Comprar ou recarregar um extintor de incêndio não é hábito rotineiro para a maioria das pessoas. Muitas vezes, a preocupação envolve apenas como utilizá-lo de maneira adequada em uma situação de risco, mas deixa de lado os cuidados fundamentais na hora de adquirir o produto. Um dos principais pontos é que para cada tipo de fogo existe um extintor apropriado e a escolha errada no momento da compra pode causar sérios prejuízos ao consumidor.
O tenente Rodrigo Nakamura, do Corpo de Bombeiros de Londrina, explica quais são os extintores mais comuns no mercado e para quais classes de fogo eles são eficientes. ''Os de água combatem fogo de classe A, ou seja, quando é gerado por combustíveis sólidos como madeira e papel. Os cilindros carregados com pó químico geralmente são utilizados para fogos da classe B, que são líquidos inflamáveis, e a classe C, constituída de equipamentos elétricos. Há ainda o extintor de CO2 (dióxido de carbono), também próprio para as classes B e C'', pontua.
Mesmo com todas essas especificidades, alguns detalhes evitam perdas ainda maiores em um possível incêndio. O empresário Gilson Bonfim Gomes, proprietário da Londrifire Extintores, comenta que para aparelhos sensíveis, a utilização do pó químico não é a melhor opção. ''Por possuir agentes corrosivos, o pó invade alguns componentes internos e pode danificá-los'', salienta o especialista.
Para que não haja dúvidas em relação à utilização do produto em determinado foco de incêndio, uma ótima alternativa são os extintores ABC, aqueles indicados para as três classes de fogo. ''Eles ainda não são muito comuns e o investimento na compra é significativamente maior. Entretanto, são bem eficazes para qualquer emergência'', certifica Gomes. Só pra se ter uma idéia, um extintor de 1 kg da classe BC para automóveis (não são mais fabricados, apenas recondicionados), custa de R$ 15 a R$ 20. Já um ABC sai em média R$ 40.
Diferença no preço que traz grandes vantagens. É bom lembrar que algumas vezes um foco de incêndio engloba duas ou três classes de fogo e um extintor restrito a apenas uma classe pode, além de perder eficiência, piorar o quadro. ''Fogo da classe B ou C, por exemplo, não deve ser apagado com extintores de água. O risco de diluir os líquidos inflamáveis e alastrar o fogo é grande. Nos equipamentos elétricos, geralmente ocorrem choques e curtos-circuitos'', relata o tenente Nakamura.
E no caso da utilização do extintor, mesmo que apenas uma descarga curta tenha sido acionada, é recomendável fazer a recarga. ''Ele pode ficar despressurizado e não funcionar de forma efetiva na próxima ocasião. Os extintores de água e pó químico ainda devem ter uma manutenção anual, independentemente se forem usados ou não'', completa o empresário Gilson Gomes.
Consumidor deve ficar atento a testes e recargas
Em Londrina existem diversas empresas que prestam serviço de recarga para extintores de incêndio. Porém, o consumidor deve ficar atento para não sofrer alguns tipos de fraudes comuns já constatadas no setor.
No momento de requisitar o serviço para extintores de pó químico, verifique se a empresa compra o agente inibidor de fogo de algum fornecedor certificado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), através do site www.inmetro.gov.br.
Quem trabalha nesta área está proibido de reutilizar pó químico em qualquer circunstância. ''Uma boa ideia é descarregar todo o extintor antes de levá-lo para a recarga. Assim, o pó químico não terá como ser reaproveitado'', comenta o tenente Rodrigo Nakamura, do Corpo de Bombeiros.
Outra dica é desconfiar de serviços muito mais em conta do que dos concorrentes. O fraudador pode recarregar o cilindro com menos agente do que o estipulado ou comprar pó químico adulterado de firmas clandestinas. ''O cliente não sofre apenas o prejuízo do extintor, mas também perde outros bens devido à ineficácia do produto. A recarga, de modo geral, corresponde a apenas 20% em relação ao valor de um extintor novo'', analisa o comerciante Gilson Bonfim.
Vale ressaltar que a cada cinco anos o equipamento deve passar por um teste hidrostático. Nesse teste são avaliados um a um os diferentes componentes do cilindro como vazamentos na válvula e mangueiras e até micro vazamentos e corrosões no recipiente. ''Caso ele seja reprovado no teste hidrostático, está condenado e não é mais utilizado'', finaliza Gomes.
Passo a passo
Como manusear um extintor
1) Rompa o lacre de segurança
Todos os extintores, recondicionados ou novos, devem vir com um lacre plástico para comprovar que não tiveram utilização prévia. É aconselhável que esse lacre seja rompido logo que o extintor for adquirido, evitando problemas no momento do incêndio.
2) Passo: Retire o pino da válvula de disparo
Na válvula do extintor, existe um pino de segurança que impede que o agente inibidor do fogo saia acidentalmente. Por isso, antes de acioná-lo, retire-o calmamente, obtendo êxito no funcionamento.
3) Passo: Cuidado com as mãos
Nos extintores de água e pó químico, as mãos podem tocar diretamente na mangueira durante o acionamento. Já nos de CO2, elas devem ficar sobre um suporte conhecido como ''punho''. Tocá-las diretamente na mangueira pode ocasionar queimaduras, pois o gás sai do cilindro a uma temperatura de menos 79ºC.
4) Passo: Direcione o jato na base do fogo
Independente da classe do fogo, mire o jato na base da chama e faça movimentos em ziguezague. Dessa forma, o foco de incêndio será rapidamente controlado. Um detalhe importante: sempre fique a favor do vento no momento de utilizar o extintor, assim não há perigo das chamas atingirem quem está manuseando o equipamento.