A fruta nativa da região amazônica que ganhou fama como fonte natural de energia já atravessa fronteiras. Pesquisas apontam que nos últimos dois anos houve um aumento superior a 50% nos lançamentos de produtos com base de açaí no mercado norte-americano. No Brasil, o comércio da fruta se expande com as franquias e lanchonetes que oferecem como carro-chefe o açaí na tigela, quase sempre acompanhado de frutas e cereais.
O que muitos consumidores desconhecem é que, mais do que refrescante e saboroso, o açaí pode funcionar como um alimento poderoso no combate a doenças do coração (leia nesta página). A Tribo do Guaraná foi um dos primeiros estabelecimentos a oferecer açaí em Londrina. Há cinco anos, o comerciante Everson Cesar Vanzo apostou na fruta que conheceu em Minas Gerais como carro-chefe do seu negócio. No início, precisava informar os norte-paranaenses sobre a forma de consumir o produto e seus benefícios. Hoje, o cenário é outro. ''O açaí já está bem difundido. Começou com o pessoal das academias e hoje muita gente que se preocupa em levar uma vida saudável consome a fruta'', diz.
Vanzo recebe de uma empresa do Pará a polpa congelada (pura) e processa com açúcar e xarope de guaraná até virar um creme. É este creme que incrementa as várias opções de tigelas oferecidas pela casa, que podem levar frutas picadas, granola, calda, sorvete. Os preços vão de R$ 5,50 a R$ 13,90. A mais cara inclui um quilo de açaí e geralmente é compartilhada por duas pessoas. No cardápio dos sucos, o cliente pode pedir a mistura do açaí com outras frutas. A banana é a mais comum.
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O ideal, segundo Vanzo, é que o açaí seja processado com o mínimo de ingredientes. ''Não tem segredo. É só açúcar e xarope de guaraná para ficar saboroso. O problema é que o pessoal inventa muito por aí. Já vi misturarem groselha, iogurte, leite'', observa. O comerciante ensina que o açaí de boa qualidade tem que ser ''bem roxinho''. ''A gente sofre na entressafra porque cai um pouco a qualidade do produto, que chega meio marrom'', diz Vanzo, que no verão vende até 350 quilos de açaí por mês.
Para incentivar o consumo no inverno, a Toca do Açaí, aberta há dez meses em Londrina, introduziu no cardápio o fondue de açaí, que vai para a mesa acompanhado de cinco a seis tipos de fruta em pedaços. ''Na verdade, é o mesmo creme gelado que vai nas tigelas. A diferença é que é servido no aparelho de fondue. É só para fazer uma alusão ao inverno mesmo'', afirma o sócio-proprietário Alessandro Simões.
Ele veio de São Paulo para abrir em Londrina uma unidade da franquia que tem 40 lojas no país. O comerciante acha que o Norte do Paraná ainda está desenvolvendo a cultura do consumo do açaí. ''Em São Paulo, em cada esquina tem um local que vende a fruta. E mesmo no interior, toda cidade tem açaí'', observa.
Simões afirma que a franquia manda a fruta já processada (apenas com xarope de guaraná) com consistência de sorvete. Para servir, o produto é batido até virar creme. Há 25 opções de tigelas, com as misturas mais inusitadas. A novidade é o sabor prestígio (açaí batido com morango, creme de chocolate e coco ralado). O pedido mais comum, porém, é açaí com banana picada e granola. Quem não conhece a fruta típica do Norte pode pedir uma ''amostra grátis''.
Valor nutricional
(Por 100 gramas de polpa)
Calorias: 247kcal
Proteínas: 3,8g
Lipídios: 12,2g
Fibra: 16,90g
Cálcio: 118 mg
Ferro: 11 mg
Fósforo: 0,5 mg
Vitamina B1: 11,80 mg
Vitamina B2: 0,36 mg
Vitamina C: 0,01 mg
Fruta é aliada do coração, diz pesquisa
O açaí pode ser um aliado do coração. Pesquisa feita pela Universidade Federal do Pará (UFPA) mostra que consumidores da fruta têm o HDL (bom colesterol) elevado e o LDL (mau colesterol) em níveis normais. O estudo, feito na cidade de Igarapé-Miri, avaliou 800 pessoas que tomam açaí e 200 que não tomam.
Segundo o cardiologista Eduardo Augusto Costa, pesquisador da UFPA e responsável pelo estudo, os dados mostram que o grupo investigado que consome açaí possui menos riscos de sofrer com doenças ateroscleróticas do que a amostra da população que não utiliza o alimento. A investigação acontece por meio de exame de sangue, medição da pressão, verificação de peso e altura, histórico clínico, eletrocardiograma, entre outros.
A pesquisa leva em conta a informação levantada por um outro pesquisador da UFPA, Hervé Rogez, que revela que o açaí possui, em maior quantidade, o mesmo corante presente nas uvas, a antocianina - substância antioxidante que impede a oxidação do colesterol na parede das artérias e, consequentemente, a não formação da placa responsável pelo entupimento dos vasos.
''Um litro de açaí contém 33 vezes mais antocianina que um litro de vinho tinto'', compara Costa. Ele informa que a amostra da população pesquisada no Pará consome uma média diária de meio litro de açaí puro (sem açúcar), junto com a comida. ''Essas pessoas, teoricamente, são protegidas (pela antocianina)'', repara.
O problema, segundo o cardiologista, é que o açaí tem 30% de gordura. Para o público em geral, portanto, não é indicado consumí-lo junto com a refeição. ''Seria como almoçar duas vezes, já que um prato de açaí (puro) equivale a um prato de arroz, feijão com farinha e carne''.
Questionado sobre a quantidade ideal a ser consumida para se aproveitar os benefícios da fruta, o cardiologista recomenda: ''Tomar açaí no lugar da refeição durante três vezes por semana é o suficiente para fazer com que o HDL (bom colesterol) suba''.
Da forma como é comercializado no Sul (misturado com xarope de guaraná e granola), o açaí funciona como energético imediato. O mesmo não acontece com o produto puro (sem açúcar). ''Gera energia, é claro, porque tem gordura. Mas não é imediato'', pondera.
No cardápio mais de uma vez por semana
A estudante universitária Etienne Duim consome açaí duas a três vezes por semana. Ela é adepta das tigelas e taças que misturam frutas, chantilly, chocolate. E não tem medo das calorias porque pratica dança e corrida. ''É certo que tem calorias, mas é benéfico ao organismo. Para mim, é um ótimo energético, me deixa sempre animada'', afirma. ''Gosto também de vitamina com açaí. É quase uma refeição no copo''.
A fruta típica do Norte não pode faltar no cardápio do empresário Wesley Novelli. Ele toma açaí três a quatro vezes por semana. Prefere a fruta batida com banana ou misturada com granola. ''Além de repor energia, é um ótimo regulador de intestino'', diz ele, que frequenta academia e pratica ciclismo e corrida. Novelli acrescenta que a sua família também é consumidora do produto.