A presença de lojas especializadas em vinho indica que a cultura de apreciar a bebida está aumentando. O consumidor exigente consegue encontrar vinhos de boa qualidade até mesmo em supermercados. Hoje o mercado oferece com facilidade, e a preços acessíveis, rótulos de diversas regiões do mundo. Diferente de algumas décadas atrás, em que os apaixonados por vinho tinham que fazer o pedido por meio de importadoras.
José Otaviano de Oliveira Ribeiro, presidente da Confraria de Vinhos de Londrina, lembra desta época. ''Esperávamos o representante que passava uma vez por mês para fazer a encomenda'', lembra o enófilo (apreciador de vinho), que começou a tomar a bebida há 40 anos. Ribeiro observa que os supermercados só vendiam vinhos de garrafão e a primeira loja especializada surgiu em Londrina há cerca de duas décadas. Hoje, há várias.
Para quem quer comprar um bom vinho, adequado para determinado prato ou ocasião, mas não tem muito conhecimento na área, Ribeiro afirma que os estabelecimentos especializados são interessantes. ''Você vai encontrar lá alguém que tenha uma cultura sobre vinho. E essa pessoa tem que ter sensibilidade para indicar a bebida adequada, na faixa de preço que o consumidor pode pagar'', diz.
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Os supermercados, segundo Ribeiro, não chegam a ter ''vinho top'', mas já oferecem alguns rótulos de boa qualidade. A diferença é que o consumidor tem que ter um conhecimento prévio para saber escolher. No mercado em geral, ele diz que é possível achar, em uma mesma faixa de preço, vinhos muito ruins e muito bons. Isso significa que ir só pelo preço não funciona.
Ribeiro cita como exemplo a indústria brasileira de vinho, que oferece alguns produtos de ótima qualidade, mas muito caros (acima de R$ 100), por causa das altas taxas de impostos. ''Por outro lado, há vinhos importados muito bons e mais baratos. Na faixa de R$ 40 a R$ 60 tem muita coisa boa'', observa. Para quem pode e quer gastar mais, ele cita que há rótulos de até R$ 10 mil. ''Mas é um comércio para poucos, geralmente, para quem quer mostrar poder''.
Na lista dos importados mais caros estão os franceses. Já os portugueses e espanhóis oferecem ao mesmo tempo qualidade e preço acessível, segundo o enófilo. Por isso, estão ganhando cada vez mais apreciadores. Nesta linha (preço e qualidade) também entram argentinos e chilenos. ''O grande desafio para nós que gostamos de vinho é achar um que seja bom e não custe tão caro'', ressalta.
A vantagem é que hoje há muitas regiões do mundo produzindo vinhos de qualidade. Ribeiro acha difícil indicar o melhor. ''Eu, particularmente, sou fã do vinho português. Mas acho que há boas opções em diversos países. O melhor caminho é experimentar, pois só com literatura você se torna muito teórico'', pondera. Ele destaca que o Brasil, por exemplo, produz um dos melhores espumantes do mundo.
Pelas suas particularidades, segundo o enófilo, é possível dizer que não existem duas garrafas iguais de vinho. Ele observa que uma mesma vinícola produz vários tipos, dependendo da uva, da época, do método. Além disso, o vinho é uma ''substância viva'' e, mesmo depois de engarrafado, continua evoluindo. ''Cada garrafa é uma experiência. Cada vez que você abre uma, pode ter uma surpresa agradável ou, em alguns casos, desagradável. Esse é o grande encanto'', destaca.
Outros aspectos são a percepção individual (''o vinho espetacular para mim, pode não ser para você'') e a ocasião em que ele é degustado (''se você estiver num dia para cima é bem mais fácil achar um vinho bom'').
E a máxima ''quanto mais velho melhor'', funciona? ''Depende muito do vinho. Os de alta tecnologia, produzidos no 'novo mundo' (Estados Unidos, Austrália, América do Sul) já são prontos para beber, não precisa esperar muito. Já os vinhos europeus são, geralmente, para evoluir na garrafa'', explica Ribeiro. Nestes casos, ele diz que um bom vinho tinto à venda em 2008 deve ter safra de 2006, pelo menos. Já os brancos requerem menos tempo e podem ser consumidos no mesmo ano da produção.