Seu bolso

As delícias geladas de Guaraci

09 dez 2009 às 12:02

Uva, limão, abacaxi com hortelã, chocolate, yogurte com amarena são alguns sabores dos sorvetes produzidos na fábrica da família Pasquini, na pequena Guaraci, 72 km ao norte de Londrina. Há quase 24 anos Edson, a mulher dele Ilza e o irmão Paulo decidiram abrir uma sorveteria já que a cidade não tinha nenhuma. ''A cidade é pequena, mas resolvemos tentar, começamos com a sorveteria e depois passamos a fazer lanches também, virou lanchonete e sorveteria'', conta Edson. O sorvete agradou muito. E algumas pessoas que visitavam a cidade pediam para que a família levasse o produto para outros municípios.

Depois de seis anos de instalação da sorveteria os Pasquini começaram a vender os sorvetes em outras cidades. ''Hoje estamos apenas com a fábrica e temos uma boa aceitação no mercado.'' A Geloni está presente em mais 200 cidades nos estados do Paraná, São Paulo e Mato Grosso, são cerca de 2.500 pontos de venda. A fábrica tem capacidade para produzir 8 mil quilos de sorvete por dia e emprega 60 pessoas. Toda a entrega é feita por frota própria, são 10 caminhões. ''Quando começamos nosso carro era uma bicicleta, hoje evoluímos bastante'', brincam Edson e Ilza.


Eles contam que aprenderam a fazer o sorvete artesanal e foram se aperfeiçoando, fazendo cursos e seguem se qualificando sempre. Edson e Ilza são os responsáveis pela produção. Segundo o casal, o segredo de um bom sorvete está na qualidade da matéria-prima utilizada. ''Precisamos sempre estar atentos aos ingredientes que recebemos porque algumas vezes eles vêm com alguma alteração, mesmo sendo dos fornecedores de sempre. Um bom sorvete não tem segredo basta usar matéria-prima de boa qualidade e seguir as normas de fabricação'', explica Edson. Segundo ele, um bom sorvete deve ter o sabor o mais próximo possível do natural.


A família explica que o retorno financeiro tem sido bom e que estão crescendo. ''O que ganhamos investimos na fábrica, e estamos crescendo conforme a demanda que percebemos no mercado. Fazemos um investimento seguro sabendo que vamos ter retorno'', ressalta Paulo. A empresa possui sede própria e tem 1.500 metros de área construída, com previsão de novas obras em breve. Eles acreditam que o mercado de sorvetes tem muito espaço para crescer. ''O brasileiro ainda consome pouco sorvete se comparado com outros países. Aqui o consumo per capita é de 6 litros, nos Estados Unidos, por exemplo, é de 22 litros. E na época de inverno temos uma queda de 80% nas vendas, precisamos ter um bom planejamento para podermos nos manter.''


Além do inverno outros fatores influenciam no mercado, como por exemplo a chuva. ''É impressionante, pode estar calor, mas se chover as pessoas não compram sorvete'', diz Edson. Diferente de outros países os brasileiros veem no sorvete apenas um refrescante, não um alimento. Edson conta também sobre as diferenças de consumo dependendo da região, por exemplo, em Cuiabá se vende mais sorvete quando a temperatura fica entre 32º e 35º, passou disso as pessoas deixam o sorvete de lado para consumir mais líquido, principalmente o tereré.


O empreendimento tem todo o potencial para continuar crescendo e se manter como familiar, além dos três a esposa de Paulo e uma das filhas de Edson e Ilza também trabalham na fábrica. Mas eles ensinam que o sucesso não cai do céu é preciso trabalho árduo. Edson, por exemplo, chega a ficar 12 horas na produção. ''E olha que melhorou, quando começamos trabalhava até 18 horas sem final de semana ou feriado.'' E da pequena Guaraci vão saindo sorvetes que deliciam consumidores Brasil afora.


