Seu bolso

A magia do mercado de antiquários

31 dez 1969 às 21:33

Colecionar antiguidades é um hobbie mas, devido ao custo de boa parte das peças fica restrito a um grupo seleto de pessoas. Mas conhecer sobre o assunto pode ser uma forma de descobrir um tesouro. A atividade é ligada aos garimpeiros de peças raras que viajam pelo Brasil atrás de 'novidades', que depois de reformadas vão parar em sofisticados leilões. Quando encontrados, possuem no máximo um valor sentimental, mas na mão de colecionadores podem valer uma fortuna.

Eduardo Pinto desde os 14 anos é aficionado por antiguidades. Colecionador e proprietário da casa 'O Porão', associa sua paixão por 'velharias' como uma viagem ao passado. Desde os tempos que frequentava velhos casarões e museus com sua mãe, no Rio de Janeiro, nutre sua paixão pelo passado. ''É um vício gostoso, porque você aprende muito sobre história'', define.


Como consequência abriu há 2 anos um antiquário no shopping Guanabara, na zona sul de Londrina. ''Eu comprava muitas peças nas cidades do interior e reformava no meu ateliê. Quando eu vi que havia acumulado muitos exemplares decidi montar a loja'', conta. Os itens mais vendidos são peças pequenas como radiolas, gramofones, lampiões, louças, talheres e relógios.


A onda por objetos retrô, que remetem ao passado, é o que impulsiona seu negócio. A relíquia mais procurada é a radiola para tocar discos de vinil. Hoje, a moda de colecionar os velhos bolachões voltou e a procura por um aparelho para ouvir as músicas preferidas também. Ele conta que tem três reservas e é muito difícil encontrar um modelo que agrade o cliente. ''Certa vez um homem entrou aqui e levou uma radiola que lembrava o tempo que era criança e frequentava a casa do seu avô. É isso que me deixa satisfeito'', contempla.


Antes de abrir a loja, Pinto viajou por cidades do Norte do Paraná em busca de novidades. A idéia era atender um público que quizesse ambientar sua casa misturando o estilo contemporâneo com objetos do passado. Por exemplo, associar na sala de estar uma cristaleira do século XIX com uma mesa contemporânea é uma tendência. ''É bom para quebrar a monotonia de um ambiente muito moderno. Eu não imaginava que iria fazer tanto sucesso'', destaca.


Ele relata que certo dia entrou um cliente com uns 50 anos de idade na loja. Depois de olhar alguns objetos, ele encontrou um telefone que na época da sua infância era uma peça moderna. ''Agora eu estou começando a ter real noção da minha idade'', comentou com o proprietário do Porão.


O antiquário guarda peças históricas como pratos utilizados em banquetes de Napoleão Bonaparte, uma estátua de bronze de Luis Beti (França) do século XIX, um quadro de Hugo Mabe e uma raridade londrinense - a penteadeira que pertenceu ao patriarca da família Batistella Policastro.


As peças custam entre R$ 15 e R$ 7.800, mas o valor sentimental que o proprietário tem pelas peças não tem preço e isso dificulta a garimpagem. ''Às vezes ele nem usa mais o móvel, mas como pertenceu a um parente prefere deixar empoeirando do que vender'', lamenta o empresário.

Londrina ainda não tem um mercado forte de antiguidades. Entretanto, ele acredita que tem futuro porque já foi procurado por colecionadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e até Palmas, no Tocantins.


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