Seu bolso

Casamento requer amor e... planejamento

31 dez 1969 às 21:33

Casar é realizar um sonho - mas é preciso que os noivos tenham os pés bem no chão para que o futuro não seja desastroso. Ao decidir pela união formal, o casal precisa compartilhar não só amor, desejos e planos. Dinheiro é parte importante do enlace. Sem planejamento financeiro adequado, a vida a dois começa com dívidas, e o sonho pode virar pesadelo.

Para evitar a situação, o caminho é planejar e poupar. O objetivo é fazer cerimônia, festa e lua-de-mel da melhor forma possível, adequando o casamento as vontades e a situação financeira do casal e suas famílias, para começar a vida a dois sem endividamento. Ideal é começar a guardar dinheiro dois anos antes do casamento. Menos do que isso, dizem os consultores, pode ser pouco tempo para juntar os recursos necessários para tudo que um casamento demanda - incluindo até a entrada em um imóvel próprio. Mais do que dois anos, por outro lado, pode ser um período muito longo para os noivos esperarem.


Breno Lemos, professor de Macroeconomia na PUC-PR, calcula que um tempo muito curto de poupança, como seis meses, exigiria um grande fluxo de renda dos noivos. ''Seria preciso reservar cerca de 4 mil reais por mês. Isso para uma cerimônia modesta'', observa. Além disso, em apenas seis meses, o rendimento de qualquer aplicação financeira seria muito pequeno. ''Já por um ano, o cenário melhora. Qualquer aplicação conservadora dá um retorno de 9,5% líquidos, um bom rendimento'', analisa o especialista. O período entre um ano e meio e dois anos é ainda melhor, conclui.


Ele recomenda ''paciência e muita pesquisa'' para quem pretende casar. Afinal, como em todo setor de grande demanda, a indústria do casamento proporciona aos noivos um leque bem amplo de opções, entre serviços e produtos, como bufê, bolo, doces, fotografia e vídeo, som e música, lembranças, vestido de noiva, viagem de lua-de-mel. A lista é enorme e vai do básico até desejos bastante específicos do casal. ''A chave é mesmo o planejamento'', recomenda Lemos.


Para guardar o dinheiro a ser utilizado para o casório, Breno Lemos recomenda que os noivos se afastem de aplicações financeiras agressivas, que apresentam alta rentabilidade e também alto risco. ''A poupança sem dúvida é um porto seguro, mas a grande vedete do momento são as CDBs, com resgate de um ou dois anos'', comenta o professor. Ele lembra que é preciso pesquisar também para fazer a aplicação. ''Os custos de administração variam de banco para banco'', observa.


Escritor e consultor financeiro, Raphael Cordeiro faz coro na receita. ''Nada de aplicações de alto risco. Já pensou perder o dinheiro na véspera do casamento? Nem pensar'', comenta o autor do livro ''O Sovina e o Perdulário''. Cordeiro também recomenda como ideais o CDB e títulos de renda fixa, que apresentam boa rentabilidade. Títulos públicos também são indicados pelo consultor, pois podem render o equivalente, ou mais, e apresentam menor risco.


Raphael Cordeiro exemplifica com uma situação real. Se os noivos conseguem guardar R$ 1,5 mil por mês, aplicando o dinheiro durante dois anos, podem fazer um belo casamento. O principal, de acordo com o consultor, é estarem os dois em sintonia e planejar juntos. ''O primeiro passo é cada um ter seu orçamento pessoal organizado. Assim, se for necessário, pode-se reduzir despesas para juntar os recursos do casamento desejado'', analisa.


Importante, dizem os especialistas, é começar a vida nova sem dívidas. ''Os noivos podem até ter uma ou outra briga quando estão planejando, mas isso não estraga o relacionamento. Pelo contrário, compartilhar o projeto financeiro do casal é bom, indica que estão no caminho certo. Dá para amar e ter os pés no chão. Muito pior é casar e começar a brigar por causa de dinheiro, justamente na época de começar a vida ao lado da pessoa amada. Isso sim é que estraga o romance do casal'', diz Raphael Cordeiro.


Por isso, o ideal é mesmo juntar e aplicar os recursos, para pagar tudo a vista. ''A capacidade de negociação é muito grande para quem tem o dinheiro na mão. É preciso pesquisar, negociar e pedir descontos reais'', diz Breno Lemos. O casal deve evitar ao máximo contratar serviços ou adquirir produtos para o casamento em parcelas. ''Fica mais caro e joga a dívida para a frente'', aponta Raphael Cordeiro.


