Seu bolso

Alta tecnologia das chuteiras conquista boleiros

17 jun 2009 às 14:09

Brasileiro é apaixonado por futebol, e com um detalhe bem interessante: não economiza em artigos esportivos quando o assunto é a pelada de fim de semana. Entre bolas, uniformes e outros assessórios, um dos carros-chefe em vendas das lojas especializadas são as chuteiras de campo e futebol suíço (aquele disputado em dimensões menores e com oito jogadores para cada time).

Com uma diversidade de marcas e tecnologia de ponta, elas calçam os pés de craques como Cristiano Ronaldo, Messi e Kaká, estando disponíveis a qualquer pessoa que queira desembolsar um pouco mais com o esporte.


O estudante de jornalismo Henrique César dos Santos Antonio joga futebol pelo menos duas vezes por semana e é um investidor confesso em chuteiras. Atualmente com três pares, ele conta que, mesmo comprando sempre, já errou algumas vezes na hora de adquirir o produto. ''Comprava apenas pelo visual e esquecia o conforto. Comecei a ter bolhas e machucados que me impediam de praticar o esporte. Minha podóloga aconselhou que eu trocasse de marca e deu certo'', salienta Henrique, que agora não se importa tanto com ''a cara'' do calçado e só gasta com um modelo específico de uma marca norte-americana.


Guilherme Denger, vendedor especializado em futebol da loja Centauro, aponta detalhes do que é importante considerar na compra das chuteiras. ''Solado e amortecimento remetem ao conforto, o material é voltado à durabilidade e ainda existem os diferentes designs, que oferecem uma estética ao calçado'', explica o vendedor.


Em relação ao material, os ''peladeiros'' podem optar pelos sintéticos ou couro natural. ''Os (materiais) sintéticos mais modernos funcionam como uma forma, que se moldam ao pé com o uso. Já o couro de canguru é uma opção mais leve, resistente e macio. Independente da escolha, algumas chegam a pesar menos de 200 gramas'', conta Denger.


Para evitar lesões e jogar com conforto, fique atento à sustentação do calcanhar, amortecimento e solado. Nas chuteiras de suíço, o revestimento em EVA na sola e calcanhar é primordial para a segurança e maciez. Nas de campo, existem as travas longitudinais, que dão tração na corrida, e as redondas, com maior mobilidade na grama. ''Em algumas delas é possível trocar a palmilha, travas e cabedal, assim o jogador possui várias chuteiras em uma. Outros modelos têm amortecimento na palmilha e bolsas de ar no calcanhar'', esclarece o vendedor.


E se o futebol não ajuda, as chuteiras podem dar uma forcinha. As marcas importadas mais tradicionais trabalham com características diferenciadas: parte externa revestida com silicone (para maior aderência com a bola), chumbo granulado na palmilha (que promete aumentar a força do chute) e até sistema de drenagem que elimina o suor, acabando com o mau cheiro. ''As estrangeiras dominam o mercado e investem muito em tecnologia. Os modelos brasileiros são mais simples e, em certos casos, 50% mais baratos. Os preços das chuteiras podem variar de R$ 70 a mais de R$ 800'', finaliza o Denger


Calçado inadequado pode causar lesões graves


Médico do Londrina Esporte Clube por mais de dez anos, o ortopedista Plínio Montemor, especializado em medicina esportiva, sabe bem quais as lesões mais comuns ocasionadas pelo uso da chuteira indevida. ‘Além dos calos e bolhas, que surgem devido ao calçado não se adaptar ao pé do jogador, são comuns lesões de tendão e entorse de joelho e tornozelo’, exemplifica.


Montemor esclarece sobre o perigo que um calçado inadequado pode trazer a uma pessoa que só pratica a modalidade por hobby. ‘O jogador amador não tem, por exemplo, os ligamentos tão fortes como um atleta profissional, pois ele não treina para isso. Em um movimento mais brusco ou inesperado podem ocorrer lesões graves, deixando a pessoa inapta a jogar por meses’, ressalta o especialista.


O ortopedista indica para os jogadores de fim de semana calçados mais leves (com o objetivo de evitar a fadiga muscular) e confortáveis. ‘A chuteira deve se encaixar ao formato do pé do jogador. Outro ponto importante é que ela não tenha fixação exagerada no gramado, para impedir lesões de ligamento, principalmente nos joelhos’, completa o médico.


Dos primórdios do futebol aos tempos modernos


1930 - No ano da disputa da primeira Copa do Mundo, as chuteiras funcionam mais como uma proteção aos pés. Possuem cano alto e pesam até 500 gramas;


1958 - As travas removíveis já estão inseridas no mercado. O nylon é uma das novidades entre os modelos da década de 50;


1970 - O Brasil conquista o tricampeonato mundial e Pelé se torna garoto propaganda de uma marca alemã de chuteiras. O calçado ganha reforço nas costuras;


1982 - Na Copa da Espanha, as chuteiras começam a ganhar design e cores parecidas com as de hoje;


1998 - O aumento da tecnologia diminuiu cada vez mais o peso das chuteiras, que chegam a 200 gramas. As travas mais modernas (longitudinais) conseguem dar maior aderência com o gramado;


2002 - As cores cintilantes e o visual futurista permitem que o torcedor identifique os grandes craques no gramado olhando apenas para o calçado;

2008 - Com materiais sintéticos extremamente leves, poucas costuras e modelos que podem ser customizados, as chuteiras do século XXI lembram as sapatilhas dos grandes velocistas.


Continue lendo