A queda sustentada da taxa de juros e a redução da volatilidade em variáveis econômicas como inflação e câmbio devem possibilitar uma recuperação natural no nível de atividade até o final do ano, segundo o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marco Lisboa.
"Quanto mais rápido se garante a estabilidade, mais rápida é a retomada do crescimento da atividade econômica", disse ele.
O Boletim de Conjuntura Econômica do ministério, elaborado por Lisboa, destaca que o crescimento econômico, porém, deve ocorrer somente a partir do quarto trimestre. Mesmo assim, ele projeta uma expansão entre 1,5% e 2% para a economia brasileira neste ano.
Segundo Lisboa, o começo do processo de ajuste de preços foi mais lento do que se esperava e agora está havendo uma correção. Um exemplo disso é a deflação de 0,15% registrada pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE em junho.
"O impacto da política monetária é sempre defasado", disse ele, que evitou comentar sobre trajetória do juro da economia.
No boletim, Lisboa destaca, entretanto, que a tendência de queda do juro, iniciada em junho último, quando a taxa caiu de 26,5% para 26% ao ano, não é garantia suficiente para a rápida retomada dos investimentos na indústria.
O secretário disse que o nível de investimentos privados no Brasil é muito baixo, tendo ficado abaixo de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) nas últimas duas décadas. Lisboa disse que há possibilidade de o total de investimentos atingir 24% do PIB ainda no governo Lula.
De acordo com ele, a volta do crescimento industrial de forma sustentada está vinculada à reforma tributária e ao aprimoramento do marco regalório de diversos setores chaves como de energia e comunicação.
Questionado sobre a possibilidade de atraso nas reformas ter um impacto na indústria, Lisboa disse que o andamento das reformas não preocupa. "As reformas estão indo muito bem. Estão em fase de negociação, de ajuste fino".
Ele afirmou ainda que o governo está fazendo um esforço importante para coordenar uma política de desenvolvimento. "O Brasil tem um histórico de diversas ações na área industrial, mas há ausência de um política", afirmou.