadoras de vídeo. Segundo dados do Sindicato de Locadoras de Vídeo do Paraná, nos últimos dois anos foram fechadas 1.050 lojas legalmente constituídas no Estado. O sindicato afirma que entre outros fatores a pirataria é o que mais motivou o fechamento dessas empresas. Na sua avaliação, Londrina é a cidade onde a pirataria é mais facilmente encontrada no Estado.