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Hora das compras pode servir para ‘educar’ as crianças

Gisele Mendonça
31 dez 1969 às 21:33

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Os quadrigêmeos da engenheira Juliana Trainotti vão às compras, gostam de escolher coisas, mas perguntam primeiro se podem levar - Marcos Zanutto
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As compras, em especial as de fim de ano, na companhia das crianças podem se tornar um pesadelo quando os pais não estabelecem limites. Porém, o momento do consumo bem organizado é uma boa oportunidade para ensinar aos pequenos sobre escolhas, limites, paciência, relação com dinheiro, entre outros conceitos de comportamento. Segundo a psicóloga Kellen Escaraboto, conversar com a criança sobre o que pode e o que não pode ser feito, antes de chegar ao estabelecimento, é o caminho mais correto.

Ela diz que a partir dos 2 ou 3 anos de idade já é possível estabelecer algumas definições sobre onde vão, como esperam que a criança se comporte e o que ela poderá comprar. Quando a criança é muito pequena, no entanto, os pais devem evitar compras demoradas, pois o limite dela é curto. ‘O que não pode acontecer é ir dando tudo o que a criança quer a fim de ‘comprar’ seu bom comportamento’, afirma Kellen.

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A psicóloga destaca que a fala dos pais tem que ser sempre positiva (‘quero que você fique bem’) e nunca valorizar o aspecto negativo (‘eu não quero que você faça choradeira’). ‘O importante é não dar a deixa para a criança sobre que ela pode fazer para chamar a atenção dos adultos’, repara.

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Em um supermercado, por exemplo, é bom que os pais estabeleçam limites sobre o que a criança poderá escolher para si mesma. Dependendo da idade, devem falar sobre valores. ‘Uma paciente minha disse para a filha que ela poderia comprar ‘uma coisa’ e ela escolheu um computador. Imagine o transtorno. Neste caso, vale a pena ser paciente, pois a criança pode ir trocando a sua ‘coisa’ até chegar no caixa, até decidir o que realmente quer’, avalia a psicóloga.

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É interessante também estabelecer conseqüências caso a criança não siga o que foi combinado. Na opinião da psicóloga, isso envolve a perda ‘de verdade’ do que ela iria escolher. Quando surge a birra, Kellen lembra que os adultos devem se manter firmes e não ceder, caso contrário a criança vai entender que é só chorar para ganhar.


‘Amar uma criança é ensiná-la sobre o que é certo ou errado. Mas hoje os pais acreditam que o amor muitas vezes está fundamentado em mostrar para o filho: ‘eu te amo, pois faço tudo para você’, quando na verdade é o contrário: ‘eu te ensino porque te amo e quero que mais tarde aprenda a lidar com as frustrações que a vida vai lhe impor’, contextualiza Kellen.

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Quanto ao ato de presentear os pequenos, a psicóloga orienta que eles têm que esperar pelo presente para que possam valorizá-los. Ela diz que o presente deve vir no momento oportuno e não quando a criança quer.


Kellen alerta que uma criança sem limites pode desenvolver os mais variados transtornos comportamentais quando adulto. Em relação ao consumo, um dos riscos é a compulsão por comprar. ‘São indivíduos que não conseguem estabelecer limites para o que compram e, conseqüentemente, não avaliam o que já têm e o que querem’, afirma a psicóloga.

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Mãe de quadrigêmeos ‘negocia’ com as crianças


Mãe de quadrigêmeos, a engenheira elétrica Juliana Martins Menotti Trainotti desenvolveu uma forma particular de ir ao supermercado levando Bárbara, Débora, Giovana e Felipe, de 6 anos. ‘Como eles são miúdos, coloco todos em um único carrinho e num outro vou depositando as compras’, diz ela, que conta com a ajuda do marido na maioria das vezes. Ela diz que nunca escolhe levar um ou outro filho. ‘Quando levo, são todos’

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O temperamento das crianças aliado à educação que recebem faz o momento de consumo da família ser tranqüilo. ‘Até que eles não me dão trabalho. A maior dificuldade é transportar todos juntos mesmo. Eles vão bem no carrinho, só que às vezes um ou outro quer descer e vai acompanhando’, relata.


Segundo Juliana, como acontece com qualquer criança, os filhos dela também pegam coisas nas prateleiras, vão colocando no carrinho e, às vezes, querem abrir os pacotes. ‘Mas eles aprenderam a perguntar se podem levar e se é muito caro. Às vezes digo ‘isso não é bom para vocês’, tento negociar, eles aceitam bem. Como sabem que não podem abrir pacotes antes, ficam os quatro querendo passar primeiro no caixa com aquilo que escolheram’, conta.


Momentos de birra, típicos de supermercado, os quadrigêmeos não costumam protagonizar, segundo a mãe. ‘Eles já viram umas duas crianças fazendo isso e eu comentei que era muito feio, que não podia. Acho que entenderam’, acredita. Juliana diz que a situação mais incômoda é quando os quadrigêmeos começam a brigar entre eles.

‘Eles gostam muito de ajudar a escolher produtos, colocar nos saquinhos, e a gente tem que administrar isso. Às vezes acontece de um pegar uma sacola do outro, daí pode começar uma briga’, conta Juliana. A decisão sobre o que comprar é sempre no coletivo. ‘O que compro para um, compro para todos’, diz.


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