A crescente conscientização sobre a importância da alimentação saudável, associada à falta de tempo de boa parte da população das grandes metrópoles, está impulsionando negócios na cadeia de franquias ligadas à alimentação saudável – entre eles, os que ofertam sanduíches, mate, sucos e iogurtes.
Embora não tenha um levantamento específico sobre o segmento, a ABF (Associação Brasileira de Franchising) vê grande crescimento de redes preocupadas em oferecer alimentação rápida, saudável e, se possível, nutritiva.
Conciliar a alimentação rápida, na rua, próximo ao trabalho, com o conceito de saudabilidade é algo relativamente recente no Brasil. Uma das causas é o crescente índice de problemas de saúde decorrentes de má alimentação. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há cerca de 17 milhões de obesos no Brasil. A professora da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Livia Barbosa, explica que, apesar de existir algum preconceito sobre o mercado de produtos e alimentos saudáveis - alimentos considerados sem sabor por muitos -, o segmento deve continuar crescendo. "Existe uma pressão crescente, tanto do ponto de vista dos novos valores quanto de políticas públicas, para minimizar problemas de saúde causados por má alimentação", avalia.
Leia mais:
Prefeitura quer beneficiar contribuintes em dia no IPTU com descontos progressivos
Associação de Voluntários do HU promove bazar beneficente
Shopping de Londrina fará liquidação fora de época com descontos de até 70%
Bazar em Cambé venderá roupas a partir de R$ 2
O diretor da empresa ECD Food Service, Enzo Donna, lembra uma pesquisa do Instituto Ipsos OTX, de 2009, que aponta 34% dos entrevistados no mundo levando em conta a saudabilidade como razão para escolher o que comer. Outros 34% responderam que simplesmente comem o que gostam, sem a preocupação saudável. O número não parece muito alto, mas, levando em conta que em 2007 o número de pessoas que optavam por alimentos saudáveis era de apenas 16%, se configura uma nova tendência. "O discurso sobre alimentação saudável atender a expectativa do público é crescente, mas essa ideia precisa vir agregada de prazer, então, o maior desafio dessas redes é apresentar um produto gostoso que não seja prejudicial à saúde", diz o analista.
Donna dimensiona o crescimento do mercado de saudabilidade em até 18% por ano e lembra que até as redes mais tradicionais de fast food entraram ou estão entrando de alguma forma na onda da saudabilidade. "Redes como o McDonald's e o Bob's implantaram gradualmente opções de salada, frutas e sucos em seus cardápios. Podem até ser itens usualmente pouco escolhidos pelos clientes dessas marcas, mas desempenham um papel importante na formação da imagem de uma empresa consciente e preocupada com a saúde", explica.
Entusiasmo
As redes não perdem tempo e avançam rapidamente para atender ao mercado. No setor de frozen yogurt, por exemplo, a ABF já contabiliza 14 empresas de franquia e mais de 250 lojas espalhadas pelo país. O entusiasmo do setor de alimentação saudável cresce ainda mais, com a perspectiva de um anúncio do Ministério da Saúde nos próximos meses, que prevê a redução das taxas de sódio, açúcar e calorias dos alimentos no Brasil. Apesar da ideia, o programa será desenvolvido por meio de incentivos e não de exigências, para não entrar em nenhum confronto com a indústria alimentícia.
O diretor de franquias do Rei do Mate, especializada na oferta de mate e variáveis envolvendo o produto, João Baptista, analisa que nos últimos anos a crescente preocupação com alimentação saudável é notada e está gerando um consumidor mais consciente e crítico. "Isso obviamente só nos fortalece, porque cria uma conscientização coletiva sobre o assunto e gera ainda mais oportunidades em todo o mercado". O Rei do Mate já é a 7ª maior rede de alimentação brasileira, e se a análise usar como critério somente as cafeterias, é a 2ª, e já conta com mais de 270 lojas espalhadas por 17 estados do País.
Segundo o executivo, a média de avanço no número de unidades da rede é de 25 por ano, e há ainda muito espaço para a alimentação saudável crescer. Mesmo assim, o crescimento do mercado, por si só, segundo o executivo, não foi suficiente. "Nos últimos anos reposicionamos nossa marca, mudamos nosso layout, rejuvenescemos a nossa marca e melhoramos nossa comunicação de massa. Esse público que busca alimentação saudável é mais participativo e é necessário envolvê-lo nesse processo de desenvolvimento de produtos e marcas", afirma.
Oportunidades
O setor de alimentação saudável oferece dúzias de possíveis negócios – são sucos, mates, chás, sanduíches, wraps, iogurtes, entre outros itens com marcas espalhadas pelo país à disposição de interessados. Mas é necessário prestar atenção a alguns detalhes na hora de apostar em um empreendimento como a franquia de alimentação saudável. Enzo Donna orienta os executivos a pensarem muito antes de agir. "Pense em cada detalhe, avalie o cotidiano do segmento, pesquise o mercado, confira se a linha de produtos não está saturada ou próxima de saturar e avalie a recepção do público. Vale muito mais a pena gastar mais tempo e dinheiro planejando do que registrar prejuízo depois", pondera.
Quem está de olho em franquias do segmento também não deve se descuidar do planejamento financeiro para o início do negócio e avaliar se ele conta com alguma sazonalidade – caso dos frozen iogurtes, que tem menos vendas no inverno. Segundo o site da Associação Brasileira de Franchising, os custos variam muito, de acordo com a marca e o negócio a ser operado, mas costumam ficar entre R$ 70 mil e R$ 1 milhão.
Veja alguns custos (envolvendo taxa de franquia, capital para instalação e capital de giro) estimados pela associação para abrir franquias:
* Rei do Mate - R$ 150.000 a R$ 299.500
* Megamatte - R$ 128.000 a R$ 250.000
* Subway – R$ 270.000 a R$ 440.000
* Tutti Frutti Frozen Yogurt – R$ 500.000 a 600.000
* Yoggi – R$ 325.000 a R$ 385.000
* Wraps – R$ 410.000 a R$ 450.000
* Salad Creations – R$ 215.000 a R$ 425.000
*** Fonte: InfoMoney