O comércio de carros usados permanece em alta, mesmo com a isenção do IPI para os carros novos. A procura é considerável, especialmente para veículos entre 10 a 15 anos de uso. Este mercado atende a um segmento de público que não está em condições de comprar um carro zero no momento ou que não quer assumir os juros de financiamento de um semi-novo. O consumidor, entretanto, deve tomar alguns cuidados na hora de comprar com mais de 10 anos, procurando um lugar seguro e que ofereça garantias.
O empresário Dorival Marçal, dono de uma oficina mecânica no centro de Londrina, dá uma série de dicas para a pessoa que está pensando em comprar um carro, em especial se o veículo se tiver entre 10 a 15 anos. Segundo ele, um veículo nestas condições já rodou entre 100 mil e 150 mil quilômetros, estando com 40 a 50% da vida útil do motor comprometida.
Por isso, a primeira recomendação é levar o carro à venda em uma oficina especializada antes de se fechar o negócio. ''Quando você compra um carro com mais de 10 anos, sempre haverá alguma coisa em termos de manutenção a ser feita; o correto é levar o veículo a uma oficina para um técnico avaliar as condições gerais do carro, o motor e a parte de transmissão''. Além da partes mecânica e elétrica, Marçal diz que o comprador deve observar bem a lataria do veículo.
Leia mais:
Prefeitura quer beneficiar contribuintes em dia no IPTU com descontos progressivos
Associação de Voluntários do HU promove bazar beneficente
Shopping de Londrina fará liquidação fora de época com descontos de até 70%
Bazar em Cambé venderá roupas a partir de R$ 2
O empresário cita outros dois detalhes que merecem atenção. Um deles é quando quem vende diz que o carro só teve um dono. ''A quantidade de donos não quer dizer nada porque pode acontecer que o carro só teve um dono que não cuidava de maneira adequada, enquanto o carro pode estar bem conservado mesmo tendo vários donos, se cada um cuidou dele um pouquinho''. O segundo detalhe é quando a pessoa diz que o carro tem baixa quilometragem porque só foi usado na cidade. ''Às vezes, é melhor você comprar o carro de uma pessoa que viaja, que está com alta quilometragem, mas com a manutenção em dia, porque esse carro não vai dar problema na estrada. Muitas vezes comprar um carro com baixa quilometragem e que só andou na cidade, pode ter mais problemas do que o outro mais rodado. Isso é muito importante na hora da compra''.
Marçal defende ainda a mudança de conceito na relação entre o dono do carro e a oficina. Segundo ele, o normal é a pessoa levar o carro a uma oficina apenas na hora que ele apresenta algum defeito, quando o correto seria fazer a manutenção preventiva. ''Eu digo que sempre aparece um monte de coisas quando você fica muito tempo sem ir ao médico, e com o carro é a mesma coisa. Um dos maiores problemas hoje nesse mercado é a falta de prevenção, que, infelizmente, são poucos que fazem. O correto é fazer uma verificação completa no veículo pelo menos uma vez por ano''.
A pessoa que for comprar um carro com mais de 10 anos de uso deve estar consciente também que um veículo nesta circunstância gasta um pouco mais de combustível. ''Como um carro deste já tem o desgaste do motor, ele perde parte da potência e o motorista precisa acelerar mais para que o desempenho seja melhor, o que vai aumentar o consumo de combustível. É possível que o consumo seja até 10% superior ao de um carro novo''.
Para compra financiada taxas merecem atenção
O presidente do Sindicato do Comérvio Varejista de Veículos de Londrina e Região, Carlos Picchi, sugere que ‘o consumidor faça bem as contas’ antes de comprar um carro com mais de 10 anos de uso. Segundo ele, embora as taxas de juros para financiamentos desse tipo de carro registrem baixas, elas permanecem altas se comparadas às de veículos mais novos.
Por isso, Picchi orienta que antes de fechar contratos o interessado busque orientação profissional sobre a taxa real dos juros para não correr o risco de pagar mais caro. O empresário lista mais alguns cuidados, como saber quem era o proprietário do veículo; levar o carro para um mecânico de sua confiança ou para uma concessionária autorizada para verificar bem o estado de manutenção.
Picchi afirma que a falta de manutenção é um dos problemas mais sérios da frota nacional de carros. ‘O brasileiro não tem muita consciência da questão de segurança e acha que a manutenção do carro é cara, mas ele deve pensar que a vida dele e dos outros representa muito mais. A maior parte dos acidentes acontece por falta de uma cultura de disciplina para a manutenção dos veículos’.
Segundo ele, a manutenção pode deixar um carro de 15 anos em boas condições de uso, assim como um carro com metade do tempo pode estar sucateado por falta de cuidados.
Renavam permite checar informações sobre o veículo
O chefe da Circunscrição Regional de Trânsito (Ciretran) de Londrina, Kenji Miyazaki, diz que os dados sobre a situação do veículo usado podem ser obtidos no site do Departamento de Trânsito (Detran) do Estado. Para obter as informações sobre débitos com multas, IPVA ou licenciamento, o interessado deve colocar no campo específico o número de placa do veículo ou do o Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam). O site www.detran.pr.gov.br tem linck com a Polícia Civil para informações sobre furtos e roubos de veículos.
E mesmo que a pessoa faça a conferência de toda a documentação e dos dados do veículo, o chefe da Ciretran diz que a melhor dica que pode passar para quem está comprando é saber a procedência do veículo. ''O principal para se ter uma certa segurança é comprar o carro de um lugar em que se saiba a origem e vir acompanhado de todas as garantias possíveis para você saber a quem procurar no caso de algum problema'', afirma Miyazaki.