Atraídos pelo bom preço e pela praticidade, consumidores estão cada vez mais favoráveis à moda sugerida nos supermercados. São blusinhas, calças, jaquetas, camisas, biquínis, bolsas e casacos que invadem os carrinhos de compras e se revelam tão básicos quanto um pacote de feijão. Prova disso é a rentabilidade do setor anunciada por grandes grupos varejistas. Ao que parece, a democratização da moda aperta o cerco contra o imperialismo das grifes, ao mesmo tempo em que retoma o prestígio do bom, bonito e barato.
A diversificação de produtos nos supermercados teve início no Brasil em meados da década de 70, com o conceito de hipermercado, trazido da França pelo Carrefour. ''É interessante para o setor de supermercados trabalhar com o setor de não-alimentos por causa da margem de lucro mais significativa que podem atingir com essas vendas'', afirma o presidente da Associação Brasileira de Supermercados, Sussumu Honda.
O grupo Pão de Açúcar lançou no último semestre a primeira coleção de roupas da marca Taeq. É a terceira marca própria de vestuário do grupo, que investiu em pesquisa e tecnologia para acompanhar em qualidade e inovação o mix de produtos de grifes de peso do nicho esportivo. Há semelhança entre as marcas, na concepção dos modelos, tecidos utilizados, personalização de peças e aplicação de logomarcas, no entanto, o que o consumidor acaba levando em conta é a diferença de preço. Algumas peças de grife chegam a ser 270% mais caras que os modelos expostos em supermercados. No Extra, que pertence ao Grupo Pão de Açúcar, encontra-se uma calça fusô para ginástica por R$ 29,90 ou bermuda para academia por R$ 19,90. Optar por peças dessa coleção pode gerar uma economia na ordem de 70% para o bolso do consumidor.
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''Nossa primeira estratégia foi mudar a percepção do público em relação às roupas de supermercado. Investimos no visual de merchandising da loja e em desenvolvimento de produtos em termos de qualidade e tendência de moda'', diz o diretor de Têxtil do Grupo Pão de Açúcar, Sidnei Fernandes Abreu.
É verdade que, lá no meio, ainda há umas peças meio esquisitas, fora de moda. Mas em qualquer loja de roupa corre-se esse risco. Contudo, para alguns mercados é preciso dar o braço a torcer, no quesito beleza. É o caso do Grupo Carrefour, cujo os designers parecem estar entusiasmados com a popularização da moda e apostaram no ar retrô para lançarem a nova coleção outono/inverno da rede.
Mas a moda no supermercado também atende o público que opta por um estilo mais essencial, minimalista ou básico. É o caso da arquiteta Michele Freitas, de 24 anos, e do estudante Eduardo Dias, 19. Eles garimpavam nas araras do supermercado justamente peças básicas para o outono. '' Essas blusas (R$ 19,90) eu sempre compro aqui. Nunca fez bolinha e dura pelo menos um ano'', atesta a arquiteta. Flagrado com uma pilha de roupas penduradas no braço, Eduardo se mostrava empolgado com as calças de R$ 49,90 e camisetas de mangas compridas de R$ 19,90. '' Venho ao supermercado para comprar roupas básicas, vale a pena'', diz.