Um levantamento do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e
Social (Ipardes) mostra que, em 93 municípios do Paraná, o salário
médio das mulheres é mais alto que o dos homens, o que corresponde a 23%
das cidades paranaenses. Com dados da Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS) do ano de 2021, o Ipardes aponta que esse percentual
supera os números observados em Santa Catarina, com 13% dos municípios
nessa condição, e o Rio Grande do Sul, que registra 19%.
Em
Tunas do Paraná, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), a
remuneração média das mulheres com emprego formal chega a superar em 66%
o salário médio dos homens, atingindo R$ 3.256,50 por mês. As mulheres
da cidade chegam a ganhar quase um salário mínimo a mais que os homens,
já que o salário médio deles é de R$ 1.957,89.
Com uma
população de 6.219 habitantes, segundo o Censo 2022, e com 1.309 pessoas
empregadas com carteira assinada, de acordo com a RAIS, Tunas do Paraná
é a quinta cidade paranaense com a melhor remuneração média para as
mulheres. Ela fica atrás apenas dos salários médios femininos de
Curitiba (R$ 3.874,94), Saudade do Iguaçu (R$ 3.659,17), Porto Barreiro
(R$ 3.316,02) e Centenário do Sul (R$ 3.269,26).
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Segundo o
diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado, a remuneração mais elevada
das mulheres observada em muitos municípios do Paraná reflete, entre
outros fatores, a alta participação no mercado laboral de trabalhadoras
de atividades específicas, como a educação. “A área de ensino exige
profissionais de alta qualificação e escolaridade, que, por isso,
recebem salários mais elevados que a média”, afirma
De fato,
de acordo com os dados da RAIS, as profissionais de ensino somam 157,6
mil no Paraná, representando 10,7% do total de 1,5 milhão de empregos
formais femininos do Estado. Já no emprego masculino, a participação dos
profissionais de ensino não ultrapassa 2,7%.
Atuando há 37
anos na área da educação em Tunas do Paraná, a professora Irineia do
Rocio Santos Frazão confirma essa afirmação. Ela conta que a economia do
município é baseada na extração de madeira e calcário, atividades
predominantemente masculinas, e por isso as mulheres acabaram
trabalhando em áreas do serviço público, como na saúde e educação.
“Até
os anos 1990, Tunas pertencia a Bocaiúva do Sul, mas quando houve o
desmembramento muitas escolas, creches e até um hospital foram
instalados na cidade. As mulheres acabaram indo trabalhar nesses locais,
que exigem mais formação e onde o salário e as condições de trabalho
são melhores”, diz.
Ela já foi secretária municipal da Educação e destaca que a grande maioria dos profissionais da área é mulher. “Quando fui secretária, eram quase seis vezes mais mulheres que homens atuando na educação. E mesmo no colégio onde dou aula hoje, são uns quatro cinco homens e mais de 30 mulheres”, conta. “Como professora, vejo que as alunas acabam se dedicando por mais tempo aos estudos. Temos um ônibus que leva nossos estudantes para fazer faculdade em Curitiba, e geralmente as mulheres são maioria”.
Menor diferença
Apesar
de ainda haver uma diferença na renda entre homens e mulheres, o Paraná
tem também a maior paridade salarial na região Sul. Em 2021, as
trabalhadoras paranaenses receberam, em média, 87,8% da renda média dos
homens, superando os índices do Rio Grande do Sul (85%) e Santa Catarina
(83,7%). Os dados também foram extraídos pelo Ipardes da RAIS e mostram
que a média salarial feminina no Paraná é de R$ 2.915, contra R$ 2.799
de Santa Catarina e R$ 2.991 do Rio Grande do Sul.
A remuneração varia conforme o grau de escolaridade. As mulheres com ensino superior complete recebem, em média, R$ 5.055, enquanto o salário médio das com superior incompleto é de R$ 2.445. Para as trabalhadoras com ensino médio completo, a média salarial é de R$ 1.999, e com fundamental completo, de R$ 1.598.
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