Está aberta a temporada do material escolar. A tradicional cena se repete: grandes lojas anunciam promoções enquanto grande parte dos pais sai atrás dos melhores preços. No meio desse cenário, pequenas papelarias tentam driblar a concorrência oferecendo preços compatíveis e serviços diferenciados que vão de encontro ao que os pais modernos procuram: praticidade.
Quem não quer comprar, por exemplo, cadernos e livros já encapados e etiquetados? E ainda levar tudo organizado dentro de um grande saco direto para a escola? É com serviços como esses que a comerciante Regina Soares Gonçalez Petrucci, da Lápis de Cor, vem conquistando clientes. Além de aumentar a clientela, porque um conta para o outro, ela destaca como mérito o fato de conseguir fidelizar o consumidor.
''Os pais hoje trabalham o dia todo e não têm tempo para nada. Quando eles descobrem essas facilidades, acham uma maravilha'', conta Regina, pedagoga que deixou de lado a sala de aula quando abriu a papelaria há 17 anos. Nessa época, ela começou encapando cadernos e livros para atender a uma cliente que não tinha tempo e não parou mais.
A comerciante cobra apenas o material utilizado (plástico comum e durex) e o serviço é cortesia. As cores do plástico obedecem o que as escolas determina, de acordo com cada série. As etiquetas são feitas no computador de forma personalizada. Podem vir com a foto da criança, com símbolos de times de futebol ou com personagens de desenhos animados.
''Nós mesmos tiramos a foto da criança aqui no balcão (com uma webcam). As crianças menores gostam bastante. A partir da 5 série já é mico. Aí entram times, personagens'', diz Regina, que cobra um ''preço simbólico'' (R$ 1) para tirar a foto.
Há cerca de dez anos, a comerciante passou a acondicionar o material em grandes sacos com laços. ''A idéia é que o pai entenda que está presenteando o filho e não veja a compra do material como mais um fardo no início do ano, além do IPTU, do IPVA'', explica Regina. Todo o material é etiquetado com os dados da criança e conferido pelos pais antes de ser embalado.
Também buscando praticidade, a comerciante procura oferecer todos os itens que constam nas listas de materiais das escolas, principalmente para educação infantil, como copos, canecas, pente, caixa de fósforo, toalha de rosto com o nome da criança e por aí afora.
A comerciante Mirian Sâmia Kawakami, da Mirian Presentes, também segue a mesma linha. Oferece tudo o que as listas exigem - inclusive uniforme - encapa livros e cadernos (com contact, cobrando apenas o material) e entrega tudo etiquetado com o nome do aluno. As etiquetas ainda são feitas manualmente, mas a comerciante planeja fazê-las no computador a partir do ano que vem.
''Faço isso há dez anos como forma de conquistar os clientes. As mães que trabalham fora acham ótimo levar tudo encapado e etiquetado'', observa Mirian. O fato de poder comprar tudo de uma vez num só local também atrai os pais que não têm muito tempo, segundo a comerciante. Ela observa que o atendimento personalizado também é chamariz.
''Quando a família tem dois filhos e sabemos que o livro do mais velho pode ser aproveitado pelo mais novo, não incluimos o produto na lista. Às vezes, os pais nem sabem e, se não avisamos, acabam levando sem necessidade'', diz Mirian.
‘A facilidade compensa diferença de preços’
O casal Cassia Mosini Calone D’Aloia e André Luis D’Aloia, ambos servidores públicos federais, não abre mão da praticidade de comprar o material escolar dos filhos já encapado e etiquetado. ‘Todo ano, assim que recebemos a lista já deixamos na papelaria para eles providenciarem. Depois é só passar lá para fazer a conferência e pagar’, conta André.
Ele diz que é cliente de uma única papelaria que oferece serviços extras há vários anos. ‘Se você pesquisar, até acha preços mais baixos no mercado dependendo do item, mas no conjunto compensa pelo atendimento diferenciado e pela facilidade de já levar tudo pronto’, avalia André.
Todos os anos, o casal compra o material no final do ano para evitar correria, mas desta vez deixou para janeiro. Eles contam que não notaram aumento significativo de preço. Os filhos Henrique, 9 anos, e Bruno, 13, costumam estar presentes na compra.
‘O menor (Henrique), que vai para a quarta série, é mais exigente na escolha dos lápis, apontadores, cadernos, canetinhas. Mas, no geral, somos nós (os pais) que escolhemos os principais itens’, afirma André.