A correria de compras de material escolar até meados de fevereiro, com pesquisa de melhores preços e procura por todos os itens da lista, não pode tirar a atenção de um assunto que reflete diretamente na saúde dos estudantes: qual modelo de mochila é mais adequado e como deve ser usada no retorno às aulas. É neste ponto que entra o dilema entre a mochila da moda (preferida dos estudantes), a de qualidade e melhor preço (a disputada pelos pais) e ergonomicamente correta (unânime entre os ortopedistas).
Na papelaria Avenida, na Capital, a expectativa é comercializar cerca de 600 unidades ao mês, no período de dezembro e fevereiro - 20% acima da temporada anterior. ''O reajuste foi bem baixo neste ano, o consumidor não sentirá impacto na compra'', afirma o proprietário Paulo Henrique Plombom.
O vendedor da casa, Valdemir Fontoura, afirma que os modelos mais procurados são aqueles com figuras de desenhos animados, temas de carros, de histórias infantis, cinema e desenhos japoneses. ''Os lançamentos são os disputados e os pais procuram unir preço e qualidade no momento de satisfazer a vontade do filho. As marcas consagradas são as de maior sucesso'', diz.
Leia mais:
Prefeitura quer beneficiar contribuintes em dia no IPTU com descontos progressivos
Associação de Voluntários do HU promove bazar beneficente
Shopping de Londrina fará liquidação fora de época com descontos de até 70%
Bazar em Cambé venderá roupas a partir de R$ 2
No local, os preços variam de R$ 19,99 até R$ 189. Os modelos com rodinhas de silicone são bastante disputados e podem chegar R$ 150. Os do tipo ''costas'' que têm apenas as correias, apresentam grande variação de preço, dependendo do tecido e marca do fabricante. O trio mochila - estojo - lancheira da mesma linha de produto pode chegar a R$ 200.
Um dos modelos ''da moda'' é uma mochila 2 em 1 feita em lona. Ela tem rodas de silicone com puxador de alumínio e correias para as costas. Outra novidade é uma mochila que traz na parte frontal uma pista de corrida e um porta-carrinhos de seis lugares. ''Lona e silicone são materias de muita saída pela durabilidade. Mesmo assim, é importante que o consumidor verifique os reforços nas costuras, os selos de certificação e os zíperes, por exemplo'', indica o vendedor Fontoura.
A dona-de-casa Patrícia Haddad levou os dois filhos à loja para a escolha das novas mochilas. André, 9 anos e Pedro, 6 anos optaram por modelos de cores sóbrias, mas cada estilo de acordo com o gosto de cada um. ''Eu compro aquela que eles pedem, no entanto, a única exigência é que tenha rodinhas, que foi uma deteminação da escola'', afirma.
Diferente dos dois meninos, a estudante Eduarda, de 7 anos, deseja uma mochila rosa com motivos de princesa, bem chamativa. A mãe, a professora de educação infantil, Juliana Carla Ribeiro de Almeida Jesus, não abre mão de fazer a vontade da filha, mas não antes de uma vasta pesquisa de preço. ''Já encontrei diferença de até R$ 20 de uma loja para outra'', constata. Ela prefere as marcas mais conhecidas ''porque duram cerca de dois anos''. Na compra deste ano, Juliana pesquisou na internet sobre o peso ideal que a filha pode carregar e também os cuidados necessários para que a coluna da criança não sofra. ''Se ela tiver uma postura errada agora, crescerá com problemas que podem ser irreversíveis. Ela sabe que deve carregar a mochila com as duas alças e sem muito peso'', orienta.
Muito além da moda, uma questão de saúde
O ortopedista e especialista em coluna vertebral, Fabio Ravaglia, também membro do Hospital Albert Einstein, alerta os pais para os riscos de uma mochila inadequada, desproporcional e muito pesada. ''Dores nas costas, postura incorreta e desvios na coluna vertebral são alguns dos efeitos colaterais. O peso em excesso, por exemplo, pode dar origem a danos vitalícios, sobretudo comprometer a qualidade de vida e a mobilidade futura'', aponta.
Os males mais comuns do excesso de peso são a cifose (corcunda), a escoliose (desvio lateral) e a lordose (desvio para cima no final da coluna). ''Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) indicam que 85% das pessoas sentem dores nas costas decorrentes de problemas na coluna. E essa dor pode estar relacionada com o peso da mochila utilizada na infância e adolescência'', aponta o especialista.
Um dos erros mais frequentes está no uso de apenas uma das correias no ombro, o que sobrecarrega um lado do corpo. De acordo com o ortopedista, a maneira correta é utilizar duas correias e arrumar os objetos mais pesados no fundo e próximos ao corpo. As alças compridas não são indicadas e a mochila deve ser posicionada a oito centímetros acima da cintura. É uma questão de saúde! O peso da mochila não deve nunca ultrapassar o equivalente a 7% do peso da criança ou adolescente'', orienta, ao recomendar o uso de mochilas com rodinhas. (C.P.)
Dicas do médico
Atenção na hora da compra
- o tamanho da mochila deve ser adequado à estatura da criança, não ultrapassando os limites da cintura e dos ombros;
- o peso da mochila vazia não deve superar um quilo;
- as alças devem ter antichoques siliconados (enchimento interno de silicone) para maior conforto e cinta abdominal associada;
- o estudante deve estar presente na hora da compra, assim os pais podem checar se o tamanho é adequado.
Fonte: Dr. Fabio Ravaglia