Tempo quente para o sorvete


País produz mais de 950 mi de litros; giro de R$ 2 bi por ano


A indústria brasileira de sorvetes, que produz mais de 950 milhões de litros, incluindo sorvete de massa, picolés e o soft, espera um crescimento acima de 3% para este ano. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (ABIS). Segundo Eduardo Weisberg, presidente da ABIS, as previsões para a temporada 2009/2010 são otimistas em relação ao crescimento do mercado: investimentos vêm sendo feitos na expansão das atuais empresas, em desenvolvimento tecnológico e novos estudos nutricionais.


Weisberg explica que o mercado de sorvetes no Brasil, que movimenta cerca de R$ 2 bilhões por ano, tem se mantido aquecido tanto em termos de vendas como de lançamentos. Ao lado dos tradicionais sorvetes, novos sabores e novas texturas têm chegado ao mercado. ‘A ABIS trabalha para que o sorvete ganhe cada vez mais o status de um alimento que pode ser consumido em qualquer momento.’


De acordo com estatísticas da ABIS, entre 2002 e 2008, o consumo total de sorvetes no Brasil cresceu 33,8%, passando de 713 milhões de litros/ano para 954 milhões de litros/ano, enquanto o consumo per capita teve um aumento de 23,27%, passando de 4,04 para 4,98 litros/ano.


Hoje os picolés representam 19% desse mercado, ou seja, aproximadamente 182 milhões de litros, o que significa cerca de 2,5 bilhões de unidades/ano. O sorvete soft também vem crescendo, atualmente são produzidos 84 milhões de litros, o que significa 9% do mercado. Os sorvetes de massa são responsáveis por um volume estimado de 691 milhões de litros, 72%.


Sumie Hashimoto, proprietária da Doce Mania, apostou nos importados para atrair um público que gosta de novidades. Ela trouxe os sorvetes Melona para Londrina há pouco menos de um ano e garante que a aceitação tem sido excelente. ‘O que mais sai é o de melão. Vendemos em média 500 sorvetes por mês, tem mercado para todos, os nacionais e importados. Acredito que a concorrência é boa para divulgar os produtos.’


Sumie conta que experimentou o Melona pela primeira vez quando estava no Japão, depois a marca chegou a São Paulo e virou febre entre os consumidores. Então resolveu trazer o sorvete coreano para Londrina. ‘De imediato tivemos boa saída, principalmente dos sorvetes de fruta. O interessante é observar como o consumidor surpreende achei que o sorvete recheado com azuki (feijão utilizado no recheio do moti) não fosse agradar e o de chá verde fosse vender bem e foi o contrário’, explica. A expectativa dela é que com a divulgação cada vez maior da marca as vendas aumentem.


Érico Sávio, proprietário da Sávio Sorvetes, diz que trabalha com a perspectiva de crescimento de 20% acima dos anos anteriores. ‘Trabalhamos para aumentar a base de distribuição e também as vendas nos pontos já existentes. Temos boa resposta do consumidor, principalmente nos finais de semana mais quentes.’ Ele acredita que o aumento nas vendas deve ficar maior que o projetado pela ABIS em função da melhoria na renda da população brasileira. As promoções e as edições limitadas também são boas estratégias para aumentar as vendas. A Sávio, por exemplo, está colocando em edição limitada, para comemorar os 60 anos da empresa, um sorvete de Doce de Leite que leva em sua composição 50% de doce de leite puro.

O setor de venda de equipamentos também tem sido beneficiado. Geraldo Royer, gerente de vendas da Tecsoft - empresa que produz equipamentos para produção de sorvete soft e milkshake -, diz ter observado um crescimento nas vendas. ‘A empresa tem crescido na faixa de 10% a 12% ao ano.’ Segundo ele, a crise econômica também acabou favorecendo a empresa porque a pessoa que é demitida e precisa de uma fonte de renda rápida acaba investindo em uma máquina de sorvete. ‘Temos sete modelos de máquinas de sorvete e três de milkshake, os mais vendidos custam entre R$ 23 e R$ 24 mil e os de porte maior entre R$ 30 e R$ 35 mil’, explica.


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