O brasileiro ficará mais inadimplente em 2011, segundo previsões do gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi; e do presidente da Telecheque, José Antônio Praxedes Neto.
De acordo com Rabi, em 2010, a inadimplência deve encerrar o ano com taxa de aproximadamente 5%, percentual que deve ser ultrapassado no próximo ano. Já Praxedes aposta em taxas de 6% em janeiro, chegando a 15% no terceiro mês do ano.
"Por conta do aquecimento das vendas no Natal – em decorrência da população que antes não tinha acesso ao crédito - e do alongamento dos prazos, o primeiro quadrimestre do próximo ano é motivo de atenção", observa Praxedes.
Leia mais:
Prefeitura quer beneficiar contribuintes em dia no IPTU com descontos progressivos
Associação de Voluntários do HU promove bazar beneficente
Shopping de Londrina fará liquidação fora de época com descontos de até 70%
Bazar em Cambé venderá roupas a partir de R$ 2
Juros
O aperto da política monetária, com aumento dos compulsórios e provável alta nos juros, também deve contribuir para que a inadimplência seja maior em 2011.
Além disso, na opinião de Rabi, o próximo ano não contará "com uma evolução tão favorável do mercado de trabalho".
Entre os vilões do orçamento brasileiro estão as dívidas não bancárias (cartões, lojas, prestadores de serviços e financeiras) e as dívidas com bancos, que devem reverter o quadro de queda apresentado em 2010.
2010
No que diz respeito ao ano que está se encerrando, os dois especialistas avaliam 2010 como positivo quanto à inadimplência da pessoa física.
Rabi ressalta, por exemplo, a terceira desaceleração consecutiva nas taxas de inadimplência, que foi de 5,9% em 2009 e deve terminar 2010 em torno de 5%. "Este foi um ano favorável no mercado de trabalho, com as taxas de desemprego em queda durante o ano todo".
O presidente da Telecheque também destaca as taxas menores, de 12,34% ante 12,46% apurada no ano passado, sublinhando, sobretudo, a maior exclusão de emitentes de cheques sem fundos dos cadastros de inclusão e exclusão desta forma de pagamento.
Dívidas não bancárias
Ainda sobre a inadimplência em 2010, as dívidas não bancárias foram as principais responsáveis pela alta de 5% apurada no ano. Segundo cálculos da Serasa, o atraso deste tipo de débito cresceu 35,5% em relação ao ano passado.
Por outro lado, o índice de cheques devolvidos registrou queda no período, de 28,5%, movimento que também foi verificado entre as dívidas com bancos e nos protestos de pessoas físicas em cartórios, que recuaram 1% e 15%, respectivamente.
Dentre os motivos que mais levaram os consumidores à inadimplência, Praxedes destaca o descontrole financeiro (34,2%), mas não deixa de citar os juros abusivos, especialmente nos cartões de crédito e financeiras.
"Quando falamos em descontrole financeiro, não estamos falando em compra por impulso e sim em qualquer tipo de despesa extra inesperada que venha a atingir a população de menor renda, que passou a comprar, mas ainda tem um orçamento muito apertado", explica.
Perfil
Ainda de acordo com o presidente da Telecheque, em 2010, a população que recebe de dois a três salários mínimos foi a que mais apresentou contas em atraso (21,8%), seguida por aqueles com rendimento mensal entre um e dois mínimos (21,3%) e entre três e quatro mínimos (15,5%).
Por gênero, as mulheres foram as que mais se endividaram (54,3%), assim como os consumidores entre 30 e 50 anos, que responderam por 50% das dívidas em atraso.
Os gastos com vestuário (18,5%), serviços diversos (16%) e alimentos (10,1%) foram os maiores vilões do orçamento do consumidor brasileiro em 2010.