Para ele, quem é naturalmente desorganizado com orçamento pessoal e não lida bem com finanças é quem deve procurar uma consultoria, independente de seus rendimentos. ''É um serviço essencial para quem tem dificuldade com números'', observa. ''Porém é desnecessário para quem é organizado e já tem familiaridade com o orçamento''. De acordo com Raphael Cordeiro, o casal deve entrar em sintonia nesse quesito e fazer o orçamento a dois, antes de casar. ''Não adianta um ser bem certinho com as contas e o outro desandar, e não seguir o planejamento. É briga na certa'', afirma. Quem quiser usufruir alguns conselhos práticos e dicas de Cordeiro, pode consultar o blog ''O Guardião do Seu Dinheiro'', dentro do site www.raphaelcordeiro.com.br.


Pesquisa de preços garante mais economia


Dá para casar gastando menos do que se imagina? Segundo a organizadora do salão Noiva Sul, Rosicler Ribeiro de Campos, sim. Há quatorze anos produzindo o evento, que reúne fornecedores e prestadores de serviço de todas as gamas e faixas de preço para casamento, ela tem acompanhado a evolução da indústria do casamento e as novas tendências que vão surgindo nesse setor.


De acordo com Rosicler, vem aumentando, por exemplo, a procura por casamentos em dia de semana. A economia pode chegar a 30% em média. ''Bufês, salões de festa e outros fornecedores oferecem bons descontos para quem marca casamento entre segunda e quarta-feira. É a mesma lógica dos salões de beleza que fazem promoções durante a semana'', explica.


Outra forma de economizar no casório é buscar fornecedores que estão entrando no mercado e procuram firmar o nome. Para isso, trabalham com qualidade e preços competitivos, observa Rosicler. Ela observa o crescimento da tendência atual de procura por opções mais econômicas, enquanto por outro lado, uma boa parcela de noivos e suas famílias escolhem casamentos superproduzidos. O mercado se adapta e oferece as opções. ''Sei de um expositor da feira que vai lançar um pacote fechado de casamento a R$ 10 mil no total'', aponta.


Mais do que tudo, a recomendação é: pesquisar, pesquisar e pesquisar mais ainda. ''Há muita variação de preço. Por isso tem que gastar um bom tempo procurando e checando para analisar cada item com calma e não decidir por impulso, de última hora. Vale a pena ir em outros casamentos, e observar o trabalho dos profissionais envolvidos'', afirma.


No salão Noiva Sul, que abre nesta quinta-feira e vai até domingo (24), no Embratel Convention Center, ela garante que há de tudo para todos os bolsos. ''É uma feira democrática'', aponta. ''Estamos com quase 200 expositores, então há produtos e serviços voltados para todos os segmentos, desde os casamentos top até os mais simples'', garante Rosicler Ribeiro de Campos, acrescentando que o importante é manter o brilho e o glamour, mesmo que gastando pouco. ''Afinal, é um momento especial'', conclui.


Não esquecer: vida a dois gera novas despesas


Aos 31 anos, o consultor Raphael Cordeiro é um exemplo dos conceitos que recomenda. Ele e a esposa, quando noivos, planejaram direitinho o orçamento do casal, os custos do casamento e a futura vida a dois. Foram dois anos guardando e aplicando dinheiro para a ''empreitada''. Tudo deu certo e, claro, o casal mantém o orçamento em dia.


''Quem vai casar deve se lembrar que o começo da vida a dois gera novas despesas'', lembra. E assim vai. Quando chegam os filhos é preciso pensar na educação deles, também na aposentadoria do casal, trocar de carro, adquirir imóvel para morar, outro para o lazer. Parece difícil pensar e planejar, mas não é. Uma vez que se aprende e organiza o fluxo e as aplicações, tudo fica mais fácil e torna-se possível realizar sonhos, explicam os consultores.


A publicitária Caroline Schelbauer de Souza, com 24 anos, e o advogado Alexsandro Gomes de Oliveira, da mesma idade, são exemplo de casal pé-no-chão. Noivos há dois anos, começaram a juntar dinheiro há um ano. Ainda não marcaram a data para a cerimônia, mas pretendem que aconteça em 2009. Até lá, colocam dinheiro na poupança e cortam despesas para alcançar as metas.


Caroline diz que, para eles, o mais importante é comprar um imóvel. ''Não queremos começar a vida pagando aluguel'', explica. Por isso, diz ela, se for necessário cortar custos, pretendem reduzir a festa. ''O casamento pode ter uma festa mais simples, para família e amigos mais próximos. A prioridade é ter o apartamento próprio e não casar endividados'', resume.

Chegar ao objetivo exige certo sacrifício. ''A gente não viajou no último feriado, por exemplo. Muita coisa deixamos de fazer para não gastar agora. O importante é que estamos conseguindo cumprir a meta, o que nos motiva é que temos muita vontade de casar'', explica Caroline. Para ela, outro fator importante é a sintonia deles. ''Somos, os dois, organizados financeiramente, e nos comprometemos com nosso objetivo de casamento. Assim um dá apoio para o outro. Sabemos que é uma etapa da vida'', conclui.


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