Seu bolso

A hora do conto infanto-juvenil

17 set 2009 às 11:53

A leitura serve de estímulo à imaginação, pode proporcionar momentos de diversão e prazer, além de ser uma das ferramentas mais importantes para o estudo e o trabalho. O hábito de ler deve começar desde muito cedo, dizem os especialistas. A indústria brasileira do setor, por sua vez, parece que percebeu o nicho infanto-juvenil e tem feito sua parte. Segundo pesquisa da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Sindicato Nacional dos Editores de Livro (Snel), em 2008 o número de títulos voltados ao público infantil cresceu 14,02% na comparação com 2007 e 41,88% de novas obras de literatura juvenil.

Segundo Rosely Boschini, presidente da CBL, esses percentuais - num universo de 13,39% novos títulos colocados no mercado - revela uma clara disposição em atingir mais crianças e jovens. Além de apostar em mais títulos, as editoras também colocaram mais exemplares no mercado: foram 4,95% a mais de livros infantis e 9,26% a mais de livros juvenis do que em 2007. Na média geral, conforme informações da entidade, a produção de novos exemplares foi 3,17% menor em 2008 do que no ano anterior.


E o resultado de um maior número de publicações está na comercialização dessas obras. Em Londrina, na Porto Megastore, que faz parte do grupo Livrarias Curitiba, este ano o aumento nas vendas de livros infanto-juvenis foi de 25% em relação ao ano anterior. Na rede toda, com 16 lojas, o aumento médio foi de 18%. Por semana, o grupo vende cerca de 8 mil exemplares para esse público.


''O maior crescimento em vendas de livros infanto-juvenis do grupo Livrarias Curitiba foi em Londrina. Resultado de muita divulgação e adequação do espaço na loja para esses livros'', conta Leandro Cavichiolo, gerente da Porto. Conforme ele, cerca de três mil títulos a mais também foram colocados à disposição dos clientes. ''Hoje os pais têm uma preocupação em oferecer mais cultura e conhecimento aos filhos'', acrescenta Cavichiolo. O gerente da livraria ainda observa que até o comportamento dos clientes tem mudado: pais e filhos ficam horas no estabelecimento e escolhem juntos um livro.


Entre os títulos mais vendidos da Porto estão os da série das Fadas, que variam de R$ 19,90 a R$ 24,80, O Diário da Princesa, de R$ 32, e Harry Potter. Segundo Cavichiolo, uma das obras mais procuradas até hoje é O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry. ''A gente vende muitos exemplares. Tem adulto que também compra porque nunca leu e tem curiosidade'', diz o gerente, contando que em julho foram vendidas 48 unidades do livro. Na Porto, podem ser encontrados livros para o público infanto-juvenil com valores que variam de R$ 8 a R$ 80.


Na opinião de Denise Gentil, proprietária da loja Ciranda - Música, Literatura e Brinquedo, apesar do crescimento do número de obras para o público infanto-juvenil, ainda há muita carência tanto no setor de brinquedos quanto de literatura. Ela aponta também a necessidade de pais e escolas - geralmente quem propõem os livros - tentarem perceber mais a realidade dessas crianças e jovens.


''Às vezes, a escola propõe uma leitura que está fora da realidade do aluno. Não se pode esquecer dos clássicos, mas existem alguns livros mais atuais que precisam ser abordados'', frisa. E destaca que um dos títulos mais vendidos na atualidade pode contribuir para o desenvolvimento das crianças e adolescentes. ''Harry Potter fez os adolescentes voltarem a ler e é uma história interessante que mistura magia e fantasia e expõe os sentimentos das crianças nessa fase de transição'', revela Denise.


Proprietária de uma loja que trabalha com brinquedos e livros educativos, em Londrina, Denise observa que para comprar um boa obra os pais e educadores precisam estar sempre muito bem informados sobre o que existe no mercado editorial e visitar livrarias frequentemente. Segundo ela, existem muitas editoras menores que publicam excelentes títulos. E cita a série Mistérios no Museu Imperial, de Ana Cristina Massa, Minhas Contas, de Luiz Antônio e Daniel Kondo, e ainda sugere os brinque-books, livros em quadrinhos e as adptações de clássicos da literatura. No estabelecimento, o preço dos livros varia de R$ 25 a R$ 40.


Obra literária como investimento


A médica Joelma Teixeira Borian é mãe de Isadora, 11 anos de idade, e conta que sempre estimulou o hábito de leitura da filha. Quando ainda era bebê, a menina ganhava livros de banho, feitos de plástico, e outros que continham muitas figuras e eram ideais para que a mãe pudesse ensinar sobre cores e animais, por exemplo. Conforme Isa crescia, passou a ganhar livros educativos, livro-brinquedo e, hoje, na fase juvenil, muitas vezes já escolhe as obras.


''Sempre procurei incentivá-la a ler desde pequena para que adquirisse o hábito'', diz Joelma, destacando que os pais são os primeiros responsáveis para estimular o gosto da leitura nas crianças. Ela lembra que quando a filha era menor, contava histórias para ela todas as noites antes de dormir. ''Virou hábito, e hoje eu a coloco para dormir e ela mesma quer ler'', conta a médica.


Na família, segundo a mãe, todo mundo tem hábito de ler livros, revistas, jornais, então, naturalmente a filha se sente estimulada a fazer o mesmo. ''E a gente sempre procurou incentivar a leitura em todos os momentos, sem horário ou local específico. Lia para Isa até quando ela tinha que fazer inalação no hospital'', rememora. Na opinião de Joelma, a leitura é fundamental para o desenvolvimento da criança. ''Ela vive o faz de conta, compreende que existem outros mundos, outras visões'', destaca.


Além de comprar livros novos, Joelma também estimula a filha a visitar sebos e bibliotecas, e sempre leva a menina ao Festival Literário que acontece anualmente, em Londrina, para conhecer pessoalmente os autores. Isa lê até três livros em um mês. A mãe compra em média um exemplar por mês. ''Não é um gasto, é um investimento. Os livros acabam sendo passados para os primos e amigos. A gente também faz uma reciclagem e às vezes doa'', revela Joelma.


Isadora, que sonha em ser atriz quando crescer, lembra que o primeiro ''grande'' livro que leu foi Renascer de Narizinho, de Monteiro Lobato, aos 7 anos e com a ajuda da mãe. ''Eu lia em voz alta e quando tinha alguma dificuldade com as palavras ela me ajudava'', lembra. No momento, a menina está lendo Crepúsculo, de Stephenie Meyer, obra que no momento está entre as preferidas dos adolescentes.

A menina conta que apesar de estar saindo da fase dos livros com figuras e começando os que só têm texto, sente muito prazer na leitura. ''Toda vez que leio me imagino naquele mundo, vivendo a vida das personagens'', revela, já demonstrando seu talento como artista. Isadora conta ainda que tenta incentivar a leitura no ciclo de amigos, mas nem todos gostam muito. Leitora assídua, chega a ler um livro inteirinho na livraria. ''Sento e fico lendo'', brinca.


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